Mansão das Almas Moribundas

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Eu estava no topo de um pequeno aglomerado de corpos mortos, aproximadamente 30 corpos apodrecendo, corpos de pessoas de todos os sexos, alturas, cores, idades, um verdadeiro circo de horror. Ao redor de onde estavam os corpos, espelhos, nas paredes e no teto, e o chão era branco, sujo de sangue, estavam trancafiados em uma sala com uma porta de ferro. E Lena estava ao lado das pessoas mortas.
Saí de cima de todas aquelas pessoas e desci cautelosamente até chegar a Lena, e a acordei, segurei sua mão, e ela levantou assustada e tampando o nariz, um cheiro de morte estava impregnado nos espelhos.
Vimos alguma coisa brilhando embaixo de um dos cadáveres, usei uma tábua apoiada em meu pé. Havia uma chave, grande embaixo dele, que usamos para abrir a grande porta de ferro, mas a chave parecia que não era para aquela fechadura. A princípio, pensei que havia um fundo falso atrás dos espelhos, logo depois de quebrar todos os espelhos e sem êxito achar alguma fechadura, tiramos as pessoas umas de cima das outras, e achamos uma pequena porta no chão, nela, uma caixa de ossos, e a quebramos, e achamos uma chave pequena e delicada, e a usamos para abrir a porta, e quando a abrimos vimos corredores marrons, com lâmpadas penduradas por fios elétricos.
Andamos por meio da névoa que não tinha ideia de como havia penetrado no meio das paredes. Um cheiro podre subiu, vimos ratos no chão, e estavam cobertos de sangue, não sabíamos de onde estavam vindo.
Entramos na primeira porta de encontramos, era uma sala com paredes pretas e chão vermelho, e uma cadeira elétrica no meio com um cadáver com ou pulsos cortados e uma serpente andando por cima do homem, ficamos apavorados e voltamos para o corredor, mas ele estava diferente, marrom, com terra no chão e ladrilhos na parede, e assim que olhamos mais a frente, vimos uma porta preta com um coração partido em três pedaços, a porta estava entreaberta, deixando que um pouco de luz passar para o corredor, e delicadamente Lena abriu a porta. Assim que passamos pela porta, pudemos ver a o que parecia ser a lateral de uma escada, e a sua frente uma porta de madeira branca com vidro, um imenso lustre de diamantes pendurado na parte central do salão, e duas portas, uma em cada lateral da sala. No topo da escada, vimos uma sombra, mas não fazíamos ideia do que era, e assim que olhamos, a misteriosa sobra sumiu, ficamos apavorados, e então a campainha da mansão tocou e a porta se abriu sozinha, e uma vitrola antiga começou a tocar, algumas luzes se acenderam, e ouvi o ranger de uma porta que parecia ser grande e pesada se abrir, e ouvi mais uma vez a campainha da estranha e doentia casa.

- Vamos sair daqui. Estou com um péssimo pressentimento, acho que isso não é o que parece. - Disse Lena segurando minha mão.

Tentamos abrir a porta principal, mas ela estava trancada e não fazíamos ideia de como abri-la, mas vimos a silhueta de algum de pé em frente a porta, então nos afastamos da porta, tentando fazer o máximo silêncio possível, e então subimos a escada que estava atrás de nós. E quando chegamos ao topo da escada, o corrimão, que nos impedia de cair, começou a enferrujar rapidamente. Haviam dias portas, uma paralela a outra, e entramos correndo pela mais próxima, e uma criatura fantasmagórica veio em nossa direção, gritando, e passamos e fechamos a porta antes que ele chegasse a nós, e repentinamente, não ouvimos mais o grito.
Nos afastamos da porta, e batemos de costas um um grande piano de calda, e atrás do piano, uma mesa de jantar, e uma lareira, era um quarto mal iluminado com um péssimo isolamento acústico. Ouvi um estranho ranger de dentes, e lá estávamos nós, parados e amedrontados próximos ao pianos. Lena se acolheu em meus braços, e então avistamos um armário de prateleiras, abarrotado de livros, e fomos para mais perto e vimos um espelho de mão a frente de um dos livros, que estava sem nome, sem capa, e sem palavras, aliás, todos estavam, e assim que segurei o espelho, e o levantei, pude ver um rosto, pálido, com algumas cicatrizes, olhando para meu reflexo no espelho, ele estava com um sorriso doentio, com os olhos fixos em meu reflexo, e deixei o espelho cair no chão, e olhei para trás, e o pertencente do sinistro rosto havia sumido, e quando me abaixei para pegar o espelho que eu havia deixado cair, e levantei e o coloquei aonde estava, e ouvi o barulho das teclas do piano sendo tocadas, e assim que olhei, assustado, alguns objetos do quarto estavam vermelhos, e meus pelos começaram a se arrepiar, e Lena cravou suas imensas unhas em mim, e ficou com a mão rígida, enquanto uma onda de calor subia dos meus pés até minha cabeça, fui ficando cada vez mais arrepiado, não sabia o que me esperava, eu estava desorientado, e tudo foi ficando com um tom metalizado, e o chão e as paredes ficaram com um aspecto espelhado diante da baixa luminosidade que aquela sala apresentava, e então eu decidi sair dali, por uma pequena entrada que estava atrás do armário, o puxei, e havia uma porta que estava trancada, e tentei usar a chave que eu havia em cima do banco do piano, que era a única coisa que eu ainda conseguia distinguir com facilidade, e a abri depois de pouco esforço. Uma vitrola pequena estava tocando, não pude entender sequer uma nota que estava sendo tocada, o som tinha uma qualidade muito baixa, e eu fiquei arrepiado. Havia sangue pelas paredes, e o chão estava incrivelmente limpo, o quarto era escuro e úmido, e todos os móveis tenham uma aparência rústica e mal tratada, alguns estava com cupim, outros estavam quebrados, e Lena foi desligar aquela música.

- Que música merda, quem colocou essa p**** pra tocar? - Disse ela com o vinil na mão.
- Ah, a música é bonita, convenhamos!
- Bonita? Você conseguiu ouvir uma nota? Haha - Riu ela.

Olhamos ao redor, e fomos para o meio do quarto, para cima de um tapete, preto e marrom com bordas amarelas, que parecia ser muito macio, mas eu não estava nem um pouco afim de saber se é ou não.
Uma pessoa com um tabuleiro na mão, e uma faca apareceu, adentrando o quarto e vindo em nossa direção, fazendo com que Lena e eu ficassemos arrepiados.

- Visitas novas? Quem são? - disse aquele homem pálido, com cabelos brancos e uma voz galanteadora. - A tempos não recebia visitas, agora, todas estão lá em baixo, acho que não vão querer ver.
- Quem é você? O que fez com todas aquelas pessoas?
- Eu acho que a pergunta mais adequada a se fazer a um espírito, é "O que é você". - Sussurrou Lena em meu ouvido, com a voz trêmula e assustada.
- Eu sou tudo aquilo que vocês não tem coragem de enfrentar, sou o hoje, o amanhã, o início o e fim, sou um deus e um demônio, o "contável" e o imensurável, o que isso vos remete?
- Que você é tão fraco quanto qualquer outra coisa que já tivemos o azar de ver e presenciar, você apenas fala, faça.
- Por acaso está me desafiando? Não entre em lutas às quais não pode ganhar e não tem nem se quer chance de sair inteiro. Todos aqueles que vocês viram fizeram muito menos do que vocês se atrevem a fazer. Tem certeza dessa decisão? Estou apenas ganhando força, irão me ver outra vez.
- Vai se f**** - Gritou Lena saindo de trás de mim - Quero ver fazer alguma coisa, sei quem é, e sei que não faz nada, percebi isso por tudo o que passamos e a forma como nada tinha coragem de nos atingir.
- Okay.

Ouvimos o bater de uma grande porta, e alguma coisa de vidro cair ao chão, ouvimos um grito e uma sombra apareceu em nossa frente se materializando. Sua procrastinação era nojenta e repugnante, e então, o fogo da lareira começou a ficar mais forte e algumas faíscas começaram a sair para fora da lareira e uma bandeja veio muito rápido em nossa direção, acertando Lena no braço e a fazendo gritar. E tudo começou a ficar escuro e a poltrona de veludo azul começou a queimar e espalhou o fogo por toda a sala, e ficamos no canto das paredes, e a cima de nós, uma espingarda, e Lena a pegou e atirou contra a porta, por onde estavam saindo os espíritos.

- Já provaram o sabor de bala de espingarda? - Gritou ela atirando ao mesmo tempo.
- Acha mesmo que isso vai adiantar? - Ele saiu da sala fechando a porta e rindo.

Comecei a ouvir muitos gritos agonizando e toda a sala estava em chamas, e os gritos foram ficando cada vez mais altos e agudos até que Lena caiu ao chão e eu caí ao seu lado.

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⏰ Última atualização: May 06, 2015 ⏰

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