Capítulo 7 - Terminando bem

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(POV Shikamaru)

Os dias passavam rapidamente me deixando ainda mais angustiado. Lembrava-me com clareza de quando Sakura me contou que Hinata estava viva, meu coração foi tomado por esperança e isso me fez lutar até o final.

Contudo olhando para ela ali deitada sobre a cama sem ao menos se mexer, me fazia questionar minha própria existência. Toquei o rosto pálido da morena, com cuidado para não machucá-la ainda mais. Nem Tsunade sabia dizer quanto tempo ela levaria para acordar e isso me deixava sem chão.

Intercalava as visitas com Neji que parecia tão destruído quanto eu ou Naruto. O loiro por sua vez também se recuperava da guerra e da perda do braço, mas o sorriso no rosto jamais o abandonava. Odiava admitir isso, mas o invejava por tamanho otimismo.

Se não bastasse tudo isso, ainda tenho que lidar com a perda do meu pai. Escutei suas últimas palavras constantemente em minha cabeça como uma tortura lenta e eficaz. Ino parecia lidar melhor com a perda do que eu, mas no fundo sabia que a loira ainda estava anestesiada demais com a correria no hospital para absorver de vez o que tinha acontecido.

— Shikamaru. — Neji me cumprimentou sem nem me olhar, em seguida sentou ao lado de Hinata segurando a mão pequena entre as suas — Ino pediu para avisar que vai estar te esperando na floricultura para vocês conversarem.

— Ok, obrigada por avisar. Se algo acontecer...

— Eu sei, te chamo imediatamente. Não se preocupe.

Sai relutante do hospital, com o sentimento que deixava metade de mim ali dentro. E de fato era, Hinata era uma parte de mim. Caminhei rapidamente até a floricultura, sabia bem sobre o que Ino queria conversar e mesmo que não estivesse ansioso para resolver aquele assunto, precisava dar um encerramento adequado.

A floricultura Yamanaka se reerguia lentamente, assim como as demais lojas do centro de Konoha. Com a destruição do Pain e a guerra subsequente, era difícil lidar com custo financeiro e até mesmo de mão-de-obra para todas aquelas construções. O baque tinha sido grande em todos os setores, e agora com a posse de Kakashi sabia que teria que ajudá-lo a lidar com tudo. Isso me fazia lembrar das obrigações que teria pela frente, seria capaz de lidar com tudo aquilo enquanto ainda tinha Hinata naquele hospital?

— Ino. — Cumprimentei a loira atrás do balcão. — Como você está?

— Melhor do que pareço, eu garanto. — Ela me deu um sorriso pequeno, mas as olheiras se destacavam no rosto visivelmente mais magro.

— Você deveria diminuir seus turnos no hospital. — Me sentei ao seu lado e mesmo não vendo seu rosto, tive certeza que ela revirou os olhos.

— Você deveria diminuir seu turno no escritório. — Ela retrucou e sorri.

— Nós dois devíamos. — Falei por fim.

— A cerimônia para o funeral vai acontecer nesse final de semana. Confesso que ainda não caiu a ficha, mas...

— Precisamos nos manter firmes. — Completei.

— Isso mesmo.

Ficamos em silêncio por um longo momento, não estava desconfortável, mesmo Chouji sendo meu melhor amigo tinha que admitir que era Ino que mais entendia como eu me sentia sobre aquilo tudo.

Voltei para minha casa incrivelmente silenciosa. Mamãe estava em silêncio em seu quarto e os demais cômodos estavam todos vazios. Um banho quente ajudou a relaxar um pouco a tensão dos meus músculos, mas minha mente continuava acelerada como sempre. Provavelmente passaria mais uma noite apenas revirando no colchão.

"Shikamaru, pode me ouvir?"

Num sobressalto me sentei na cama, a voz de Ino em minha mente pediu para que eu me acalmasse.

"Hinata acordou, Sakura está examinando ela agora mesmo."

No segundo seguinte eu calçava meus sapatos, uma mistura de felicidade e ansiedade tomaram todo o meu ser, e naquele momento eu sentia que apesar de tudo as coisas poderiam terminar bem.

O hospital nunca pareceu tão longe quanto naquela madrugada, e só percebi que prendia a respiração quando o imenso prédio branco surgiu à minha vista e soltei o ar aliviado.

— Hinata! — Chamei assim que passei pela porta. O quarto estava cheio mas o único rosto que chamava a minha atenção estava pálido, mas com os olhos perolados exuberantes à mostra.

— Shika. — A voz baixa e fraca foi como música para os meus ouvidos. Me aproximei um passo, incerto do que deveria fazer. A vontade era de tomá-la em meus braços e nunca mais soltar. No entanto, sua aparência frágil era um alerta para que eu fosse o mais cuidadoso possível.

— Eu tinha certeza que ela iria acordar! — A voz de Naruto chamou minha atenção. É claro que ele estaria ali, e quando nossos olhares se encontraram eu soube que não havia qualquer rancor ou mágoa e isso tirou um imenso peso das minhas costas.

— Sim, ela acordou. — Sakura falou e me virei para ela, pronto para ouvir mais sobre o quadro clínico da Hinata. — Como eu expliquei para Neji, Hinata precisa ficar em observação por mais alguns dias para se recuperar, e prefiro que isso aconteça aqui no hospital para que eu possa ficar de olho.

— Tudo bem.

— Você está pálido. — Hinata falou enquanto me encarava. — Tem se cuidado? — Todos rimos. Era óbvio que ela se preocupava com a gente, mesmo tendo acordado a pouco tempo de um coma.

— Não se preocupe comigo. — Me sentei ao seu lado na cama e segurei sua mão entre as minhas. — Prometo que vou cuidar de você.

— Acho que essa é nossa deixa pessoal! — Para minha surpresa foi Naruto que chamou todos para fora. Precisaria me lembrar depois para agradecê-lo.

— Sakura me contou o que meu pai fez. Eu não esperava isso dele.

— Pais são capazes de coisas impensáveis em momentos como aquele.

— Sim. — Ela esticou a mão e apoiei meu rosto em sua palma. — Me perdoe por...

— Não diga isso. — A interrompi. — Ambos estamos aqui vivos agora e isso é o que importa. Eu te amo Hinata Hyuuga, e prometo que não vai se livrar de mim tão cedo.

— Eu te amo Shikamaru, e estou feliz que nosso para sempre vai durar um pouco mais.

Quanto tempo dura o seu para sempre? - ShikaHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora