Havia anoitecido e não havíamos achado nenhum sinal de Snow. Todos nós separamos e saímos nas ruas para procurá-lo. Mas a tarde passou e simplesmente não havíamos o encontrado.
Nesse momento era para estamos em casa, nos preparando para a ceia de Natal. Felizes e unidos como uma família. Mas estávamos muito longe de ser isso. Minha mãe odiava meu pai. Agora ela estava grávida e parecia que não havia possibilidade alguma do casamento continuar. E para piorar, ainda perdi o meu gato.
Esse era para ser o melhor Natal da minha vida. Eu sempre fico ansiosa para essa data. Mas agora, gostaria de poder pular essa parte para algo melhor. Talvez as próximas férias quando tudo já estivesse resolvido e não houvesse mais problemas.
Um soluço escapou pelos meus lábios e as lágrimas começaram a molhar minha bochecha sem minha autorização. Suspirei, quando Zack me puxou para ele no mesmo instante.
—Ei, linda, vai ficar tudo bem. —Zack sussurrou, pressionando os lábios na minha testa e depois se afastando para limpar minhas lágrimas. —Shiii, vai ficar tudo bem.
—Na-não vai, não. —Solucei de novo, vendo os olhos de Zack ficarem vermelhos e seu rosto ganhar um tom preocupado, ao ver meu estado. —Meus pais não vão se a-acertar. Eu vou ter que viver se-separada de um deles. Snow... A gente não vai conseguir encontrar ele.
—É claro que vai. —Zack limpou as lágrimas que teimavam escorrer pela minha bochecha, enquanto eu sentia minha garganta arder pelo choro. —Vamos encontrá-lo, voltar pra casa e ter o Natal que todos nós merecemos.
Fechei os olhos e afundei meu rosto no peito de Zack, sentindo seus braços me rodearem e ele me apertar contra si. Talvez o melhor lugar para estar agora era nos braços de Zack. Era confortável e tinha cheiro de lar.
—A culpa foi minha. Se eu não tivesse vindo pra cá, meus pais também não estariam aqui, brigando, como foi o que aconteceu. —Afirmei e no mesmo instante Zack se afastou e segurou meu rosto entre as mãos.
—Você andou bebendo? Bia, isso não é culpa sua. Coisas assim acontecem. —Zack rebateu, parecendo bravo. —Nada do que aconteceu é culpa sua. E além do mais, se você não tivesse vindo, nós nunca teríamos nos reaproximado.
—Eu sei! Mas... —Zack balançou a cabeça negativamente e eu fiquei em silêncio. Seus lábios se juntaram aos meus, como um pedido para que eu relaxasse. E como sempre acontecia, eu me derreti nos braços dele na mesma hora, sentindo o sabor dos seus lábios em meio às minhas lágrimas.
Zack se afastou, abrindo um sorriso tranquilo e terminando de limpar minhas lágrimas, enquanto ajeitava meu gorro. Suspirei, escorando minha testa no ombro dele e apreciando aquele momento.
—Bia? —Ouvi a voz de Kyle e rapidamente me afastei de Zack, para encontrar ele, Emma e Peter ali. Os três sorriram juntos. Um sorriso triste e desanimado.
—Você está bem? —Peter questionou e eu dei de ombros.
—Eu vou ficar bem. —Afirmei, em meio a outro soluço. Os três trocaram olhares, enquanto Zack voltava a me abraçar.
—Olha, talvez falar sobre isso seja muito, muito chato. A gente sabe porque já passou por isso. —Peter abriu um sorriso sem graça. —Mas o que aconteceu com seus pais é natural. Aconteceu com os nossos também.
—Estragamos o Natal de vocês. —Falei e eles negaram com a cabeça. Mesmo assim continuei. —E eu menti pra vocês quando cheguei aqui. Não contei que meus pais estavam se divorciando. Sinto muito. Eu sabia que devia uma explicação a vocês, mas preferi ignorar isso. —Mais lágrimas rolaram pela minha bochecha. —Eu fiquei com medo de vocês pensarem que eu era uma garota sem família no Natal que precisava de atenção.
—Ah por favor, nos nunca sentiríamos pena de você. —Emma falou, talvez de forma um pouco rude. —Zack, vem aqui! —Zack fez uma careta, parecendo não querer me soltar. —Vem logo, et.
Zack deixou um beijo na minha testa e foi até os três. Olhei para cada um deles, enquanto Emma os ajeitava em uma linha reta. Zack, depois Kyle e então ela e Peter.
—Olha só pra gente. —Ela olhou para Peter. —Eu e Peter viemos de uma família que se separou. Nosso pai se casou de novo. Ele não teve mais filhos e a nós dois ele age como se não existíssemos. —Emma fez uma careta.
—Não que a gente ligue. Ele é um grande filho da mãe mesmo. —Peter completou. —Mamãe fez bem em larga-lo. Tio Josh é 1000 vezes melhor.
—Exato! —Emma abriu um sorriso e olhou para Zack, que também estava sorrindo, como se tivesse percebido o intuito daquilo. —Agora olha o idiota do Zack. Ele também veio de outra família que se separou. —Emma gesticulou com a mão para ele falar. Acabei rindo do jeito dela.
—Bia, você já sabe a minha história. Te contei ela no dia que escutei sua conversa com seu pai no quarto. Aliás, me desculpa por aquilo de novo. Eu.... —Kyle o cortou.
—Tu tava ouvindo a conversa dela atrás da porta? —Kyle fez uma careta, como se tentasse se mostrar bravo. —Mamãe diz que é feio fazer isso.
—Eu sei, moleque. Foi sem querer. —Zack afundou o gorro de Kyle no rosto dele, nos fazendo rir. —Como eu ia dizendo, eu não queria ouvir sua conversa. Foi sem querer. Me desculpa. —Zack abriu um sorriso. —E você sabe, minha mãe também se casou de novo. Ela ainda me liga as vezes, mas ela trata a enteada muito mais como sua filha, do que eu mesmo.
—Outra filha da mãe. —Peter murmurou baixinho e arregalou os olhos para Zack. —Com todo respeito é claro! —Ele sorriu nervoso. —Eu pensei alto.
—Bem... —Emma olhou feio para Peter e então abraçou Kyle por trás. —E então temos o Kyle e o Caleb. Filhos da nossa mãe com o pai do Zack. Eles não vieram de uma família que se separou. Mas tem um significado muito maior na nossa história. —Peter e Zack se aproximaram dos dois e abraçaram um de cada lado. —Eles são a cola que une nossa família. Não uma família convencional. Estamos muito longe disso.
—São como retalhos. —Peter afirmou, sem nenhum pingo de brincadeira. Eles estavam sorrindo uns para os outros. Irmãos de verdade. —Retalhos que foram unidos por uma costura e que se tornou algo muito maior. Uma família nova feita com partes de outras famílias.
—Mas não é o fato de não ser de sangue ou o fim das outras famílias que importa. —Zack continuou. —O que importa é que mesmo com tudo que aconteceu, ainda temos pessoas com quem contar e pessoas que podemos chamar de família.
—Você pode pegar o seu retalho e se juntar com a gente. —Kyle comentou, fazendo todos olharem para ele. —Nossa família tem bastante espaço e como eu sou a cola, posso juntar você a nossa família.
Acabei sorrindo pra ele, assim como todos estavam fazendo. E quando eu corri para abraçar os quatro, não era mais a única que estava chorando.
Continua...
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10 Maneiras de Acabar Com o Natal / Vol. 1
Любовные романыBeatriz é completamente e irrevogavelmente apaixonada pelo Natal. Ela passa o ano planejando para que essa época seja perfeita e inesquecível. Agora, em pleno final de ano, ela está pronta para curtir as festividades natalinas sem que nada atrapalh...