Capítulo 39: Flocos de Neve.

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—Pra onde estamos indo? —Questionei, depois de longos minutos caminhando em silêncio pelas ruas de Aspen.

—Vamos até a outra praça. Onde eles montam a maior árvore de Natal da cidade. —Zack virou o rosto pra mim e sorriu. —Aposto que vai gostar. É lindo nessa época do ano.

—Tenho certeza que sim. —Concordei, sentindo um certo nervosismo. Eu ainda não tinha certeza exata do que Zack queria falar comigo, mas tinha certo receio de me decepcionar.

—Então, o que rolou para os seus pais virem  pra cá? —Zack questionou e eu suspirei.

—Lembra daquela ligação com meu pai que você ouviu? Ele conversou com a minha mãe sobre aquilo. Os dois chegaram à conclusão que deveriam vir pra cá como nosso último natal em família. —Expliquei. —Os dois ainda não se separaram oficialmente. Imagino que vão fazer isso em janeiro, depois que o ano novo passar.

—E então você vai morar com um deles? —Balancei a cabeça sem saber ao certo o que responder.

—Meu pai quer que eu vá morar com ele. Ele inclusive já alugou um ap pra gente. Mas eu não sei o que eu quero ao certo. Ele trabalha quase o dia todo. Eu mal o vejo em casa. Com a minha mãe é diferente. Ela passa a maior parte do dia em casa e sempre está comigo, apesar de não ser uma relação mãe e filha convencional. —Comentei e Zack ficou em silêncio me ouvindo. —Então eu ainda não sei ao certo o que pode acontecer. Também não quero ficar em uma casa a cada semana.

—Sinto muito que esteja passando por isso, linda. Mas vai ficar tudo bem. Pelo menos eles notaram que estavam errando em relação a você. —Zack apertou minha mão e abriu um sorriso carinho, que me fez derreter ali mesmo.

Porque ele tinha que ser tão completamente apaixonante? Eu já estava com borboletas no estômago antes, agora elas estão tomando conta de tudo. Assim como ele estava.

Parei de sorrir e abaixei a cabeça, me sentindo subitamente desanimada por ter que ir embora daqui alguns dias. Eu queria ficar mais. Quero morar perto deles e não precisar me despedir.

—Ei, o que foi? —Zack parou na minha frente e ergueu meu rosto. —Você estava com um sorriso lindo no rosto e mudou de repente.

—Eu só... —Zack segurou meu rosto entre as mãos, não me dando outra alternativa a não ser encarar os olhos dele. —Não quero me despedir de vocês. Sabe, da outra vez eu fiquei chateada por não voltar mais. Porque foi tão repentino que eu mal tive chance de me despedir de vocês. E agora a gente está aqui de novo, 6 anos depois e tudo mudou completamente, Zack. —Afirmei um pouco baixo. —Não somos mais crianças. Não ficamos correndo no jardim e gritando um com o outro como fazíamos naquela época. —Engoli com um pouco de dificuldade e puxei as mãos de Zack para segurar as minhas. —Agora é difícil imaginar 6 anos longe de vocês, sozinha em um apartamento no meio do Rio de Janeiro. Eu não me incomodo de falar por ligação de vídeo 50 vezes por dia. Mas eu queria mais do que isso, entende? E são coisas impossíveis agora.

Zack me encarou sem qualquer humor depois que eu terminei de falar. Passei minhas mãos envolta da barriga dele e o abracei. Ele me ajeitou entre seus braços no mesmo instante, deixando um beijo demorado na minha testa.

—Eu entendo, linda. Porque eu também queria mais do que isso. —Zack sussurrou. —Vem comigo.

Zack me puxou para andar, agora mais rápido do que antes. Ele olhava para mim a cada segundo, como se quisesse ter certeza que eu realmente estava ali. Nós chegamos a outra praça, cheia de árvores iluminadas e uma imensa árvore de Natal no centro. Soltei um sorriso enorme ao vê-la. E claro, havia outro papai noel ali tirando fotos.

Olhei para o céu quando percebi os flocos de neve caindo e meu sorriso se alargou mais ainda. Estendi a mão com o intuito de tentar pegar aqueles pequenos flocos de neve. Olhei para Zack com um sorriso, vendo o gorro na cabeça dele começar a juntar os pequenos flocos.

Minhas bochechas esquentaram ao ver a atenção dele toda em mim, como se estivesse hipnotizado. Dei um passo na direção dele e parei bem na sua frente, vendo seus olhos fixos nos meus.

—Eu esperei você por 6 anos, sabia? E teria esperado muito mais. Ainda mais para encontrar você assim. —Ele tocou minha bochecha com os dedos gelados e eu fiquei arrepiada. —Mas tem uma coisa boa nisso tudo. Talvez esses 6 anos longe fossem um jeito de o universo dizer que eu precisava esperar o momento certo. E agora, temos 17 anos, ainda somos jovens e talvez até um pouco imaturos. Mas... —Ele respirou fundo, parecendo nervoso. —Eu sou apaixonado por você, Bia. Sou apaixonado desde o primeiro momento que coloquei meus olhos em você. E naquela época eu era só um pirralho irritante. —Acabei rindo da sua afirmação, o que fez ele sorrir. —Mas eu já gostava de você e ainda gosto. Muito, muito mais do que antes. E eu não espero que sinta algo parecido por mim. Eu sei que as coisas foram diferentes pra você esses anos. Mas eu quero muito, muito mesmo uma chance de verdade com você.

Segurei a jaqueta de Zack, quando ele se aproximou mais até ficarmos colados e seu rosto quase a centímetros do meu. Meu coração estava acelerado e prestes a pular para fora de mim.

—Eu não quero só ficar com você, entende? Eu quero cuidar de você, te fazer feliz e poder aproveitar cada segundo com você. —Ele sorriu, roçando o nariz no meu. —Eu estou tão perdidamente apaixonado por você que chega a ser assustador as vezes.

—Eu também estou apaixonada por você, Zack. Sempre fui. —Afirmei e ele sorriu. Soltei um suspiro e encarei os olhos dele, vendo eles fixos nos meus lábios. Segurei o rosto de Zack e terminei com o restante do espaço, em um beijo nada calmo.





Continua...

10 Maneiras de Acabar Com o Natal / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora