Havia uma "louca" que com frequência aparecia no bar.
- Lá vem a louca! Era assim que a chamavam.
Nos tempos em que a pandemia assolava o mundo, na fase final, houve poucos lugares possíveis de frequentar. Um deles era um bar de nome peculiar: O Barmácia.
[...}
Todos usavam máscara no rosto, ela nos olhos. Todos falavam baixo. Ela pelos cotovelos. Alguns embriagavam-se de ego. a louca , de suas verdades. Eles conversavam sobre atletas. Ela, sobre o peixe que andava numa bicicleta.
Todos bebiam, e falavam o que pensavam. Afinal, o que acontece no bar, fica no bar.
Conversas obcenas, tão baixas quanto o volume da música.
[...]
Após alguns instantes a observar aquela cena, um bêbado vira-se para o amigo e, com a mão no rosto, comenta em voz baixa:
- Tenho medo de acontecer alguma coisa comigo e eu ficar assim como ela.
- Louco? pergunta o amigo.
Ao escutar a conversa, a "louca" pousa o braço no quadril , vira-se e diz em alto e bom som:
- Meu bem , se é medo que você tem... então você nunca poderá ser como eu.
porque o são sempre acha que está ficando louco , mas o louco, sempre tem CERTEZA de que é são.
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Narrativas efêmeras do cotidiano
HumorCrônicas de tudo e de nada. Situações cotidianas narradas por um um olhar atento entre outras coisas.