Chegamos à noite.
Mamãe insistiu para nos buscar no aeroporto, mas eu recusei. Estava frio e já era tarde. Não tinha necessidade de fazê-la sair de casa apenas para isso.
Hoseok caminhava ao meu lado tranquilo. Se estava nervoso, não demonstrava. Pegamos as malas e entramos no táxi.
Dawnville tem cerca de 150 mil habitantes, menos gente do que qualquer lugar ou evento em Nova Iorque. É uma cidadezinha pacata, em que as pessoas se conhecem desde criança e deixam as portas abertas sem medo de serem furtadas.
Andar a pé pela cidade é certeza de que você será parado pelo menos umas dez vezes para responder como sua mãe e seu pai estão. No meu caso, há ainda o complemento: você voltou de vez ou veio nos visitar?
A principal atividade da cidade é o hockey de gelo.
Em dias de jogos todos vão à arena universitária torcer pelos Tanies, o maior e mais famoso time da cidade.
Quando eu era criança, papai me matriculou na classe infantil do time, na esperança de que eu tivesse algum talento nato não descoberto e que quando crescesse virasse jogador de hockey e jogasse pelos Tanies na liga profissional.
Não aconteceu.
Eu odiava hockey. Odiava a roupa cheia de proteção, o disco pequeno que eu mal conseguia enxergar e acompanhar, a brutalidade, as brincadeiras violentas no vestiário e me machucar durante o jogo.
Contudo adorava patinar. Sempre gostei. Deslizar sobre o gelo e sentir o vento frio no rosto sem me importar em ser derrubado ou em ter o taco atirado contra minhas canelas me fazia esquecer da hora e passar o dia quase todo no gelo. Até hoje sou muito bom nisso. Quando se mora em uma cidade com inverno rigoroso e alguns metros de neve, patinação é atividade quase obrigatória para os habitantes.
Hoseok encarava a janela curioso, prestando atenção nas casas, ruas, praças e na iluminação exagerada dos telhados. Em alguns não era possível enxergar nenhum centímetro de telha, apenas milhares e milhares de luzinhas amarelas, azuis, vermelhas ou verdes.
– Natal é um assunto sério por aqui – Comentei ao vê-lo tão interessado na paisagem lá fora.
– Deu pra notar.
– Somos quase uma Las Vegas que só funciona no Natal. Claro que sem os cassinos e os turistas – Fiz uma careta – E a diversão.
Hoseok soltou uma risada.
– Se quiser, posso te mostrar a cidade amanhã de manhã. Podemos ver o coral das crianças e depois patinar no lago.
Ele sorriu sem graça.
– Eu não sei patinar.
– O quê? – Uma risada incrédula escapou dos meus lábios. Existia algo no mundo que eu sabia fazer e Hoseok não? – Não acredito.
Ele levantou os ombros ainda sorrindo.
– Nunca nem estive numa pista de patinação.
– Isso é um absurdo! Eu não posso namorar alguém que não sabe patinar.
– Parece que você vai ter que me ensinar então.
– Ou terminar.
– Dúvida difícil.
Levei o indicador até a lateral da cabeça fingindo estar pensando avidamente no assunto e fiz uma longa pausa.
– Tudo bem. Eu te ensino a patinar.
– Fico feliz em ver que nosso namoro é tão importante pra você.
Nos encaramos sorrindo com cumplicidade. Saber que compartilhávamos aquela mentira e que ele estava entrando na brincadeira me fazia sentir confortável e seguro. Na verdade, ele sempre me fazia sentir assim.
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Um amor de Natal || Sope
FanficMais um ano passou e Yoongi continua solteiro. Ele não aguenta mais sua família perguntando sobre os namoradinhos. Para evitar outro Natal sendo bombardeado com comentários sobre sua vida amorosa, Yoongi pede ao seu amigo, Jung Hoseok, para fingir s...