XL

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No momento em que Voldemort deixou as masmorras, Harry foi correndo até Malfoy, vendo-o respirar com dificuldade. Algumas lágrimas desciam por sua bochecha e ele parecia lutar para manter os olhos minimamente abertos.

— Harry... me perdoa... — murmurou entre dentes, sentindo as mãos desesperadas de Potter passarem por todo o seu corpo, procurando por algum ferimento exposto.

O moreno não respondeu, ele não estava no clima para conversar com ninguém, principal com Malfoy.

Colocou a mão em seu punho, verificando se a pulsação estava regular e compassada. Estava fraca, mas presente, e isso era tudo que Harry precisava para certificar-se de que Draco ficaria bem e que ele não correria riscos de vir a ter complicações e morrer.

— Sol... — Malfoy balbuciou, desmaiando no segundo seguinte, as forças do seu corpo se dissipando, ficando cada vez mais entorpecido.

Potter pegou o moletom que Draco havia recebido da família Weasley e colocou em cima do loiro, certificando de que ele não passasse frio durante esse tempo. Mesmo com raiva, ele ainda se importava com ele e gostaria de saber o seu lado da história, mesmo quase já tendo a sua opinião completamente formada, ainda mais com essa afirmação de Voldemort.

Harry foi para o canto mais distante de Draco da cela que eles passaram a dividir, encostou as suas costas contra a parede, dobrou os joelhos, os colocou contra o seu peito de uma forma minimamente confortável e começou a chorar baixinho.

Chorou por Malfoy ter mentido para ele, chorou por Voldemort quase matar mais uma pessoa que ele amava, chorou por Lucius Malfoy ainda estar desmaiado no corredor — roncando alto e não deixando-o ter o seu momento em paz. Chorou pelo fato de que o seu ano inteiro foi uma completa mentira e chorou porque queria sair daquele lugar que estava começando a fazê-lo entrar em pânico. Sua pele sentia falta do calor, dos raios quentes que o sol emanava que o trazia uma sensação de conforto.

Tinha saudades de ser livre. Gostaria de poder voar, assim a sensação de liberdade voltaria ao seu peito, preenchendo suas entranhas, o fazendo se sentir bem novamente.

Potter levantou a cabeça apoiada em suas pernas e olhou de relance para Draco, vendo os fios loiros macios caídos em sua testa.

Essa provavelmente seria a última vez que Harry o veria com os cabelos bagunçados.

A maior parte de si queria esfregar na cara do sonserino tudo o que ele fez de errado, mas outra ansiava em simplesmente permanecer sozinho, encolhido, em uma posição segura que ele não poderia ser machucado, ou pior, traído.

Harry não queria ouvir a voz de Draco naquele momento e provavelmente não gostaria de ouvir por um longo tempo, mas eles também precisavam pensar em uma maneira plausível de sair daquele lugar o quanto antes. Potter conseguiu entrar, então ele conseguiria sair, certo?

Como estava muito cansado para pensar em muitas coisas no momento, somente se entregou ao sono, com o seu moletom completamente sujo e um pouco rasgado, que somente tinha uma fina camada de tecido, não o ajudando muito na questão de aquecimento.

Ele estava realmente com muito frio e mal percebeu que seus lábios estavam tremendo, somente notou quando esse era o único barulho presente no silêncio sepulcral que gestava no ambiente.

Se Harry ficasse muito tempo nesse estado, poderia pegar um resfriado e essa era a última coisa que ele desejava no momento. A única solução exequível era se juntar a Draco, assim os dois estariam mais aquecidos, já que o calor humano era mais potente do que qualquer outra forma de aquecimento em relação à casacos ou edredons.

Bom, se Malfoy não acordasse enquanto Harry estivesse em seus braços não teria problema, então era isso o que ele faria. O seu orgulho estava quase falando mais alto dentro de si, mas ele não queria continuar sentindo frio.

Porque eu não consigo te esquecer || drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora