PATOS E AMASSOS (MIMIN)

EPÍLOGO

Jeon Soyeon não era muito de fazer arrumações.

Bem, não era como se ela detestasse limpeza, ou manter suas coisas em ordem. Na verdade, ela apenas não tinha muito tempo para pensar sobre isso.

Então, foi uma enorme surpresa - até para si mesma - que, numa manhã durante a primavera, Soyeon acordou decidida a arrumar seu quarto.

Levou horas para recolher e organizar todas as pilhas de roupas espalhadas, os inúmeros papéis com suas anotações para conceitos e novas músicas, e todas as coisas bizarras de suas colegas de dormitório perdidas debaixo de todo aquele caos.

E foi assim que Soyeon acabou encontrando algo realmente interessante.

— Você só pode estar brincando. — Miyeon, Yuqi e Minnie disseram juntas no momento em que a pequena rapper depositou Pato, o flamingo falante, sobre a mesa de centro de sua sala.

As três garotas, que estavam ali para assistir algum novo programa de variedades, apenas encararam Soyeon indignadas, quando esta abriu um sorrisinho inocente.

— Dizer 'sinto muito' resolve?

Miyeon, quem estava sentada no chão entre as pernas de sua namorada, soltou um bufo de escárnio, conforme Yuqi se levantava agitada do sofá para ir andar de um lado à outro.

— Yah, Jeon Soyeon, você faz ideia das coisas que eu passei por causa desse flamingo?

Miyeon bufou pela segunda vez.

— Ah, por favor, você não teve nem metade do que eu tive.

— Ao menos isso te rendeu um romance. — Yuqi apontou. — No meu caso, foi um mês lavando as meias sujas da Minnie.

Arriscando um olhar para a membro tailandesa, Soyeon encontrou-a no que parecia ser um profundo estado de contemplação, mas então, como se algo estalasse em sua mente, ela de repente começou a rir. Muito alto, muito assustadoramente.

— Você está dizendo — ela perguntou em meio às risadas histéricas. — que todo esse tempo, Pato esteve soterrado no meio daquele lixo que você mantém em seu quarto?

Soyeon estreitou os olhos para a amiga.

— Eu deveria estar ofendida sobre isso, mas sim. — ela disse, dando de ombros. — E não me pergunte como foi parar lá.

— Yuqi, você foi ao quarto da Soyeon na noite em que saiu com Yeoreum? — Miyeon questionou a membro mais jovem, que havia se afastado até a parede para cruzar os braços e fazer beicinho. Fofa.

— V-você acha mesmo que eu teria coragem de entrar naquele antro de pesadelos? — ela gaguejou, as palavras saindo altas demais.

— Não minta. — Soyeon provocou, lembrando-se da bagunça bêbada que era Yuqi naquela noite, e do beijo desajeitado que recebeu quando a garota disse sentir sua falta... Apenas para desmaiar no momento seguinte. Felizmente, as coisas tinham melhorado para elas desde então, e simplesmente não resistindo quando aqueles olhos muito adoráveis vieram fuzilar seu rosto, ela decidiu acrescentar: — Você roncou a noite toda, aliás.

— Yah, Jeon Soyeon! Você sabe que eu não ronco!

— Eu sei? — Soyeon replicou, erguendo uma sobrancelha em desafio.

— Eu... Você... Aish...

— Será que a gente pode focar aqui por um momento? — Minnie chamou sua atenção, contornando a cabeça de Miyeon e se levantando do sofá para apanhar o flamingo da mesa. — Meu pobre Pato... Deve ter sido tão traumático...

Soyeon estreitou os olhos mais uma vez.

— Certo. Agora estou mesmo ofendida. Não é como se fosse tão ruim assim. Ele nem é um ser-vivo, Minnie. — ela só soube tarde demais que falar aquilo era um erro.

— Mas é como se fosse! — Minnie choramingou, e Soyeon quase deixou uma risada incrédula escapar. — Pato é como um filho para mim.

Miyeon, parecendo se empolgar com aquelas palavras, ergueu-se do chão e foi entrelaçar o braço ao da garota tailandesa.

— Sim, Soyeon, é como se fosse nosso filho.

— Exato. — Minnie acenou prontamente, antes de piscar e se virar para Miyeon. — Espere, como assim 'nosso'?

— É, por que não? — a mais velha disse com tranquilidade, sorrindo docemente para a namorada.

Com um movimento, Minnie se soltou de seu aperto, segurando o brinquedo possessivamente contra o peito conforme uma carranca se formava em seu rosto.

— Não quero dividir a guarda de Pato. Pode esquecer.

— Yah... — Miyeon rosnou entredentes. — Por que você está sendo egoísta?

— Por que você sempre quer as minhas coisas? — Minnie devolveu. — Pato está fora de cogitação.

— Mas eu também o amo como se fosse meu. Foi ele quem nos uniu, lembra?

Soyeon não sabia muito bem o que estava acontecendo naquele momento, mas ela decidiu que seria divertido de assistir. Então, aproximando-se silenciosamente de Yuqi, ela entoou baixinho:

— Quanto tempo você acha que leva até começarem os gritos?

Um sorriso torto surgiu no canto de seus lábios - Soyeon se lembrava muito bem da sensação deles...

— Ohhh, uma aposta? Digo que em dois minutos elas já estarão na fase dos palavrões.

Então notando a proximidade entre suas duas membros mais tolas, e toda a tensão que emanava delas, Soyeon mordeu o lábio antes de decidir mudar o caminho.

— Eu aposto que elas se beijam antes disso.

— O dobro ou nada?

Soyeon não tinha certeza se Yuqi se lembrava de que elas não haviam estipulado um prêmio para a vencedora. Ainda assim...

— Feito.

No fim, não levou nem um minuto inteiro, e Soyeon já havia ganhado a aposta.

E imaginando que, em breve, outra coisa totalmente diferente de uma briga acabaria acontecendo naquela sala, à julgar pela... huh, coisa física acontecendo ali, Soyeon discretamente puxou Yuqi para seu quarto recém-limpo, ansiosa para cobrar da garota seu merecido prêmio.