Prólogo_16 Anos.

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A garota de cabelos negros como a noite que se vestia de forma simples, estava ofegante. Seus olhos azuis de presença marcante no local sombrio demonstravam agonia. Ela mordia os lábios tão forte que estavam até sangrando. Em sua face, desespero.

Momentos antes, a garota estava envolvida em uma luta movida à vingança.

A lua brilhante no céu escuro de uma noite fria era absolutamente desagradável para alguém que se vestia de forma simples, com as roupas mais finas possíveis. No entanto, ela realmente não se importava. A adrenalina ainda percorria seu corpo, mas sua mente já estava mais sã do que antes, pois agora ela realmente sabia o que tinha feito.

Ela tinha acabado de matar um homem.

Um homem que deveria ser duas décadas mais velho que ela.

Ela havia o matado. E isso ainda não entrava em sua cabeça.

A garota estava tensa.

Seus olhos estavam vidrados na figura caída no chão, uma poça de sangue envolta do corpo. Sua mente estava à mil, mas ela ainda não tinha ideia do que fazer.

A pistola que estava em sua mão caiu no chão em um baque estrondoso.

Ela apoiou seu rosto em suas mãos manchadas de sangue.

— Pelo amor de Deus — sua voz estava trêmula —, o... o que eu fiz?

Ela engoliu a seco.

Como havia feito isso? E por quê? Vingança. Ela havia matado um homem por vingança.

Aflição e desespero era tudo o que conseguia sentir no momento; lembrou-se da horrível cena da morte do seu pai e de como ele gritou em agonia enquanto clamava para a esposa o perdoar — mesmo que ela não tivesse feito nada de errado. Lembrou-se de que há momentos atrás o mesmo acontecia com aquele que ela matou.

A garota, ainda jovem, com apenas 16 anos, havia acabado de matar um homem. Ela estaria fadada a ser perseguida pelo resto de sua vida, isso era certo.

Com um indescritível sentimento que a tomou — tristeza, raiva, agonia e aflição, provavelmente — ela só conseguia sentir-se frustrada por ter acabado com a vida de alguém.

Caiu ajoelhada no chão de terra e chorou.

Ela havia acabado de tirar a vida de alguém.

Ela havia matado alguém.

Ela havia prometido que não mataria mais ninguém.

Não preocupou-se com seus arredores e deixou as lágrimas fluírem livremente.

Fez uma promessa à lua. Uma promessa que jurou que cumpriria.

Sua última memória antes de desmaiar — ainda com o coração apertado e com a mente corrompida — foi ser envolta por um longo e grosso sobretudo marrom que pertencia ao seu superior.

Ela poderia estar horrível; com os olhos vermelhos de tanto chorar — e ainda chorando —, com os cabelos bagunçados pela luta e com sangue em suas mãos. Mas não se importava. Apenas deixou que a vergonha e a tristeza tomassem conta de seu corpo e chorou.

Chorou até desidratar.

Porém nunca esqueceu da promessa feita para a lua. Nunca.

[Atualizado e revisado: 12/12/2021]

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