4 - A maldita culpa

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— "Até amanhã!" — disse Faith, enquanto terminava mais uma ligação com Harry.

Sim, uma ligação. Desde o dia em que os dois começaram falar por mensagens, não conseguiram resistir, tinham de ouvir a voz um do outro para assim, ficarem saciados.

Com Harry, Faith dava os seus únicos sorrisos e risos sinceros. Ninguém conseguia tirar um bom sorriso de Faith, mas Harry conseguia. Nenhuma pessoa conseguia fazer com que Faith se sentisse amada, mas Harry conseguia.

Ele conseguia, tudo.

Faith continuava confusa com os seus sentimentos, no fundo ela sabia que o amava, mas, não conseguia admitir isso.

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Eram 10:15 da manhã, Faith tinha acabado de ter a sua primeira aula do dia. 

— Olá Fae! — disse Harry.

— Fae? O que é isso? — questionou Faith.

— Uma alcunha, não dá para perceber? — respondeu Harry.

— Sim, dá para perceber, Hazzy. — disse Faith.

— Estás a ver? Também usaste uma alcunha para te referires a mim! — disse Harry.

— Sim, pois usei, haha. — ironizou Faith. 

— Deixa de ser tão má. — disse Harry. — Bem, quero te fazer uma pergunta, posso? — questionou Harry.

— Podes, claro. — afirmou Faith.

— Já que não há testes esta semana, o que achas de irmos dar uma volta hoje? — questionou Harry.

— Dar uma volta? Hoje? — questionou Faith.

— Sim, o que achas? — questionou Harry.

— Por mim pode ser, a que horas? — questionou Faith.

— Pode ser às 18:00? — questionou Harry.

— Sim, claro. — afirmou Faith.

— Ótimo. Vemo-nos mais tarde então. Até já. — despediu-se Harry.

— Até! — despediu-se Faith.

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[Faith]

Ainda não consigo acreditar, um encontro? A sério? Será que ele está a aproveitar-se de mim, ou, está mesmo interessado? Calma Faith, tu vais conseguir ultrapassar a tua vergonha, já o conheces há semanas, e ele a ti, vocês são amigos, amigos.

Ok, roupa escolhida, cara e cabelo lavado, está tudo bem, não é? Eu nem me deveria importar tanto, mais tarde com certeza ele vai arranjar alguma barbie qualquer e sair pelas ruas a gabar-se porque conseguiu conquistá-la. Mas enfim, é melhor parar com estes pensamentos se não começo a chorar e não há encontro para ninguém.

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Eram exatamente 18:00 da tarde, Harry estava sentado no mesmo lugar em que os dois combinaram de se encontrar.

Com um ramo de flores nas mãos, Harry caminha de um lado para o outro, nervoso, e sempre atento a qualquer movimento ao redor dele, cogitando ser Faith um deles. Até que uma doce voz invade seus canais auditivos, vira-se para trás, e contempla a esbelta figura de Faith na sua frente, "perfeita" ele diria.

— Olá Harry! — disse Faith. — Oh, isso é para mim? — perguntou ela referindo-se ao pequeno ramo de girassóis segurado pelas mãos de seu amigo.

— Sim, é para ti. Ainda não sei quais são as tuas flores favoritas então, desculpa-me se não gostares destas. — diz Harry.

— Por acaso acertaste em cheio, eu adoro girassóis! — diz Faith.

— Ainda bem. — diz Harry.

Depois de vários minutos a caminhar, os dois decidem sentarem-se num banco à frente de um pequeno lago, o Sol estava a pôr-se, o que deixava tudo mais bonito e acolhedor.

— Sabes Harry. eu nunca tive um amigo como tu. — disse Faith

— Nunca? — questionou Harry.

— Bem, mais ou menos, o meu pai era o meu melhor amigo, mas, ele morreu, sinceramente, não sei ao certo a causa, a minha mãe diz que ele morreu num acidente de carro, mas eu não acredito muito nisso. Eu sinto a falta dele cada dia que passa. — disse Faith.

— Sinto muito, não merecias nada disso. — diz Harry pegando na mão de sua amiga e entrelaçando-a com a sua.

— Às vezes até acho que mereço, tudo. — diz Faith.

— O quê? Estás doida? Ninguém merece a morte de um ente-querido Faith! — exclama Harry.

— Eu mereço, eu mereço toda esta dor que o mundo proporciona-me, seja ela física ou emocional. Eu perdi amigos, eu fiz pessoas chorarem, eu fiz coisas más, principalmente a mim mesma, e foi tudo a minha culpa. — disse Faith.

— Faith, não! Estás completamente errada! Nem tu nem ninguém merece esta dor! Não ponhas essas coisas na tua cabeça, tu não és culpada de nada, não és culpada pela morte do teu pai ou por qualquer outra coisa, não te castigues a ti própria por coisas sem nexo, as pessoas podem ser cruéis, isso é verdade, mas tens de conseguir lidar com isso, eu sei que consegues, eu acredito em ti Faith, eu acredito. — disse Harry.

— Harry, tu não entendes. — disse Faith.

— Então deixa-me entender! Explica-me! Diz-me o que vai na tua mente Faith, confia em mim! — exclamou Harry.

— Esse é o problema, Harry, eu não consigo confiar em ninguém. E sabes que mais, eu estraguei esta porcaria de encontro ou seja lá o que isto for, vou-me embora. — disse Faith.

— Faith não! — exclamou Harry.

— Adeus Harry. — despediu-se Faith.

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E assim termino mais um capítulo, desta vez com uma pequena "discussão".

Enfim, até ao próximo capítulo.

Amo-vos.

A autora.

For All The Broken Promises | h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora