-Vou chamar o médico. Com licença - a enfermeira informou-me virando-se de costas para mim e dirigido-se para o infindável corredor de portas brancas.Não consegui ficar parado no mesmo sítio e em vez de me sentar na cadeira, como me tinha sido indicado, ando de um lado para o outro na sala de espera do Hospital da Luz.
Ainda não sabia nada sobre o estado de saúde da minha mulher, o que me deixava ainda mais ansioso, queria vê-la, beija-la, abraçá-la, dizer-lhe o quanto eu a amo e como é o amor da minha vida.
-Boa noite - um homem alto e gordo por volta da casa dos 58 anos encontrava-se há minha frente com a jaleca médica - Sou o Dr. João Ferreira - aperto a sua mão - foi eu que fiquei com o caso da sua mulher.
-Boa noite - repito o que o homem me disse - como está a minha mulher?
-Estável. Perdeu bastante sangue mas conseguimos estabiliza-la. Está ligada a algumas máquinas, mas não se assuste, são apenas por persuasão. Se quiser ir vê-la já pode.
-Claro, onde é que ela está?
-Acompanhe-me.
Sigo o médico até ao fim do mesmo corredor onde alguns minuto atrás um enfermeira havia ido buscar o homem que agora seguia à minha frente para o quarto onde se encontrava s/n.
-Pode entrar, ainda está sobre o efeito de uma anestesista - o olho com uma cara confusa - achamos que era o melhor para ela não sentir tanta dor e poder ficar mais calma.
-Ok. Obrigado.
-Se precisar da alguma coisa é só tocar na campainha. Com licença.
O vejo dirigir-se para qualquer outro lado cuja localização não sei. Respiro fundo antes de abrir a porta número 242 onde ela se encontrava. Ainda não sabia como haveria de reagir assim que a vi-se.
Quando abro a porta vejo aquela mulher, a mulher com quem compartilho a vida há longos anos, deitada naquele cama que não era nem de solteiro nem de casal com uma bolsa de sangue ligada à veia e com uma máscara de oxigénio.
Rapidamente dirijo-me para perto dela, oiço a porta ser fechada atrás de mim, provavelmente por culpa da pouca corrente de ar que se fazia sentir no quarto, visto que não me dei ao trabalho de a fechar.
-Meu amor... - sai da minha boca, quase como um suspiro - quem te fez isso? - agarro a mão dela acariciando a mesma.
As lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto assim que baixo a cabeça para a encostar junto ao seu coração. Sorrio, consigo o ouvir a bater na velocidade normal, a sua respiração estava controlada, algo que quando acontece em outros momentos, quando eu perco algum jogo, por exemplo, me acalma, agora faz-me suspirar de alívio por saber que ela está viva.
-Vai ficar tudo bem - fungo - tu vais ficarem.
Eu iria passar a noite ali, com ela. Já liguei para os meus sogros e para a minha cunhada, que apesar de estarem apenas agora a saber o que se tinha passado com a s/n, e depois da preocupação inicial, acabam por se acalmar um pouco, por saberem que está tudo bem com a sua menina e por eu estar aqui com ela.
Os pais dela prometeram que no dia seguinte viriam a Lisboa para poder saber mais pormenores sobre o estado de saúde da mais nova
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-Eu não preciso de mais nada, obrigado - digo para Seferović e André Almeida, dois dos meus colegas de equipa, que vieram entregar alguma roupa, cobertores e comida, visto que precisava jantar.
- Sabes que se precisares de alguma coisa coisa podes ligar, a qualquer hora - o português informa - eu moro aqui perto chego aqui num instante.
- Obrigado de novo- um pequeno sorriso sai pelos meus lábios - se presisar de alguma coisa eu ligo.
-Nós vamos andando - o meu outro colega de equipa, Seferović pousa a mão no meu ombro - fica bem irmão.
-À esqueci-me de dizer que tanto a equipa, tanto o mister mandam um abraço e as melhoras para ela, estalam todos bastante preocupados - Almeidinhos l.
-Quando os vires diz que agradeço a preocupação.
-Eu digo.
-Assim que os vejo sair do quarto suspiro, não era fácil tudo o que estava a passar, eu só queria que tudo isto fosse um pesadelo e acordasse ao lado da minha mulher.
-O quanto eu te só eu sei... - acho que isto foi mais um desabafo do que outra coisa.
-Eu sei.
Rapidamente viro-me para a única cama que havia no quarto de hospital com os olhos arregalados, não podia acreditar.
-Como estás? - a sua voz faz-se ouvir novamente.
-Põe isso outra vez - rapidamente volto a colocar-lhe a máscara de oxigénio - E isso devia perguntar-te eu.
Ela apenas dá de ombros, visto que a máscara não facilita a sua fala.
-Vou chamar a enfermeira.
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-Veja quem acordou - a enfermeira fala com a minha esposa - como está? - perguntou depois de lhe tirar o objetivo que lhe fazia respirar melhor.
-Com algumas dores mas bem - informa com um sorriso na cara.
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-Bem, ela nunca mais se calava - solta um risinho frouxo durante a sua fala.
-Eu devia querer matar-te - afirmo quando me sento aos pés da sua cama.
-Não me convinha nada encontrar a senhora morte. - com o seu usual tom humorado diz.
-Não brinques com isso - digo deitando-me em cima das suas pernas - eu tive tanto medo.
-Não tenhas, eu estou aqui. Não te vez livre de mim tão cedo.
-Nem eu quero - aproximo-me mais dela e beijo os seus lábios, como queria fazer há muito tempo.
-Amo-te mais que tudo - a mais nova diz.
-Não tanto quanto eu a ti.
É assim dormimos lado a lado como sempre fazíamos, apesar de ser numa cama diferente e depois do susto que passamos, apenas desejando acordar com ela do meu lado na manhã seguinte.
E para ser honesto, eu nem dormi, apenas olhava para ela, admirando a sua beleza.
Olha quem voltou 🎉🎉🎉
Eu e a segunda parte do imagines do Otamendi.Vemo-nos por aqui.
Beijinhos beijinhos
Matilde