Prólogo

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— Você está errada, Olívia não bateu neles sem motivo! _ Seu melhor amigo gritou invadindo a sala da diretoria às pressas, seu lindo cabelo loiro trigo que normalmente roçava o nariz, sempre bem penteado, agora estava molhado quase invisível repuxado para trás como se alguém fervorosamente tentasse retirá-los do caminho para checar os ferimentos da cabeça.

 Seu rosto, que no geral sempre era motivo de muitos elogios e críticas por ser, de algum modo, angelical; Bem na opinião de Olívia, o amigo estava mais para extremamente fofo do que para angelical.

 Agora estava vermelho e inchado com hematomas que ficavam cada vez mais escuros, seu carnudo lábio inferior continha um corte profundo que o fazia parecer estar usando um dos batons da mãe. 

  — Darwin! 

Dorothy Parker, a secretária gorda carrancuda da escola, grita logo o seguindo para dentro do lugar, Darwin respirava pesadamente, mas não dava para saber se era pela corrida da enfermaria até ali, ou se era de raiva pelos culpados não estarem lá também como Olivia ou se as dores dos machucados estavam finalmente aparecendo. 

— Está tudo bem, Dorothy.

 A diretora Amélia intervém com um aceno de sua mão enrugadas, e  seus dedos finos como varetas se moviam como se silenciosamente ordenassem algo para Dorothy, ela despede com um pequeno aceno de cabeça para os outros dois adultos dentro da sala antes de olhar com severidade para Olivia e fechar a porta, o escritório ficou silencioso com todos os olhos voltados para Darwin, o amigo não devia estar gostando nada de ter toda aquela atenção para si.

 Darwin ouviria muito da mãe quando chegasse em casa, não por estar todo machucado mas sim por ter estragado algum plano de secção de fotos que o obrigaria fazer, já que Agnes sempre o usava como garoto propaganda de suas publicidades da empresa de entretenimento da família, tentando arduamente, ou melhor, ferozmente fazê-lo sentir o seu eu artístico como ela e o filho mais velho.

 Darwin vinha de duas famílias renomadas de pessoas bem sucedidas, sua mãe mesmo, a famosa Agnes Carpentier era uma atriz bem famosa por conseguir três Oscars de uma só vez; embora Olívia gostasse de dizer que a Sra. Lablanc era a personificação de uma modelo que saiu do catálogo da Victoria Secret, e a mulher fazia jus ao título de atriz musa. O pai de Darwin não ficava muito atrás, apesar de ser muito bonito, Raymond Lablanc não tinha nenhuma habilidade para ser ator, não, Olívia podia dizer que a habilidade artística de Ray era ser muito gato, apesar disso ele compensa sendo o presidente mais jovem, bonito e ainda cheio de cabelo na indústria de entretenimento que não veio do ramo artístico, fora os milhares de prêmios que ganhou em empreendedorismo e agenciamento da bolsa de valores antes de ficar a cargo da liderança da empresa do pai, que era um diretor renomado, e depois abrir a própria empresa.

 E não podemos deixar de fora o irmão mais velho de Darwin, Stephan que no meio artístico era conhecido como Greg Colle, estava debutando como o ator anjinho mirim em ascensão, o que Olívia não gosta nenhum pouquinho de estar por perto, claro, ela não poderia esquecer da avó dele, Linda Colle que embora não trabalhasse no ramo artístico, sua avó era uma famosa Botânica que recebeu o prêmio pela descoberta de uma nova flor exótica que Olívia não fazia questão alguma de decorar o nome.

  A primeira pessoa a quebrar o longo silêncio foi a loira peituda com o vestido vermelho justo e sapatos preto da Louboutin, a Barbie sugababy poderia queimar Darwin vivo com o olhar que  lhe dava do outro lado da sala.  

— Porque devemos dar ouvidos a essa criança ensanguentada e maltrapilho? 

  Olívia que desde o começo da reunião havia ficado de cabeça baixa em silêncio ao lado da cadeira onde o avô estava sentado, ameaça ir em direção da mulher siliconada quando Júlio a segura pelo uniforme, balançando a cabeça ao sussurrar “não vale o esforço", Olívia no mesmo instante volta para a posição ereta como um soldado bem treinado novamente, resmunga alguns palavrões inaudíveis, que o avô provavelmente entende pois pigarra baixo como se risse dela ou apenas estivesse desconfortável com os peitos da mulher a frente deles que quase saiam do vestido toda vez que se mexia bruscamente.

O Poder Das Magnólias (O Poder Por Detrás Da Arte)Onde histórias criam vida. Descubra agora