Bruno

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( narrado por Bruno)
Eram cinco horas da manhã.
Eu estava sonolento e sem fome.
Não imaginava que algo como aquilo tivesse acontecido, apesar de que eu vi acontecer.

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No dia anterior o pai de s/n veio nos visitar.Fizemos um belo café da tarde com comidas gostosas que haviam sido feitas por Julietta ainda no dia anterior.Como quase todos estavam distraídos com as gravidezes, apenas ficamos eu, minha esposa e meu sogro juntos.
Ele insistia em dizer que queria netos.
Se ele soubesse que nem sequer um dia nos tocamos como um casal...
O silêncio pela sala era o maior desafio.Nada como ele para que lembrassemos  que se estávamos juntos nessa tarde a grande parte da culpa era dele.
“ como vai o casamento? Eu quero muitos netos.” Ele dizia esperando que sua filha sorrisse e concordasse, mas a reação foi contrária, ela apenas o encarou, como se essa fosse a forma dela de reclamar sobre o que ele havia acabado de comentar.
- Acho que não tem porque ter filhos tão cedo- eu Rebato.
“ Bem , não estou aqui por isso hoje, mas é bom saber o que pensam.” Ele ajeita sua gola. “ na verdade vim para conversar com minha filha...a sós.” Ele então se referiu de maneira rude que eu deveria sair de lá.Foi o que fiz.Mas como não havia muito a se fazer, resolvi ficar pela cozinha. Bruno Jr estava lá com seus companheiros.Me animei por encontra- ló.

(Narrado por s/n)

Meu pai pediu para que meu noivo nos desse licença.Achei indiscreta a forma pelo qual se dirigiu a Bruno.

" Filha, estou aqui para dizer que vou embora da vila." Ele coçou a barba. " Acho que seria interessante saber o motivo." ele suspirou. " Encontrei uma bela mulher e vou me casar em menos de um mes."

Meu pai teve coragem de dizer que estava apaixonado por outra mulher ? Ele simplesmente sempre dizia que amaria minha mae.Talvez eu seja um pouco egoísta, mas acho que isso é injusto. Eu tive de me casar com alguém desconhecido, mas ele escolheu uma esposa e ainda vai embora para sustenta- lá.
Ridículo.
Não era a melhor forma de poder dizer : " Papi querido, eu quero que você va embora e nunca mais volte." Mas eu apenas cuspi minhas palavras para fora de minha boca com total arrogância:

- Voce teve coragem de vir aqui me dizer algo como isto ? Pai, o senhor acabou com meu direito de escolher a mi amor e agora vem esfregar em minha cara algo como isso ? O senhor nem sequer perguntou a mim como eu estava me sentindo sobre o acordo.Estou com raiva do senhor.Eu não posso acreditar que seu amor por mi madre tenha acabado dessa forma- eu bati meu punho na mesa - Eu te desaprovou como meu pai. Eu não considero o senhor.

" Filha, eu amo sua mãe, mas temos de seguir em frente.Alias, você e Bruno se dão bem.Foi a melhor venda,quero dizer, acordo que pude fazer."

- venda ? - eu o indago- o que quer dizer com isso ?- ele ajeita a postura.

" Quero dizer que, quem casaria com Bruno Madrigal ? Um homem que apenas vê o que acontece de ruim em sua vida.Mulher alguma se aproximaria dele" ele se levanta. " Fiz isso para que se casasse com alguém que teria um pingo de importância. Eu fiz sua vida ser como sua mãe sempre quis"  ele apontou para mim"  e foi a forma mais barata de fazer isso lhe entregando ao pior homem da cidade. Sua mãe teria orgulho de ver você dormir nessa casa. "
- Você me vendeu para Alma ? Quero que te vás agora! -Disse indo em sua direção e o empurrando para casa com a ajuda dos ladrilhos de Casita.

Bruno logo depois apareceu diante de mim com um olhar de surpresa. Eu imaginava algo sujo, mas vender a própria filha e algo que eu jamais imaginaria.

Eu corro abraça-lo.
Ele retribui.

(Narrado por Bruno)

Meu sogro e minha mãe passaram dos limites.Eu me sinto um incapaz.
Sentir o abraço de s/n foi algo que eu precisava, mas não tanto quanto ela. Eu nunca senti raiva de alguém. Não quero que a machuquem.Nao quero que ela passe por uma mágoa tão grande como esta.
 
- está tudo bem? - eu pergunto olhando para seus olhos chorosos.

" Eu não acredito que meu pai faria algo como isso." Ela fungou. " Eu nunca imaginei que ele seria capaz de me vender, capaz de acabar com o resto de amor que tinha em nossas vidas." Ela disse enquanto limpava os olhos. " Preciso descansar." Ela desfez o abraço e seguiu em direção á minha porta.

Talvez ela precise de um tempo para assimilar as coisas, apesar de seu pai ter sido curto e grosso.

Eu quero proteger ela dessas coisas.Desses fardos.E eu sei como é pesado ter de lidar com isso.

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Pela manhã, acordei com um carinho em meu cabelo. Ela estava sorrindo pela primeira vez desde a discussão de ontem. Seu sorriso me deixava sem chão. Retribui o sorriso de forma abobada, pois ainda estava sonolento. Suas bochechas rosadas estavam mais pigmentadas devido a vergonha que ela sentiu. Eu pude desvendar suas expressões depois de algumas semanas de convivência. Lhe dei um beijo na testa.  Enquanto acariciei seu cabelo ondulado bagunçado.

" Bom dia" ela disse com a voz trêmula de sono.

- bom dia.

Eu sabia o que sentia quando isso acontecia. Foi apenas uma questão de tempo até que eu me apaixonasse por ela.Me levantei, quando senti que ela se afastou para fazer o mesmo.  Seu humor estava parecendo o de sempre. Sorridente e quieta. Eu entendo.

Apesar de gostarmos de sairmos juntos para fazer as obrigações com a vila, hoje ela preferiu ficar em casa.



Senhorita Madrigal  ( Bruno X Fem Reader ) Onde histórias criam vida. Descubra agora