Ela sai quase todos os dias, não querendo nem ter levantado da cama. Ela anda a passos rápidos, velozes, pra tentar chegar mais rápido do outro lado da avenida. Lá ela pegará um BRT q vai direto para a integração de Abreu e Lima. Ela anda e anda e anda, quanto mais ela anda, mais ela tem a impressão q a parada do ônibus fica cada vez mais longe, ela tem vontade de desistir e voltar pra casa, ela sente falta da força q o café da manhã, que ela não tomou, daria. Ela tá quase lá, quase na parada, está a uma pista e alguns metros de distância. Mas pra sua infelicidade, quando ela olha pra trás checando se já pode atravessar ela vê o ônibus, que passa direto por ela como se ela não fosse nada, ela olha desconsolada para o ônibus. Ela tá tão perto da parada, apesar de cansada ela não se deixa abater. "Vai vir outros, já já passa outro, não vai demorar." Ela pensa sem ter certeza disso, pq apesar de está cansada, com sono e achando que pode desmaiar a qualquer momento, ela está tentando ser positiva. Pq? Vc me pergunta; Pq ela está apaixonada. Em todo o caminho em q ela tem pressa pra chegar na parada ela observa um pouco de sua amada em detalhes pequenos, que muitos considerariam mundanos, mas pra ela é bonito. Como por exemplo as flores pequenas e amarelas do caminho q cresceram aos montes apesar do asfalto e da sujeira. Ela sorri abobada para o vento, lembrando da primeira vez q deu uma flor a moça bonita q tem posse de seu coração. Assim q chega na parada, suada, cansada e com sede, olha pra longe procurando um ônibus q não dá nem sinal de aparecer, mas ela não se deixa abater. Pq? Vc me pergunta; pq no seu fone de ouvido as vozes das anavitoria canta a música calendário, ela lembra q essa música está na playlist dedicada a ela, ela sorri apesar de suada, cansada e com sede. A playlist toca mais duas ou três músicas quando o ônibus tão esperado surge bem longe. Ela se prepara pra estender a mão, agr finalmente ela vai poder sentar e descansar, pelo menos até chegar na integração. Ela senta quase todas as vezes no mesmo acento, encosta no vidro e olha a cidade passando depressa pela janela, sua mente começa a ir longe pensando nela, ela lembra do passado, do sorriso da sua amada, das suas mãos, da sua voz, dos seus beijos e do seu abraço. Ela pensa no presente, no tamanho da saudade q faz morada em seu peito. E ela imagina o futuro.
Ela chega em seu apartamento e deixa as compras em cima do balcão, um apartamento nem tão grande, mas aconchegante, o suficiente pra ela e seus dois gatinhos, uma se chama Gaia e o outro se chama Hades. Ela vai até a varanda e observa a paisagem, olha para baixo e se sente pequena diante da imensidão da cidade. Está quase na hr, ela olha em volta pra ter certeza q está tudo certo, senta na cadeira acolchoada super chique da varanda e pega seu celular. Digita "cadê vc?" E envia a mensagem. Ela sabe q não será respondida, ela sabe q só vai saber onde ela está quando ouvir a campainha, e foi exatamente o que ela acabou de ouvir, seu coração chega a errar uma batida. Levanta empolgada e vai até o interfone, dá autorização para q o porteiro deixe ela passar, e espera mais um pouco até ouvir as batidas na porta. Abriu a porta com a saudade maior q ela, e viu. O tempo pareceu desacelerar, um segundo pareceu hrs e aquela visão... Nossa. Ela viu sua amada, com seus cabelos cacheados na cor castanho claro, olhando para ela com aquele olhar, nossa q olhar, com seus óculos charmosos. Viu aquela boca bem desenhada coberta por um batom vermelho lindo, deu vontade de provar daquele batom, e ela provou. Se aproximou passando seus braços envolta do pescoço da maior, ficando um pouco, mas só um pouco na pontinha dos pés, e selou seus lábios, uma vez, duas, três vezes, afastou um pouco seu rosto pra poder admirar aquela face escupida por Deuses. Sentiu as mãos dela em sua cintura e seu corpo quente e maior q o seu, se concentrou naqueles olhos, castanhos e eletrizante, com um delineado bonito.
-Eu tava com saudade.- ela mesma foi a primeira a falar.
-vamo entrar.- sua amada sussurra perto de sua boca e deixa um beijo ali.
Só então ela percebeu as três malas ali no chão, ao se afastar, contra sua vontade, de sua amada, pegou as duas malas maiores e começou a entrar com um pouco de dificuldade de volta para o apartamento.
-pq vc pegou logo essas? Vc sabe que é fraca.- sua amada a provocou, como sempre.
Ela força uma risada sarcástica e fala alguma coisa para rebater a provocação, enquanto leva as duas malas para o quarto. Observa a moça bonita colocando a última mala do lado das outras, é incrível como fazendo qualquer coisa ela pode ser linda.
-vamo pra varanda, o sol já vai se pôr.- fala e vai em direção a porta do quarto, mas sente uma mão lhe puxar pela cintura. Sente mais uma vez seus corpos colocados e sente a respiração de sua amada próxima a sua boca, mais uma vez ela olha no fundo daquela imensidão castanha e mais uma vez tem a certeza q nunca vai se cansar de olhar pra ela. Mais uma vez, se beijam.
Sua amada senta na varanda olhando para o céu enquanto ela pega um vinho caro, q ela comprou um dia antes, na geladeira. Pega duas taças e vai de encontro com o amor da sua vida. Entrega a taça em sua mão e deixa um selinho em sua boca, sorri inevitavelmente.
-vc acha q esse vinho é bom?- sua amada pergunta, enquanto ela senta ao seu lado e enche até a metade de suas taças com aquele vinho.
-bom é beijar vc, esse vinho no máximo é aceitável. Apesar de ter custado um rim.- fala e ri em seguida.
E nesse clima leve, o sol foi se pondo pra elas, enquanto elas riam, fotografavam uma a outra sem permissão, roubavam beijinhos e fazia cosquinhas tentando não derrubar o vinho q custou caríssimo e mesmo assim elas não gostaram muito. O sol se pôs, a única coisa q as iluminava eram as luzes da cidade e a lua cheia em sua mais perfeita forma. Ela se sente completa, ela se sente genuinamente feliz, ela sabe q ama e que é amada.
-vc gosta de mim?- sua amada pergunta. Ah se ela soubesse... Ela pegou o rosto da moça bonita em suas mão pequenas e olhou no fundo de seus olhos.
-Eu te amo, mulher.- falou com um sorriso involuntário.
-Me ama quanto?- perguntou insistente.
-Além da lua, ida e volta.- se aproximou e mais uma vez a beijou.
A garota apaixonada nota q as pessoas do ônibus começaram a levantar, ela olha em volta e percebe q voltou para terra novamente, mais especificamente, ela está na integração de Abreu e lima, assim como no dia anterior. Elas estava mais uma vez no mundo das idéias, que ela quer muito, muito, que um dia não seja só uma ideia. Ela desse do ônibus voltando a sua rotina normal, entendiante e cansativa, mas ela não se deixa abater. Pq? Vc me pergunta; pq ela tá completamente apaixonada.
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