Rafaella chegou no local do evento ao lado do marido, com o braço entrelaçado ao seu, mas mais distante emocionalmente impossível.
Se policiou a todo momento para não transparecer o quanto se sentia incômoda nos braços de Rodolffo, pois sabia que mesmo o evento se tratando de condecorar Daniel e seu ato heroico os olhos de todos estavam em si.
Se falavam bem ou se falavam mal, Rafaella não se importava. Fofocas edificavam aquelas pessoas e juntamente a sua candidatura. Sorriu quando foi preciso, sempre lançando olhares ao marido como se precisasse da confirmação dele.
Era importante para aquelas pessoas que Rafaella fosse uma mulher de família, e sendo Rodolffo a sua, ela se agarrava a ele como fosse preciso.
Foi em meio a uma conversa longa e entediante de um veterano da polícia junto de sua esposa que Rafaella deixou o olhar vagar pelo salão encontrando Bianca junto de Daniel.
Ambos vestiam seus uniformes, mas os verdes não se perderam no rapaz alto ao lado da agente, muito longe disso. Rafaella, quase no sentido literal da coisa, só tinha olhos para Bianca.
A agente ria de algo que o colega de profissão contava, e sem ter a mínima noção de que roubava toda a atenção da candidata para si, oferecia lindos sorrisos a quem tivesse a oportunidade de observar. Rafaella era uma dessas pessoas.
Piscou os longos cílios, deixando que o desejo de assistir Bianca tão descontraída fosse mais forte do que o dever de continuar a conversa maçante ao lado daquele casal de velhos.
Só parou de encarar a agente quando os castanhos flagraram o pequeno delito. Engoliu em seco, e voltou a fitar o marido totalmente concentrado no que o velho dizia. Tentou ignorar a vontade de voltar a encarar Bianca, mas por poucos segundos deixou o pecado falar mais alto.
Procurando a agente pelo salão, da forma mais discreta que conseguia, Rafaella avistou Bianca caminhando já sem Caon ao seu lado. Parecia ser ignorada pelo alto escalão da corporação e aquilo de alguma forma atingiu a candidata. Não pôde manter seus olhos na morena, pois Rodolffo tocou seu ombro com sutilmente pedindo sua atenção na conversa.
— ... Não imagino que irá demorar para que o doutor encontre o culpado desse crime terrível, Rafaella. — Dizia o velho de forma pomposa, apontando com o queixo Rodolffo. — Longe de mim querer apontar alguém, até porque todos são inocentes até que se provem o contrário, mas levando em consideração meus anos de experiências, o culpado deve estar mais próximo do que imaginam — Não deixava de ser uma obviedade até para Rafaella, mas ainda assim fingiu surpresa emendando com uma que veio de súbito quando Rodolffo pareceu de repente tenso ao seu lado, coisa que ela não deu tanta atenção assim.
Rafaella queria que aquele assunto se encerrasse o quanto antes. Desejava, por algum motivo desconhecido, se aproximar da agente Andrade para saber se ela estava bem diante daquele circo.
Dar ouvidos a um velho próximo da caduquice era a última coisa que desejava para aquela noite. Contudo, relações geravam poder, e sendo alguém na corrida por uma cadeira no senado, Rafaella iria cultivar todas as relações que pudesse.
Sentada a mesa destinada a ela e a Rodolffo, Rafaella bebericou um pouco do champanhe que tinha roubado de um garçom que passava por ali, e fitou o marido.
Rodolffo não estava mais tenso como antes. Observava a movimentação dos outros convidados, acenando quando um deles o cumprimentava à distância. Não dava a mínima para o incômodo do marido. Seja lá o que fosse que tinha deixado o homem daquela forma, não merecia sua atenção.
Já uma agente sisuda...
— Está procurando por alguém? — Perguntou Rafaella depois de um tempo assistindo Rodolffo passear os olhos pelo salão.