Capítulo 1 Imensidão Azul

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À deriva, perdida em meio a uma imensidão azul sem fim, onde para todos os lados que eu olhe só consigo avistar o mar, o sol e a lua, não sei quanto tempo faz que estou aqui, não sei nem se meu barco está se movendo pois parece que nunca saio do lugar apesar da pequena vela estar cheia, há dias a comida acabou e a fome está lentamente me corroendo desde então, para piorar minha situação a água também teve seu fim 2 dias atras, solto uma risada, quem diria que de todos os modos existentes de morrer eu acabaria desse jeito? É até cômico de se pensar, uma pirata à deriva no mar da Grand Line sem um logpose, sem comida e sem água, rio novamente, é realmente uma situação bastante cômica. Me debruço sobre a borda de meu pequeno barco e ponho a mão na água fazendo pequenos círculos na mesma.

- O que ele diria se te visse desse jeito? – falo com uma voz rouca que não se parece nem um pouco com a minha – certamente ele iria nos repreender por fazer uma burrice dessas, igual ele fez quando a gente entrou aquela vez escondido no navio dele – solto uma pequena gargalhada – acho que foi a primeira vez que vi o titio tão irritado, e com razão, realmente navios piratas não são lugar para uma menininha de 7 anos, mas parecia tão divertido poder viajar e eu sentia tanta falta dele quando ele partia- começo a tossir, é o jeito de meu corpo pedir para não gastar a pouca energia que temos falando besteiras, minha garganta está ardendo como se estivesse em chamas, outro sinal da desidratação, acho que não tenho mais muito tempo, lamento por não ter comprido o meu objetivo, fazem 6 anos, 6 anos desde aquele dia na costa da pequena ilha no east blue que eu chamava de lar

Flashback on

O dia mal havia amanhecido e já fazia calor sinalizando que estávamos no ápice do verão e apesar de mal ter dormido durante a noite passada eu já estava de pé treinando, se eu quisesse ir para viagens de verdade com o meu tio eu teria que treinar muito e provar para ele que eu já tinha forças o suficiente para me virar sozinha sem a sua ajuda, corrijo minha postura ao perceber que havia abaixado os ombros inconscientemente e volto a brandir minhas espadas no ar, eu as tinha fazia pouco tempo e ainda não tinha pegado totalmente o jeito de lutar com elas, de repente noto uma movimentação na costa, e vejo o titio carregando algumas caixas para dentro de seu navio, corro até lá para saber o que está acontecendo.

- Bom dia tio! O senhor vai viajar? – pergunto ansiosa para saber se poderia ir junto como da última vez

- Sim, vou sair em alguns minutos, e não você não pode ir junto dessa vez – ele fala enquanto pega outras caixas e coloca no navio

- Porque não? Eu já sou quase uma adulta e já sei me defender sozinha o senhor mesmo não me deu essas katanas para poder aumentar minhas habilidades de esgrima? – o indago levantando as espadas que a pouco usava para treinar

- Primeiro 14 anos não há nada de adulto, você ainda é uma criança Lia e segundo você não consegue nem treinar direito com essas espadas quem dirá usa-las em uma luta real, e eu muito menos quero que um dia você precise realmente entrar em uma batalha – ele disse me lançando um olhar que era ao mesmo tempo severo e carinhoso

- Se não é para mim entrar em batalhas por que o senhor fez tanta questão de me ensinar esgrima? – digo o olhando indignada por ele me subestimar

- Querida, eu querer que você nunca entre em brigas não quer dizer que de fato você nunca vá entrar, e por mais que eu odeie admitir isso, não é sempre que eu vou estar aqui para te defender, e é por isso que quis que você aprendesse a lutar, para que no futuro você consiga se defender por si própria – ele suspirou e parou na minha frente, seu grande porte o fazia parecer um gigante comparado a mim – mas ainda não está na hora de você fazer isso, o lugar para onde eu vou é muito perigoso e eu posso correr o risco de te lavar junto ok? – ele passou a mão nos meus cabelos – por agora eu quero que você fique por aqui e treine bastante, e quem sabe na próxima eu te leve junto.

- Mas tio eu não quero ficar sozinha – disse o abraçando – e se você demorar para voltar? Ou se você se perder? Ou e se... e se... e se acontecer com você o mesmo que aconteceu com os meus pais? – digo com a voz tremula – tio por favor me deixe ir junto com você – digo o abraçando mais forte

- Minha querida Lilian eu te prometo que nada de mal vai acontecer comigo, já se esqueceu que eu sou incrivelmente forte? – ele disse dando uma risadinha e olho em seus olhos

- O senhor é convencido isso sim – digo sorrindo e ele põe a mão no peito como se estivesse ofendido

- Essa doeu – ele disse rindo e se afastou indo em direção ao navio – mas agora preciso ir

- Tio eu prometo que vou treinar todos os dias até ficar tão forte ou até mais que o senhor, então você nunca mais vai ter motivos para não me deixar ir junto nas suas viagens – digo determinada segurando minhas espadas

- Tudo bem – ele diz com um sorriso no rosto – e eu prometo retornar o mais breve o possível para ver o quão forte você ficou.

Flashback off

Depois disso nós nos despedimos e ele embarcou em seu navio, desde então nunca mais o vi, eu passei 2 anos sozinha naquela ilha treinando diariamente esperando que ele voltasse, até que eu percebi que tinha alguma coisa errada, então usei um dos barcos que tinha lá e comecei a viajar pelo mundo a procura do meu tio, ao longo desses 4 anos muitas coisas aconteceram, vivi muitas aventuras, tive minha primeira paixão e acabei comendo a Kaze Kaze no mi a fruta do vento. Mas nada disso importa mais, eu vou morrer, e vai ser do jeito mais patético o possível, sozinha e em alto mar cercada somente pela imensidão azul.

E então de repente eu sou coberta por uma enorme sombra, é um navio, me levanto rápido e quase caio na água, mas consigo me recompor apesar da fraqueza que grita em meus músculos querendo que eu ceda, mas resisto, então eu vejo algumas silhuetas perto do batente do navio me observando, logo saco minhas lâminas, eu já iria morrer mesmo então que fosse com a honra de ser lutando

- Nã..não se aproximem – falo e começo a tossir

- Você precisa de ajuda moça? – o menino com chapéu de palha fala olhando em minha direção, ajuda, era uma oferta tentadora, mas não podia confiar em estranhos

- Só... só vão embora – o esforço para me manter de pé era cada vez maior, então comecei a ver minha visão escurecendo – eu... eu não... eu não preci....

E então tudo apagou, senti meu corpo cair e então a água fria do mar me puxar cada vez mais para baixo, achei que esse seria meu fim definitivo, até que de repente uma nova sensação aparece, braços musculosos estavam rodeando meu corpo e me puxando para cima. Mesmo eu falando que não queria ajuda que seria a pessoa que se despôs a pular na água por mim?

Entre espadas e foligemOnde histórias criam vida. Descubra agora