Capítulo 4

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                         Kathleen

  Estava tentando arranjar uma forma discreta de subornar o zelador da escola. Não tem como eu chegar nele e dar um maço de dinheiro na sua mão. Talvez puxar ele pra algum canto,ou prender ele na dispensa da cozinha? É,pode ser que funcione. Meus pais nem questionaram quando dei um pulinho no banco e voltei com 5mil dólares na bolsa. Eu gasto 4 vezes mais que isso em um único colar então tanto faz. Na minha família,5mil dólares é dinheiro de bebida.
  Algumas pessoas dizem que dinheiro não compra felicidade. Eu discordo. Não entendo como posso ser infeliz tendo jóias que custam um carro novo,ou com roupas que compram um apartamento. Bem,pelo menos eu prefiro ser infeliz em um hotel 5 estrelas em Dubai.
  Já tentei falar com o Max umas 7 vezes,mas ele não atendeu nenhuma. Já deixei inúmeros recados,no começo perguntando porque não me atendia e depois xingando ele. Até onde eu sei,não tem motivos pra ele não me atender,eu nem sequer soquei ele.
  Tentei pela última vez e desisti. Graças a Winter eu tenho o número do Scott,como ele e o Max não se desgrudam,pode ser que ele saiba onde aquele desgraçado foi.
  Liguei e ele atendeu incrivelmente rápido.
   - Kathleen?
   - Oi Scott.
   - O que você quer?
   - Você sabe onde o Max está? Liguei pra ele várias vezes e ele não atendeu.
   - Não faço a mínima ideia de onde ele foi. Imagino que foi resolver alguma coisa importante.
   - Por que você acha isso?
  Resolver alguma coisa importante? Ele provavelmente avisaria os caras né?
   - Porque ele nem deu as caras no treino hoje,e ele nunca falta. Tipo nunca mesmo.
   - Ah.
   - Era só isso?
   - Era.
   - A então beleza.
   - Você sabe se tem algum lugar onde ele possa estar? Sei lá,um restaurante ou algum shopping?
  Talvez ele tenha ido fazer compras,embora não me venha a cabeça Maxwell carregando várias sacolas cheias de roupas. O pensamento quase me fez rir.
   - Olha Kath,o único lugar que eu sei que ele vai bastante é o Chiquito's Bar. Talvez você encontre ele lá.
   - Obrigada de verdade Scott.
   - Magina.
  Então lá vamos nós,próxima parada Chiquito's Bar.
  Peguei minha bolsa,meu celular e a chave do carro e saí de casa. Tinha uma ideia de onde era esse tal bar,mas coloquei o endereço no GPS por precaução. Fui dirigindo e logo avistei a fachada verde e vermelho. Bar mexicano? Ao menos parecia.
  Larguei o carro no estacionamento e avistei sua Mercedez, fui entrando no bar,o lugar estava lotado,não tinha uma mesa vazia. Uma mulher de uns 30 anos veio falar comigo.
   - Boa tarde senhorita, infelizmente estamos lotados,mas talvez se você esperar uns minutinhos consiga uma mesa.
   - Não quero uma mesa senhora,estou procurando um... Amigo.
   - A claro, perdão. Quem seria seu amigo? Posso levá-la até a mesa.
   - O nome dele é Max,cabelo preto,olhos azuis...
   - Um cara alto?
   - Sim.
  Se ela me levasse até a mesa dele facilitaria muito.
   - Então sei onde ele está. Vamos?
  Fui seguindo ela,o lugar era imenso. Ela me levou até às escadas que davam pro segundo andar e percebi que também tinha um terceiro. Isso explica o porquê do estacionamento lotado. Fui andando atrás dela igual um assombração porque tenho certeza que se piscasse,eu a perderia de vista. Chegamos em um cantinho escuro que tinha três mesas com sofás,estavam todas ocupadas. Uma delas,pelo Max.
  Agradeci a gentileza da mulher de me trazer até aqui,e ela simplesmente abanou a mão e saiu andando novamente. Ver que ele não me atendia porque estava na merda de um bar de irritou profundamente.
Sentei na frente dele e o mesmo pareceu não perceber a minha presença. Sua cabeça estava encostada na parede. Estalei os dedos na esperança de chamar sua atenção,e funcionou. Ele me olhou,mas parecia fora de si.
   - Ei porque você não me atendeu?
   - Aham.
  Aham? Ele estava pedindo pra apanhar. Sua cabeça tombou de novo pra trás. Me levantei e sentei do seu lado,agarrei seu queixo o obrigando a me encarar. Senti um cheiro de tequila muito forte e quase vomitei.
   - Porra Max,você está bêbado igual um gambá.
   - Me deixa em paz Kathleen.
   - Não,não vou te deixar em paz. Você não me atendeu e ainda está me devendo 5mil dólares.
  Ele não respondeu. O meu Max jamais me deixaria cobra-lo,ele com certeza responderia ou me xingaria.
  Dei uns tapinhas de leve no seu rosto pra ver se ele prestava a mínima atenção em mim. Não funcionou. Ele só me empurrou. A está altura já estava pau da vida com ele e com toda essa merda de ficar bêbado e não atender porra nenhuma.
   - Escuta aqui Maxwell,nós temos coisas pra resolver e eu não tenho o dia inteiro ok? Então primeiro de tudo, porque caralhos você faltou no treino e veio aqui encher a cara?
  Ele simplesmente me ignorou,sei que está ouvindo mas fingindo que eu não passo de um bicho idiota na porra da sua orelha.
   - Responde!
   - Porque a minha mãe morreu! Satisfeita? A porra da minha mãe morreu há uma hora e eu não posso vir aqui beber até cair inconsciente porque você não me deixa em paz,porra!
   - Ah.
  Foi a única resposta que eu consigo dar nesse momento. A sua mãe,a Charlotte. Morta. Meu deus,como isso foi acontecer?
  Minha irritação automaticamente sumiu,sentei do seu lado sem saber o que dizer. Ele começou a chorar,mas não fiz nada. Nunca soube como consolar as pessoas,eu deveria dizer que sentia muito? Ele encostou a cabeça no meu ombro e chorou. Não sei o que me movia,mas passei um dos braços pelos seu ombros o trazendo mais pra perto,e o abracei,apoiando o queixo no topo da sua cabeça.
  Fiquei ali por um bom tempo,não sei exatamente quanto. Só percebia o passar do tempo por causa das pessoas saindo. A mesma mulher que me trouxe até aqui apareceu de novo e pediu que nós saíssemos porque o bar estava fechando. Como um pedido de desculpas ela disse que era por conta da casa. Me levantei e comecei a puxar o Max,mas ele estava mole e muito pesado. Fiz mais força e consegui puxar ele. Enlacei sua cintura e ele passou um braço pelo meu ombro quase me derrubando. Como ele é tão pesado? Por pura força de vontade consegui descer às escadas,era como se eu estivesse carregando um morto mas ele estava colaborando,conseguia mexer as pernas. Cheguei até o meu carro,abri a porta do passageiro e coloquei ele lá já colocando o cinto de segurança. Ele começou a protestar mas nada que um cala boca não resolva. Fechei a porta e fui para o meu lugar. Liguei o carro e fui pra casa. Não sabia pra que outro lugar eu o levaria.
  Parei em um mercadinho para comprar café. Café puro corta o efeito da bebida,e será bem mais fácil conversar com ele quando estiver mais sóbrio.

 

Too drunk for your loveOnde histórias criam vida. Descubra agora