Kathleen
Todos nós corremos até o terceiro andar de onde o grito veio. Alguma coisa me dizia que eu sabia o motivo daquilo,mas não quis acreditar. Chegamos lá em cima e uma menina estava desmaiada na porta da sala proibida,cuja a porta estava aberta. Nos olhamos e chegamos a conclusão de que estávamos pensando as mesmas coisas. Eu fui a primeira a entrar e ver o corpo. Reconheci apenas pelo cabelo loiro claro porque seu rosto estava totalmente deformado. Valeria. Suas roupas estavam rasgadas deixando seus seios expostos e sua barriga estava cheia de arranhões e cortes. Ao seu redor havia uma imensa mancha de sangue seco. Olhei pra trás e vi diversos alunos com os celulares,tirando fotos. Um deles estava chamando a polícia que pelo o que entendi chegaria em 5 minutos. Olhei ao redor da sala procurando alguma coisa que nos desse uma ideia de quem tinha feito isso. Olhei várias vezes até que vi alguma coisa perto do pescoço de Valeria; cheguei mais perto e vi que era um colar prata. Discretamente agachei e o peguei com a barra da camiseta e coloquei ele no bolso da minha calça. Levantei e fui até a porta,já ouvindo a sirene da polícia. Os polícias chegaram armados e perguntando o que tinha acontecido. Como não sou idiota já rapidamente saí da sala e fui descer,não precisei nem perguntar porque sabia que as aulas estariam suspensas por hoje. Vi Aisha me seguindo e puxando o resto da galera. Não tinha muito mais o que ver lá,era só uma garota toda estourada que provavelmente foi estuprada por um filho da puta sádico. Era trágico,mas estaria mentindo se dissesse que me importo com ela. Coisas assim infelizmente acontecem com uma grande frequência,então a gente acaba se acostumando. Nunca imaginaria que rolaria um assassinato na minha escola,tudo bem estamos em Los Angeles e tal mas é muito louco pensar que tem uma pessoa morta no lugar onde você estuda. Vi mais pessoas da polícia chegando, provavelmente os peritos e algum tipo de reforço. Desci as escadas e fui até meu armário pegar minha mochila,nem me importei com o que os outros iriam fazer. Tenho muitas coisas pra resolver decorrente ao evento da Wystz'. Minha mãe não vai estar aqui por causa da viagem mas vai rolar tudo normal mesmo assim. Fiquei sabendo que esse ano teríamos um convidado vip a mais,não sei quem é mas provavelmente vou ficar sabendo em algum momento. Peguei meu celular e vi que tinha várias mensagens dos meus pais. Nada de importante,só lembrando das coisas que nós temos que organizar. Saí andando pro estacionamento quando ouço alguém me chamando. Parei e vi que era o Max.
- O que foi?
- Onde vai ser o evento da Wystz'?
- Que?
- O evento porra,que vai rolar na sexta.
- Até onde eu sei você não foi convidado nem vai ser.
- Na verdade fui sim - ele pegou o celular do bolso e me mostrou seu convite vip - viu?
- Nem fodendo,como você é um convidado vip?
- Olha também não sei,achei que você soubesse de alguma coisa.
- Se eu soubesse, você pode ter certeza que esse convite não estaria mais aí.
- Muito engraçadinha né. Será que sua mãe fez isso?
- Não sei,minha mãe nunca dá satisfação pra ninguém então tem uma chance. Mas vocês mal se conhecem,por que ela faria isso?
- Descobre,liga pra ela.
- Ela deve estar em alguma reunião,vou mandar uma mensagem e quando ela puder ela me responde.
Desbloqueei meu celular e entrei na conversa da minha mãe, Max veio pro meu lado ver o que eu mandaria e tive que engolir a vontade de dar uma ombrada nele. Mandei uma única mensagem.
Maxwell convidado vip. Você jura mãe?
Pra minha surpresa ela respondeu na hora.
O evento é meu,portando os convidados são da minha conta. Estou ocupada,se cuida filha.
Max começou a ter uma crise de riso do meu lado e eu embalei junto.
- Eu te disse que ela não dá satisfação pra ninguém.
- Adoro sua mãe.
- Pelo visto o sentimento é recíproco.
- Onde você vai? Não tem mais nada pra fazer aqui.
- Eu vou pro shopping resolver minhas roupas e jóias.
- Posso ir junto?
- Não.
- Ótimo.
Ele entrou no carro,sentou no banco do passageiro e já colocou o cinto de segurança.
- Bora motorista,o que está esperando? - deu dois tapinhas no teto do carro.
Tive que respirar fundo três vezes pra não socar a cara dele.
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- Esse vestido ficou lindo em você.
Nós estávamos na loja da Versace e a vendedora estava tentando me convencer de qualquer maneira a levar esse vestido. Ele era lindo mas não sei se faz meu estilo. Era roxo escuro com linhas lilás e ia até o meio das minhas coxas. Tinha uma pegada mais futurista.
- Ele é lindo mas quero experimentar aquele ali - apontei pro vestido vermelho na vitrine da loja.
- Claro.
Essa moça era bem simpática,me atendeu muito bem. Pegou o vestido e me entregou com cuidado. Fui para o provador e tirei aquela coisa roxa desconfortável. O outro entrou incrivelmente mais fácil e era muito mais fácil de se mexer. Suas alças eram grossas e cruzadas que ficavam presas ao meu pescoço deixado a lateral dos meus seios à mostra. Ele chegava até o chão e arrastava,na perna direita tinha uma fenda incrível que começava um pouco abaixo do meu umbigo,deixando meu quadril mais largo e definido. Nas costas havia um decote tão profundo que chegava quase no topo da minha bunda,deixando a mostra toda a minha tatuagem de dragão. Me senti incrível naquele vestido e tive certeza de que ele seria o escolhido. Saí daquele provador igual a própria modelo da Victoria's Secret. A vendedora me olhou de cima a baixo,seu rosto só demostrava admiração.
- Me desculpe se estou sendo muito franca mas você está simplesmente espetacular. Esse vestido foi feito pra você,o senhor não acha? - ela perguntou pro Max que estava quase abrindo um buraco na minha coxa que estava exposta.
- Sim sim, é lindo. - ele parecia hipnotizado.
Ótimo saber que as horas na academia e uma fenda gigante funcionam. Me olhei num espelho gigante que tinha em uma das paredes e me senti uma deusa,não era,mas me senti como uma.
- Vou levar esse vestido e esse sapato aqui - peguei o salto alto também vermelho com tiras de diamantes que já tinha experimentado e entreguei pra ela - já vou tirar o vestido.
- Quer ajuda com o zíper? - Max perguntou na cara de pau.
- Não tem zíper, imbecil.
Ele riu e vi a vendedora segurando o riso também. Fui pro provador e tirei o vestido colocando novamente minha calça jeans e minha regata preta. Era difícil eu usar roupas muito chiques no dia a dia, principalmente quando ia pra escola. Se arrumar pra que? Vou ficar treinando na quadra,suando e sujando toda a minha roupa. Dobrei com cuidado o vestido e o entreguei pra moça. Fomos pro caixa, Max levantou do sofá que estava sentado e ficou do meu lado, a outra menina do caixa cobrou as duas peças.
- Apenas o vestido e o sapato certo?
- Isso mesmo.
- Ficou 20mil dólares no total. Débito ou crédito?
- Débito.
- Vai parcelar?
- Não,vai ser a vista mesmo.
Ela pegou meu cartão Black e inseriu na maquininha,digitei a senha e guardei meu cartão de volta. A vendedora pegou as duas sacolas e nos acompanhou até a porta.
- Obrigada pela preferência e um ótimo dia.
- Pra você também.
Peguei as sacolas e fomos andando pelo shopping.
- Acho que vou aproveitar e comprar a minha roupa também. Já que sou um convidado vip tenho que me vestir ao nível certo?
- Sim,nem pense em pegar qualquer terninho pra ir ao evento da minha mãe.
- Qual loja vossa excelência recomenda?
- Prada. Clássico e elegante.
- Então é para a Prada que vamos.
Tivemos que andar um pouco porque a loja era do outro lado,mas estávamos em um ritmo bom então chegamos rapidinho. Deixei ele passar na minha frente e já foi logo conversando com os vendedores. Deixei minhas sacolas encostadas num dos sofás e fui olhar as botas. Não achei nada de interessante então sentei no sofá confortável e esperei a princesa. Ele saiu várias vezes do provador mas não encontrava nada que o agradasse. Em determinado momento ele saiu com um terno preto impecável que eu até me endireitei pra olhar melhor. Ele estava deslumbrante naquilo, definitivamente digno de um vip. Já comprou os sapatos e saiu de lá com sua roupa completa. Deu 25mil dólares no total,não achei tão caro.
- Aprovado?
- Você já comprou mesmo.
- Não se faça de sonsa,eu vi você me olhando.
- Talvez você esteja vendo coisas demais.
- É,talvez esteja. Onde nós vamos agora?
- Comprar jóias.
- Aonde?
Simplesmente olhei pra ele com malícia e o mesmo sacudiu a cabeça. Essa compra sairia bem cara. Fomos andando em silêncio até minha loja favorita. A estimada Bulgari.
- Não,não,não. Não vou entrar aí.
- Por que? - estava me divertindo.
- Porque eu vou largar um carro aí,e você também.
- Ainda bem que meu carro é mais caro que essas jóias. - e entrei.
Dois vendedores vieram na nossa direção,uma mulher atendeu o Max que já foi direto nos relógios e um homem baixinho veio falar comigo.
- Bom dia senhorita.
- Bom dia.
- Procura algum produto específico?
- Ainda não,mas vou dar uma olhada.
Ele assentiu e se afastou. Comecei a olhar as jóias caríssimas que tinha nessa loja. Vi ametistas,safiras e rubis mas o que realmente chamou minha atenção foi o um conjunto de esmeraldas que estava num manequim. Era o colar em formato de uma cabeça de serpente,um par de brincos com o mesmo formato,um anel e uma pulseira. Todas as peças eram inteiras de diamantes e as maravilhosas pedras verdes. Coleção Serpenti pelo que li na plaquinha.
- Esses itens são lindos não é mesmo?
O vendedor se materializou do meu lado me assustando.
- Sim,são perfeitos. Vou levar o conjunto todo.
O vendedor hesitou por um momento. Me olhou de cima a baixo com uma cara de desprezo e disse:
- Hm, perdão mas não acho que a senhorita possa comprar um conjunto desse.
- Qual o seu nome?
- William.
- Pois bem William,se eu quisesse eu poderia comprar a porra dessa loja inteira você me entendeu? Caso não me conheça,muito prazer,sou a única herdeira da Wystz' e das empresas Banasiewicz. Meu nome é Kathleen e eu exijo que você pegue esse maldito conjunto e enfie ele numa sacola porque eu vou levar.
- C- certo senhorita Kathleen.
Ele rapidamente foi buscar o conjunto e embalar tudo. Odeio esse tipo de gente,que despreza os outros apenas porque estão usando determinada roupa ou tem uma certa cor de pele. Max continuava olhando os relógios e pelo visto havia feito sua escolha. Fui pro caixa pagar tudo,já me preparei psicologicamente porque sabia que essa seria uma das compras mais caras da minha vida.
- A senhorita vai levar o conjunto Serpenti. Uma ótima escolha.
- Definitivamente. - tentei não ser grossa com a mulher do caixa,mas aquele cara acabou com o meu bom humor.
- Tudo ficou 103mil dólares. Cartão?
Respirei fundo e peguei minha carteira. Era muito dinheiro,a fatura que me aguardasse.
- Vai pagar a vista?
- Sim. - aí se arrependimento matasse.
- Bom,nesse caso vai ter um desconto. O novo valor é de 100mil.
- Passa no crédito por favor.
Ela digitou o valor e eu paguei, Max já aproveitou e pagou o dele. Um relógio chiquérrimo,dois anéis e duas pulseiras; o valor foi exatamente o mesmo. Peguei minhas outras sacolas e saímos de lá, mas antes fiz questão de me exibir pro vendedor babaca. Ele parecia realmente chocado com a compra,não é todo mundo que gasta um carro em 4 peças.
- Vi você discutindo com o vendedor,o que rolou?
- Ele achou que eu não poderia bancar isso aqui - balancei a sacola - só por causa das roupas que eu estou usando.
- Que babaca.
- Não é?
- E você fez questão de comprar tudo e pagar a vista. - ele riu - bem você mesmo.
- É,sou orgulhosa. Mas e você que largou 100mil também.
- Nem me fale,já estou arrependido. Você me corroe Kath.
- Eu? - dei risada - você comprou porque quis.
- Não foi bem assim. Acho que se eu não comprasse nada você provavelmente me estrangularia.
- É,talvez tivesse uma chance disso acontecer.
- Vamos almoçar?
- Você que vai pagar? - perguntei.
- Não seja ridícula.
Ambos deram risada e fomos num restaurante de comida japonesa. No momento em que nos sentamos vi Winter me ligando.
- Oi Winter, aconteceu alguma coisa?
Oi Kath,acho melhor você parar o que está fazendo e vir aqui pra delegacia.
- Delegacia? - olhei pro Max e ele parecia igualmente confuso - o que aconteceu?
Sabe o assassinato? Então,a polícia puxou as imagens das câmeras e viu vocês entrando na hora exata da morte. Isso já explica o bastante né?
- Mas você não estava lá com a gente. O que está fazendo aí?
Não posso te explicar agora mas vem pra delegacia imediatamente,trás o Max também. Vi vocês dois saindo juntos.
- Tá,eu estou indo.
Desliguei o telefone e afundei a cabeça entre as mãos.
- Por que nós precisamos ir pra delegacia?
Expliquei toda a situação pra ele e logo deixamos o restaurante. Fomos até meu carro no estacionamento,colocamos nossas compras no porta malas e dirigi até a delegacia principal do nosso bairro. Não era muito longe e o trânsito estava ótimo. Descemos e já encontramos Winter nos esperando na porta.
- Que bom que chegaram rápido - ela me abraçou - entrem,a coisa está feia aqui.
Eu e Max nos entreolhamos e seguimos Winter lá pra dentro. O interior tinha uma decoração simples,talvez se eu estivesse um pouco mais calma poderia até reparar nos detalhes. Obriguei a mim mesma a me acalmar porque nervosismo significava culpa,e essa seria a primeira vez que eu entrava numa delegacia sendo inocente. Um dos policiais abriu a porta de uma salinha muito familiar com uma iluminação péssima e já vi Aisha,Ethan,Akira e o Felix sentados um do lado do outro atrás de uma mesa. Winter se encostou no canto da sala e não disse nada. Para minha infelicidade o policial que estava questionando eles já me conhecia. Ben James,um nojento. Não deu outra,ele me viu e abriu um sorriso ridículo.
- Ora,ora. Faz um tempinho desde a última vez não é? - ele coçou o queixo - já estava com saudades Kath.
- Já disse pra não me chamar de Kath, seu nojento.
- Se acalma aí garota,eu sou a autoridade aqui - ele se recompôs - sente-se. Os dois.
Eu e Max nos sentamos nas duas cadeiras que estavam vazias.
- Bem,vocês com certeza sabem o porque estão aqui - ele se encostou na cadeira - agora só falta confessarem o que fizeram.
- Nós não fizemos nada! - Aisha já foi pra cima dele mas por sorte Ethan segurou seu braço - me solta! Se você realmente acha que eu vou ficar aqui ouvindo você falar merda pra mim e pros meus amigos,você está muito enganado!
- Acho melhor medir o tom comigo menina! - Ben também se levantou e apontou o dedo na cara dela - eu não sou qualquer idiota que você vê por aí na rua!
- Tira esse dedo da cara da minha namorada! - Ethan deu um tapa na mão dele.
Antes que desse alguma merda e o Ethan fosse preso por desacato,me levantei e dei um soco na mesa de metal que fez um barulhão. Minha mão doeu na hora mas ignorei.
- Chega! Ben pare de agir igual um retardado pelo menos uma vez na sua vida. Olha a merda que você está fazendo! Porra você realmente acha que se EU fosse matar alguém eu seria pega tão fácil? Parece até que não me conhece.
- Eu não te conheço,só sei que você é uma drogada descontrolada.
- Ei,ei ei. Cuidado com suas palavras cara - Max levantou pra ficar do meu lado - o único descontrolado nessa sala é visivelmente você.
- Cala boca todo mundo! - gritei. Minha cabeça já estava quase explodindo - chame o delegado Garcia.
- Você não me dá ordens Kathleen.
- Melhor você chamar ele ou talvez magicamente apareça outra acusação de estupro de vulnerável na sua folhinha criminal.
Ele pareceu realmente perturbado e saiu da sala.
- Que história é essa de estupro de vulnerável? - Max me perguntou de imediato.
- Te conto depois.
- Se aquele merdinha tiver feito alguma coisa com você,eu juro que vou preso mas mato aquele cara antes.
Agarrei o queixo dele com força e o encarei bem fundo.
- Você não vai preso merda nenhuma,me entendeu? Se alguém vai matar ele,esse alguém sou eu. Agora senta aí e cala a boca que eu vou finalizar essa porra.
O delegado entrou na sala bem na hora e sua expressão se resumiu a desprezo quando me viu. Já tinha um bom histórico com ele.
- Ben me disse que você mandou me chamar.
Já estava cansada dessa merda toda então fui bem direta.
- De quanto você precisa?
- O que? - ele parecia um pouco chocado.
- Quanto você quer pra tirar a polícia da nossa cola?
- Kathleen,não consigo tirar uma investigação inteira das suas costas assim de repente. Ainda mais sendo uma acusação dessas. Homicídio! Você está louca porra?
- Só por um tempo,até eu conseguir provar que nós não temos nada a ver com isso.
- O que exatamente você quer que eu faça?
- É simples,só diga que você vai dar um tempo na gente e vai começar a investigar outras pessoas.
- Você sabe que não é tão simples assim...
- Se vira. Agora me responde,quanto?
- Consigo te livrar por umas duas semanas no máximo.
- Ótimo. 20mil é o suficiente?
Ele não respondeu,só balançou a cabeça como se estivesse decepcionado comigo e com sigo mesmo. Já peguei meu celular e entrei no aplicativo do banco,já tinha seus dados bancários salvos então foi só digitar o valor. Confirmei e já ouvi a notificação chegar no seu celular.
- Simples não?
Ele se apoiou na mesa e abaixou a cabeça.
- Some daqui Kathleen.
- Com muito prazer. - fiz um sinal pros outros levantarem - é sempre um prazer negociar com você Garcia.
Saí daquela sala com os outros me seguindo e não olhei pra trás. Fui direto até meu carro. Me sentei e por sorte coube todo mundo no carro; suspirei e procurei meu cigarro. Achei ele e logo o acendi,dando uma tragada que já começou a me acalmar. Abri os vidros pra ninguém morrer sufocado e pisei no acelerador com vontade. Depois de uns minutos Aisha me perguntou:
- Onde nós estamos indo?
- Pra minha casa.
- Fazer o que lá?
- Vou deixar vocês lá porque preciso de um tempo sozinha.
- Isso significa que você vai sair dirigindo estrada a fora até quase cair de exaustão.
Não foi bem uma pergunta mas respondi mesmo assim
- Exatamente.
Ninguém disse mais nada e pelo canto do olho vi Max pegar um dos meus cigarros e o acender. Nicotina acalma qualquer um. Cheguei em casa,entreguei a chave pra Aisha que já conhecia as fechaduras e nem me despedi.
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Já fazia mais de 5 horas que eu estava dirigindo sem parar,meu carro estava a quase 150km por hora e o ronco dos motores me acalmaram. Deixei minha janela aberta com um vento muito forte esvoaçando meus cabelos ruivos. Dirigi sem parar e nem sabia mais onde estava,acredito que percorri mais de cem quilômetros. Meus braços já estavam com cãibra e minhas pernas também. Parei em um posto de gasolina para abastecer e desci na lojinha de conveniência. Comprei uma água e um esqueiro novo pra mim. Não tinha ninguém no caixa então só larguei 10 dólares em cima do balcão e saí andando. Vi um carro vermelho quase batendo na minha traseira e corri pra lá. O motorista deu ré e saiu disparado antes que eu chegasse lá; olhei a traseira do meu carro e por sorte não teve nenhum arranhão. Paguei a gasolina e peguei a rodovia de novo,dessa vez no caminho pra casa. Olhei pelo retrovisor e vi aquele mesmo carro vermelho atrás de mim, acelerei mais e ele fez o mesmo. Achei meio estranho mas nem dei muita bola,acho que estou ficando paranóica. Me distrai com a música alta no rádio e quando retomei minha atenção aquele cara ainda estava atrás de mim. Isso já estava me irritando e decidi pisar fundo. Como seu carro era inferior ao meu ele acabou ficando pra trás. Reduzi minha velocidade por questão de segurança e voltei toda minha atenção no trânsito. No Bluetooth no carro vi o Max me ligando, considerei recusar mas ele continuaria insistindo.
- O que você quer?
- Onde você está?
- Isso te interessa?
- Sim - ele parecia irritado - já está tarde e você está sozinha.
- Não quero ninguém me monitorando - e desliguei.
Mas não deu dois segundos e o insuportável ligou de novo.
- Porra Kathleen,não desliga na minha cara!
- Por que você quer tanto saber minha localização?
- Porque eu estou preocupado, caralho!
- Está preocupadinho é? - sorri sozinha - qual é Max,eu sei me proteger.
- Sei que sabe Kath,mas não é bom uma mulher ficar andando sozinha uma hora dessas.
- Mais uns 20 minutos e eu chego ok?
- Tá,toma cuidado. Saiba que se você morrer seu carro vai ser meu.
- Vou fazer questão de chegar viva em casa só por isso.
- Imbecil - ele deu risada e desligou.
Como ainda estava longe de casa tive que acelerar mais,o que provavelmente salvou minha vida porque eu não tinha visto aquele maldito carro vermelho quase batendo na minha lateral.
- Esse filha da puta quer brincar? Então vamos brincar.
Pisei bem fundo,por pouco não atingindo a velocidade máxima e não diminuí até despistar ele. Que cara mais insuportável. Cheguei até antes em casa. Enfiei o carro na garagem, peguei minha coisas e entrei em casa. Estava o Scott e o Ethan no meu sofá vendo UFC na TV,Winter, Akira e Aisha na cozinha enquanto Felix e o Max colocavam os pratos e talheres na mesa.
- Ah oi Kath- Scott me cumprimentou.
- E aí.
Larguei minhas coisas na mesinha que fica na entrada e subi direto pro meu quarto. Me joguei na minha cama e uma exaustão muito grande pairou sobre mim. Alguém abriu a porta e levantei a cabeça na hora pra ver quem era.
- A, é você.
- Não sou ninguém especial? - Max perguntou.
- Não,não é.
Ele sentou no pé da cama e deu um tapa no meu tornozelo.
- Ei! - recolhi minhas pernas na hora e me sentei abraçando meus joelhos - o que você quer aqui?
Ele se jogou na minha cama,ficando atravessado no meio dela. Suspirando ele respondeu:
- Sinceramente,nem eu sei. As vezes eu só quero ficar com você,o que é bem estranho já que eu não te suportava umas semanas atrás.
Aquilo me pegou desprevenida e a única resposta que consegui dar na hora foi um "hm". Apoiei a cabeça nos meus joelhos e fechei os olhos. Acho que quando não vemos nada fica mais fácil de se expressar. Existe um certo consolo na escuridão então falei:
- As vezes eu sinto isso também.
- Verdade? - senti uns movimentos na cama mas não me atrevi a abrir os olhos pra ver o que ele estava fazendo.
- Aham. Não sei explicar muito bem mas... - apertei os olhos com mais força - tem vezes que eu só quero que você esteja aqui comigo.
- Acho que muitas coisas mudaram muito rápido entre a gente,aí nós nos sentimos assim.
- Deve ser isso.
Ficamos um tempo em silêncio apenas ouvindo as meninas dando risada e os caras gritando porque o lutador estava perdendo.
- Por que você não olha pra mim? - ele me perguntou.
Estava tão exausta que não tinha nem mais forças pra mentir,então só respondi com sinceridade.
- Porque se eu abrir os olhos tenho certeza que vou perder toda a coragem de falar essas coisas.
- Mas eu quero ver seu rosto.
Abri meus olhos e vi que ele estava sentado na minha frente. Cruzei as pernas,desfazendo a barreira que tinha entre nós e ele se aproximou mais um pouco de mim,ficando a centímetros do meu rosto. Meu coração começou a acelerar e eu me odiei por sentir aquilo,mas ao mesmo tempo estava amando. Ele começou a passar a mão pela minha testa e depois indo para a minha cicatriz. Até que pousou seu dedo sobre o meu lábio inferior. Se aproximou mais ainda,deixando nossas boca quase coladas e sussurrou:
- Posso?
Não era capaz de formular palavras então apenas confirmei com a cabeça.
Ele me beijou com força, toda a calma que tinha há alguns segundos atrás já não existia mais. Nossas línguas se encontraram, espalhando um calor intenso pelo meu corpo. Ele me puxou pela cintura pro seu colo e senti uma rigidez bem abaixo de mim. Agarrei seus cabelos macios e o deitei na cama,assumindo o controle. O beijei com intensidade enquanto o mesmo passava as mãos por todo o meu corpo,apertando minhas coxas e minha bunda me fazendo arfar. Comecei a beijar seu pescoço,depositando chupões e mordidas e fui descendo até a gola da sua camiseta. Estava prestes a arranca-la quando ele segurou minhas mãos.
- Melhor a gente ir comer. Elas fizeram comida árabe.
- Se você insiste - não consegui esconder o desânimo na minha voz.
Desci de cima dele e ajeitei meu cabelo pra não ficar muito aparente o que acabou de acontecer aqui. Já ia começar a andar quando ele agarrou meu braço e me puxou pro seu colo de novo.
- Isso ainda não acabou,tá bom?
Não consegui esconder o sorriso quando disse:
- Então por que me fez parar?
- Porque - ele agarrou um dos meus seios e o apertou - quando eu te foder aqui nessa cama não vou querer uma plateia pra ficar ouvindo seus gemidos.
Dei uma risadinha e o beijei de novo.
- Tudo bem então - mordi seu lábio - essa vai ser a única vez que vou concordar com uma ideia sua.
- Vai ser a melhor decisão da sua vida.
Ele me colocou no chão com cuidado e me deu um selinho. E nós descemos as escadas para jantar como se tudo isso não tivesse acontecido.
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Too drunk for your love
RomanceKathleen Banasiewicz é uma jovem de 17 anos que presencia um homicídio junto com seus amigos e precisa contatar a polícia de Los Angeles. A única coisa que não sabe é que o assassino viu seus rostos e agora sairá a sua caça. Várias coisas acontecem...