Capítulo 6

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Maxwell

Acordei,com uma dor de cabeça insuportável por causa da bebedeira de ontem. Eu achava que eu estava ruim mas quando vi meu pai,percebi que eu estava lidando bem demais com isso. Tentei consolar ele ontem a noite,mas só recebi como resposta um me deixe em paz. Obedeci o seu pedido,ele tinha acabado de perder a esposa e agora precisava administrar uma empresa gigantesca. Sem Charlotte aquele lugar vai desmoronar. Ainda não havia me conformado que minha própria mãe morreu por causa de um acidente. Me esforcei pra não pensar mais nisso e fui tomar um banho. Me ensaboei,sem pressa pois sabia que tinha acordado mais cedo do que o necessário. Tomei meu banho,me enxuguei e fui me vestir. Peguei a primeira roupa que achei; uma camiseta preta de gola alta e mangas compridas,uma calça de jeans escura e meus tênis. Tirei meu celular do carregador e respondi algumas mensagens.
Fui até o quarto dos meus pais,agora apenas do meu pai e vi que ele não estava mais lá, provavelmente saiu mais cedo. Era assim que nós sobreviviamos ao luto,ocupando a cabeça. Eu com meus treinos e ele com todo o trabalho.
Desci às escadas e fui para a cozinha beber água. No que estava bebendo vi um notificação no meu celular,era a Kath.
Não esquece o dinheiro.
Respondi:
Como se você fosse deixar.
Não obtive resposta então terminei minha água e fui pegar a chave do carro. Tranquei a porta e fui até o banco.
Minha casa ficava a alguns quilômetros do centro então não era muito longe,sem trânsito eu chegaria lá em no máximo 10 minutos. Fui dirigindo tranquilamente até lá,por sorte estava tudo livre e acabei chegando até antes. Entrei e saquei o dinheiro,não fez muita diferença no valor contido lá. Aproveitei e dei uma olhada pra ver se estava tudo bem e realmente não havia nada errado. Fui em direção ao carro novamente e segui até a escola.
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- E aí,cadê a grana?
- Bom dia pra você também Kath.
Estávamos no quartinho onde o zelador guardava as coisas dele; vassouras,panos,produtos de limpeza etc. O plano era: eu chamava ele até aqui,a Kath enrolava ele e dava o dinheiro e é isso,agora se ele não aceitasse as coisas ficariam um pouco mais complicadas.
- Cadê?
- Aqui - entreguei o envelope pra ela - exatos 5mil dólares. Satisfeita?
- Você fala como se estivesse fazendo um favor pra mim.
- E não estou?
- Não.
- Ah é?
Ela só me olhou e abriu a sua mochila,pegando outro envelope e colocando o meu maço de dinheiro ali dentro. A parte mais fácil já foi feita,agora seria a mais difícil.
- Vou procurar ele e quando ele estiver indo aí eu te ligo beleza?
- Beleza.
Saí da sala e fui procurar ele,perguntei para algumas pessoas mas cada uma falava um lugar diferente,e acho meio difícil uma única pessoa ficar em vários lugares ao mesmo tempo então decidi procurar sozinho. Passei pelas salas de aula,quadras, laboratórios, banheiros,vestiário e não achava ele nunca. Andei aquela escola inteira e não achava aquele homem por nada. Resolvi procurar no último andar,lá tinha mais laboratórios e a parte externa. Subi as escadas correndo e cheguei quase morrendo lá em cima. Olhei todos os outros laboratórios e vi coisas que gostaria de apagar da memória. Eu mesmo já fui um daqueles casais fazendo coisas inapropriadas lá em cima. Fui até a saída de emergência que dava até a área externa e finalmente encontrei ele.
- Oi,o senhor precisa ir lá na sala onde você guarda as coisas.
- Porque exatamente eu deveria ir lá?
Ele parecia bem desconfiado então falei a primeira coisa que veio na minha cabeça.
- Eu vi um casal fazendo você sabe o que lá dentro. E imaginei que deveria chamar você.
A expressão dele mudou instantaneamente,ele tava muito puto. Ainda bem que eu não fazia mais essas merdas. Ele passou por mim igual um furacão e desceu às escadas.
- Kath? Ele já está descendo,se apronta aí.
- Ok, você disse o que?
- Que tinha um casal aí.
- A porra Max,que ideia de merda em.
- Para de reclamar.
- Tá tanto faz,desce e fica de segurança na porta. Rápido.
Ela desligou e eu fui correndo pras escadas,desci e quase caí de boca no chão quando cheguei no final mas tudo bem. Corri pelo corredor,minha sorte era que não tinha ninguém lá já que as aulas só começavam daqui 40 minutos. Vi ele entrando bem na hora e fechando a porta atrás dele. Fiquei ali do lado de fora,espiando de vez em quando pela janelinha. Vi que ele tentou ir embora mas ela o segurou e o puxou de volta. Ela falava e ele aparentemente só negava,e era visível que ela estava perdendo a paciência. Rezei em oito línguas diferentes pra que ela não voasse naquele homem. Depois de uns 10 minutos ele finalmente aceitou o envelope e veio em direção a porta. Ajeitei a postura pra não ficar tão visível que eu estava espiando tudo e ele passou por mim,me olhando com uma cara de desprezo. Apenas assenti pra ele. I
Eu deveria ir embora mas a curiosidade venceu e entrei na sala.
- O que você falou pra ele?
- Por que?
- Porque eu quero saber ué.
- Eu disse que isso era pelo silêncio dele e que ele deveria nos liberar hoje a noite.
- Só isso?
- É,o que mais você esperava?
- Não sei,achei que ele não fosse aceitar.
- Ele não é idiota Max,ninguém em sã consciência recusa 10mil dólares.
- Verdade.
Nós estávamos livres então,gostei da sua ideia vou fazer isso quando me meter em encrenca.
- E agora? - ela perguntou.
- E agora o que?
- O que nós vamos fazer? Falta mais de meia hora pras aulas começarem.
Não tinha pensando nisso,nós realmente chegamos muito cedo e agora não temos o que fazer. Pensei em alguma coisa e só me veio a mente uma opção.
- Quer dar um rolê por aí? - estendi a mão pra ela.
- Você vai deixar eu dirigir seu Mercedez?
- Mas nem fodendo.
Ela riu e colocou a sua mão em cima da minha e fomos até o meu carro.
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Fui subindo as escadas com duas garrafas de água na mão e ela já estava fumando. Nem eu fazia isso cara.
- Puta que pariu Kathleen,são 7:40 da manhã e você já está fumando.
- Olha não vem não,você também vive com um cigarro enfiado na boca por aí e eu não falo nada.
- Sim,mas eu não fumo de manhã.
- A você tem cronograma? Só pode fumar depois das 10:00?
- Você é idiota.
- Como se você também não fosse.
Se ela continuasse nesse ritmo,ia morrer aos 30. Mas talvez esse fosse o objetivo. Entreguei a garrafa de água pra ela e a mesma aceitou e bebeu tudo num gole só.
- Por que você me trouxe aqui?
- Porque eu gosto desse lugar.
Estávamos no topo de um prédio abandonado,eu vinha aqui quase todos os finais de semana para ver o sol nascer com a minha mãe. Minha mãe,isso causou uma dor muito forte no meu peito. As vezes esqueço que ela morreu ontem. Imagino que ela estaria orgulhosa de me ver aqui de novo,mas dessa vez sem ela. Reprimi com muito esforço o choro e respirei fundo,fechando os olhos e sentindo o sol no meu rosto. Tentei pensar em todos os momentos bons que nós tivemos junto,e não foram poucos. Ela trabalhava muito mas lembro dela sempre presente quando eu era criança. Conforme fui crescendo,esses momentos foram diminuindo mas nunca sumiram por completo. Antes do acidente. Agora não teriam mais momentos felizes onde eu ouvia sua risada abafada em alguma ocasião séria. Não teria mais passeios pelo parque. Não teria mais ligações aleatórias para ela xingar os funcionários incompetentes. As escapadas pra algum restaurante ou pro shopping acabaram para sempre. Os consolos também acabaram. Agora só me restava memórias. Senti uma lágrima escorrendo pelo meu rosto e foi só aí que percebi que estava chorando. É muito difícil conter a dor,uma hora ela vai sair. Seja em alguma hora ou lugar específico. Mas ela vai sair, ninguém consegue segurar isso por muito tempo. Soltei um suspiro trêmulo e abri os olhos,encontrando um par de olhos verdes me encarando. Tinha esquecido por completo que a Kath estava aqui. Por um momento senti uma vergonha muito grande,mas depois lembrei que foi ela quem me consolou e me ajudou no dia que minha mãe morreu. Foi ela que me tirou daquele bar antes que eu entrasse em algum coma alcoólico. Então só havia uma coisa que eu poderia dizer para ela agora.
- Obrigado.
- Hã?
- Obrigado por me ajudar ontem.
Não sabia muito bem como dizer isso ou o que fazer,nunca agradecia as pessoas. Não levava muito jeito pra isso. E ela também parecia sem reação.
- De nada,eu acho.
Fui até a sua direção e a abracei,pensei que ela fosse me empurrar ou me chutar mas ela simplesmente envolveu minhas costas com seus braços,no começo um pouco hesitante mas depois me abraçou de verdade. Nunca pensei que estaria aqui,em um dos meus lugares favoritos abraçado com um menina que eu odiava mortalmente até dois dias atrás. Acho que agora esse ódio tinha diminuído só um pouco,bem pouquinho mesmo.
- Já tá ótimo né - ela me empurrou - se recompõe aí bonitão, é melhor a gente ir.
Ela foi descendo antes de mim, provavelmente pra me dar privacidade mas eu não tinha mais nada pra fazer aqui. Corri até ela e fomos juntos de volta pro carro.
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Estava fazendo uma prova de matemática que eu não tinha estudado nada,mas minha sorte era que é em dupla. E minha dupla era a Aisha,que inclusive é bem inteligente. E bem agressiva também. Em um raio de 10 minutos ela me chamou de filha da puta umas 20 vezes e me chutou 3. Agora estava fazendo uma conta que eu não fazia a mínima ideia de como resolvia. A prova era gigante, 90 questões de pura tortura. Ainda bem que a Aisha era bem rapidinha e já estava na questão 80. Se dependesse de mim,nós tirariamos um 0 bem bonito. Fingi estar fazendo a prova também já que o professor começou a me encarar,e como eu sou um estudante atualizado e dedicado eu estava entendendo tudo daquela merda.
Ela terminou a prova e nós fomos liberados.
- Me lembre de quando você cair como minha dupla eu recusar.
- E porque não recusou?
- Porque não achei que você fosse tão burro.
- Eu não sou burro.
- A não?
- Não.
- Sabe,acho que você deveria tirar a cabeça do meio das pernas da metade dessa escola e deveria enfiar ela em outro lugar.
- No meio das suas pernas?
- Não,no meio desses livros de merda.
- Hm,essa opção não me parece muito boa. Acho que continuo preferindo ficar com ela no meio das pernas das meninas por aí.
- Você é nojento.
- Você que começou.
Ela saiu andando e tive a leve impressão de que estava prestes a bater em alguém. Segui meu caminho até a quadra porque ainda faltava 1 hora pro tempo de prova acabar então decidi ficar treinando. Cheguei lá e encontrei o Ethan fazendo o que eu iria fazer também.
- E aí cara.
- Tranquilo?
- Sempre.
Ethan era uma das pessoas mais de bem com a vida que eu conhecia,ele nunca reclamava,quase nunca estava estressado e se dava bem com quase todo mundo. Ficamos conversando e treinando até bater o sinal da próxima aula. Voltamos juntos pelo corredor e nossa aula seria na mesma sala. Vi algumas pessoas chorando no corredor, provavelmente sabendo que não foram bem na prova. Ainda bem que a Aisha me salvou,se não eu seria uma dessas pessoas. Fui pro banheiro tirar o suor do rosto e reforçar o desodorante. Voltei pro corredor e vi uma roda e as pessoas estavam batendo palma,avistei Aisha ali botando pilha então coisa boa não era. Fui até lá e vi a Kath em cima de uma menina,que reconheci na hora. Era a Valeria,uma menina escrota pra caralho que fazia bullying e batia em todo mundo. A Kath socava a cara dela como se não houvesse amanhã,os nós dos seus dedos já estavam todos e sangrando mas ela não parecia notar,sua boca estava sangrando bastante e havia um belo corte na sua sombrancelha. Valeria estava com um olho já inchado,lábio cortado e aparentemente um nariz quebrado. Ela tentava a todo custo se defender mas não estava funcionando,ouvi um barulho bem alto seguido de um grito,alguém quebrou alguma coisa. Eu não fiz nada, ninguém fez porque sabiam que se separarem iria sobrar pra eles. Em certo momento um inspetor chegou e agarrou Kathleen pelos ombros,a tirando de cima da Valeria. Ela se debatia a todo custo pra alcançar a outra e terminar o serviço. A outra menina estava tossindo sangue e vi um dente quebrado ali no meio da poça.
- É melhor você nunca mais encostar um dedo em mim sua vadia burra do caralho!
Ela tinha parado de se debater mas ainda estava com muita raiva.
- Me solta porra!
O inspetor soltou ela e a mesma saiu batendo pé pelo corredor. Fui correndo até ela,na esperança de acalma- la mas ela estava andando muito rápido. Socou um armário,causando um amassado feio. Aquilo provavelmente deveria ter quebrado alguma coisa na sua mão. Agarrei o seu pulso,a virando pra mim.
- Que merda foi aquela?
- O que? Você vai me segurar agora também? Posso fazer com você a mesma coisa que fiz com ela.
Ela bateu na minha mão,me obrigando a soltar seu pulso devido a força do golpe e saiu andando de novo. Agarrei ela de novo,dessa vez a prensando contra os armários.
- Você vai me dizer que porra estava fazendo lá e depois nós vamos cuidar das suas mãos.
Só depois que eu falei ela pareceu perceber o estado que suas mãos estavam. Roxas,esfoladas e sangrando.
- Se eu fizer isso,você me deixa em paz?
- Deixo.
Passamos primeiro na enfermaria,peguei gelo, band-aid e um remédio que serviria pros cortes. Fomos pra biblioteca,já que nunca tinha ninguém. Sentamos nas poltronas que tinha ali,ela na minha frente. Primeiro limpei o sangue do seu rosto,que não era pouco e em seguida apliquei o remédio.
- Ei,isso arde.
- Foi mal, era a única coisa que tinha lá.
Depois de mais algumas reclamações,consegui cuidar de tudo e fazer um curativo. Fiz a mesma coisa nas suas mãos. Provavelmente ficariam cicatrizes ali,mas ela já tinha uma gigante que atravessava o seu rosto então imaginei que nem ligasse. Eu adorava aquela cicatriz,dava um aspecto meio louco nela,mas jamais diria isso em voz alta.
- Pronto,agora me conta.
- Eu estava lá no corredor conversando com a Aisha sobre a festa hoje a noite quando aquela putinha chegou falando merda pra mim. No começo eu só ignorei já que ela não vale o meu tempo,mas depois ela começou a me xingar e me empurrar. Do nada ela vem e mete um soco na minha cara. Eu já estava muito puta e caí pra cima dela,acho que nunca bati em alguém como fiz com ela hoje. Não é atoa que minhas mãos estão assim. Não sei direito porque ela fez isso,tipo,ela sempre teve problema comigo. Eu sempre estou usando jóias e roupas caras e ela sempre deixou bem claro que invejava isso. Mas meio que foda-se sabe? Imagino que muitas pessoas gostariam de estar no meu lugar,então nunca dei muita bola pra isso. Aí hoje ela veio e fez isso,e deu nessa merda toda. Já estou até vendo o problema que aquela puta vai me causar.
- Caralho.
- Pois é.
- Achei bem feito,acho aquela menina um escrota.
- Pelo menos concordamos em alguma coisa.
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- Como assim você esqueceu sua mochila?
- É,eu acho que no meio da briga devo ter jogado ela em algum lugar.
- Você realmente precisa dela? Acho que a escola já fechou.
- Sim preciso,todas as minhas chaves e documentos estão lá.
Estávamos em 6 no Mercedez Classe G do Ethan. Eu,Kath,Akira, Felix,Aisha e o próprio Ethan. Estávamos indo pra casa da Kath nos arrumar. Ethan deu meia volta em direção a escola porque ainda estávamos no meio do caminho e sem chave nós não entraríamos em casa. Fomos o mais rápido possível já que a festa estava marcada para daqui uma hora e meia e todos ainda tinham que se arrumar. Chegamos em tempo recorde.
- Valeu Ethan,eu desço lá e acho.
- Você não vai descer sozinha - protestei.
- Por que exatamente?
- Porque se der alguma merda aí dentro você não vai conseguir avisar ninguém sem o seu celular.
Ela sabia que eu estava certo mas não iria admitir isso.
- Tanto faz então. Quem vem?
No final das contas todos vieram. Era estritamente proibido entrar na escola a noite então vir em bando seria a melhor opção. Fomos passando pelas salas até chegar onde a briga aconteceu. Não achamos nada ali também. Fomos na biblioteca,quadra, laboratórios e nada.
- Só tem um lugar que a gente não procurou.
- Qual? - Aisha perguntou.
- Lá em cima,no terraço.
- Porque diabos sua mochila estaria lá?
- Porque depois que a prova acabou eu fui lá pra cima.
- Fumar?
Ela encarou Aisha comi se estivesse segurando uma risada.
- Talvez.
Subimos as escadas e fomos direto pra área externa,estávamos procurando quando ouvimos um barulho estranho. Parecia um gemido. Tive que segurar a risada com muito esforço,sério? Na escola? Ouvimos o mesmo gemido de novo.
- Que porra é essa? - Kath perguntou em voz baixa.
- Deve ser só algum casalzinho - respondi.
- Não,isso não são gemidos de prazer. São de dor.
Aquela afirmação me fez prestar mais atenção nos barulhos e ela estava certa.
- Achei! - Akira falou um pouco alto demais.
- Isso,valeu Akira.
- O que nós vamos fazer? - perguntei.
- Ir pra casa - ela respondeu como se fosse óbvio.
- Mas e esses barulhos?
- Você quer checar?
- Sim.
- Então beleza - ela foi andando até a saída de emergência - vamos ver o que essa merda é.
Todos nós seguimos ela e o barulho,vinha da última sala no corredor. Aquela que ninguém nunca tinha acesso. Olhamos pela janelinha que tinha na porta e vimos alguma coisa vermelha no chão e nas paredes. De repente alguém encosta as costas na porta e quase gritamos de susto. O que aquela pessoa estava fazendo ali? Essa sala era proibida pra alunos. A pessoa que estava encosta na porta saiu e agachou,passando a mão pela poça vermelha. Aquilo parecia... Sangue. Talvez alguém estivesse pegando algumas coisas de halloween e esse barulho viesse de algum boneco? Não sei,isso não fazia muito sentido. Ficamos chocados com a cena. Saímos correndo e tive quase certeza de que a pessoa veio correndo até a porta também. Corremos como se não houvesse amanhã. Descemos quatro lances de escada em questão de segundos e entramos no carro. Ethan logo deu partida e pisou fundo no acelerador. Olhei pela janela mas não vi nada. Não sabia se isso era bom ou ruim.
- Caralho o que foi aquilo? - perguntou Akira ofegante.
- Não faço ideia - respondeu Aisha.
- Aquilo no chão era sangue? - Ethan parecia horrorizado.
- Espero que não.
Ficamos em silêncio pelo resto do caminho,cada um com suas especulações. Chegamos na sua mansão e descemos do carro. Kath abriu a porta da frente,que tinha no mínimo uns 3 metros de altura e entramos na casa. Suas amigas e eu já sabíamos como era,mas o Ethan e Felix não faziam ideia de como era.
- Olha,sabia que você era milionária mas puta que pariu,que casa - elogiou Felix.
Kath deu risada e foi subindo, provavelmente pra se arrumar e todos nós fizemos o mesmo. A casa tinha 8 banheiros,então cada um ficou sozinho em um. Eu não tinha muita ideia do que fazer com as coisas que eu trouxe. Na minha mochila tinha um terno antigo,sangue falso e uma máscara preta,que cobria a região dos meus olhos e nariz. Não seria uma grande fantasia,mas era o máximo que eu podia fazer. Troquei de roupa,guardando a que estava usando na mochila e vi umas maquiagens em cima da pia. Peguei uma embalagem preta que tinha vários quadradinhos com cores diferentes,acho que é sombra o nome disso. Vi um roxo e resolvi fazer alguns hematomas no meu peito. Abri três botões da camisa social branca e comecei o trabalho. Não tinha a mínima ideia do que estava fazendo,peguei um pincel e passei na sombra depois na minha pele. O contato do pincel fazia cócegas e estava ficando muito feio,vi um negócio rosa que parecia uma coxinha e peguei. Esfreguei aquele negócio na mancha roxa mas não resolveu muita coisa; tentei dar umas batidas e aí vi que deu uma melhorada. Então isso funciona assim. Fui batendo na maquiagem bem mal feita que eu tentei,sem sucesso,fazer parecer hematomas. Alguém bateu na porta e abri, Aisha apareceu vestida de medusa. Ela não estava nada mais que incrível. Usava um vestido preto com dourado,com fendas dos dois lados que começavam no quadril e deixavam tudo exposto. Na parte de cima usava um corset com uma cinta dourada. Estava com uma tiara com cobras douradas na cabeça e mais cobras enroladas no pescoço, braços e coxas.
- Precisa de ajuda aí?
- Hm, é, preciso.
Ela entrou no banheiro e fechou a porta. Me olhou de cima abaixo e parecia prestes a rir.
- Olha eu sei que está feio.
- Dá pra melhorar.
- Faça o que você quiser.
Ela pareceu satisfeita com a resposta. Pegou mais algumas coisas na gaveta e começou a trabalhar. Primeiro melhorou os hematomas que eu havia feito no meu peito e depois adicionou mais alguns no pescoço,rosto e fez machucados vermelhos nas minhas mãos. Fez uma cicatriz falsa no meu lábio e outra no pescoço,como se eu tivesse cortado a garganta.
- Tira o blazer.
Fiz o que ela pediu e vi que ela pegou o sangue falso. Lá se vai minha camiseta branca. Começou a espirrar sangue por toda a camisa,seguindo pelo meu pescoço e rosto. Jogou também um pouco nas minhas pernas,por mais que não aparecesse tanto na calça preta.
- Você tem uma gravata?
- Tenho na mochila.
Ela pegou minha mochila que estava em cima da privada e fuçou ali dentro. Achou a gravata e a enrolou no meu pescoço. Em seguida arregaçou as mangas da minha camisa,espirrando mais sangue ali.
- Agora sim.
Me virei pro espelho gigante que tinha ali e vi que a maquiagem ficou muito realista. Minhas mãos ficaram incríveis. O sangue e os machucados combinaram com as veias saltadas.
- Gostou?
- Ficou muito foda, obrigada Aisha.
- De nada.
  Coloquei a máscara e dei uma ajeitada no meu cabelo.
Ela abriu a porta e saiu,eu fui junto. Todos os outros já estavam no corredor inclusive Winter e Scott. Os dois estavam usando uma fantasia de casal,ambos vestidos de uma noite de crime. Todos estavam incríveis mas meus olhos pousaram diretamente nela. Kathleen Banasiewicz. Estava vestida de demonia. Usava um vestido longo,do mesmo estilo que o da Aisha mas com um decote muito maior nos seios que chegava até o umbigo. Estava com dois chifres pretos,cada um em uma lateral da sua cabeça,lentes de contato brancas e um batom vermelho sangue que combinava com o piercing que tinha nos lábios. Nas suas mãos tinham diversos anéis e garras pretas no lugar das suas unhas. Em uma das suas coxas tinha uma tira de couro que prendia uma adaga. Suas botas tinham um salto tão grande que a deixava exatamente do meu tamanho,aquilo ali tinha no mínimo uns 16 centímetros de altura. Meus mais sinceros parabéns às mulheres que conseguem ficar em pé com isso aí.
- E aí Max.
- Fala diabinha.
Ouvimos a campainha e todos aproveitaram para descer e começar tudo. Kath foi abrir a porta e nós cinco fomos pra fora. O primeiro convidado foi um garoto do segundo ano que não faço a mínima ideia de quem seja,mas tanto faz. Nossos amigos do terceiro foram chegando,junto com outro mais novos e mais velhos. Não sabia que alguém podia ter tantos amigos assim. Lá falava que nós poderíamos chamar amigos de fora,pelo visto as pessoas realmente fizeram isso,eu mesmo fiz também. Chamei meu amigo Henry da Inglaterra já que ele estava aqui em Los Angeles,ele chegaria daqui a pouco. A piscina já estava lotada de adolescente com copos de bebida. Uma coisa que não faltaria aqui hoje seria álcool. Todos estavam bebendo então fui até o bar; tinha vodka, whisky, pinga e qualquer coisa com um teor alcoólico considerável. Peguei um copo de plástico e enchi de vodka,minhas esperanças eram ficar muito louco hoje a noite. Estava bebendo quando avistei Henry totalmente perdido no meio das pessoas. Ele era um cara atraente,não sei como ainda não estava rodeado de mulheres. Ele era um pouco mais alto que eu,tinha 19 anos,cabelos loiros claros,olhos verdes e braços tatuados. Qualquer um gostaria de pegar ele. Fui até ele,agarrando seu pescoço em um mata leão pelas costas.
   - Bem vindo a Los Angeles cara.
   - Max,que bom ver você. Hm,agora você pode me largar por favor?
  Eu dei risada do por favor,ninguém falava assim aqui.
   - Você é bem britânico mesmo.
   - Espero que isso seja uma coisa boa.
   - Ah é sim - balancei o copo na sua direção - quer vodka?
   - Quero,valeu.
   - Aproveite a noite cara,isso aqui vai pegar fogo daqui a pouco.
  Ele sorriu,acho que as festas na Inglaterra não são tão animadas. Vi uma menina fantasiada de palhaço vindo na minha direção com um taco na mão. Aquilo era sexy.
   - Então bonitão - ela foi descendo e subindo o taco pelo meu abdômen - você tem duas opções. Ou nós nos divertimos um pouco ou...
   - Não precisa falar a outra opção,eu já me decidi.
  Agarrei seu quadril, colando nossos corpos e a beijei. Juntou a bebida com desejo acumulado e eu perdi a noção. Fui beijando seu pescoço e clavícula,agarrei um dos seus seios a fazendo arfar. A peguei no colo e ela enlaçou suas pernas na minha cintura; colei ela contra a parede e a beijei até ficarmos sem fôlego. Ela passava as mãos pelo meu abdômen e pelas minhas costas. Nos afastamos,ambos ofegantes. Eu provavelmente estava todo sujo de batom porque ela também estava. Cada um seguiu seu caminho como se tivéssemos acabado de se pegar; estava indo  pro banheiro limpar minha cara quando vi uma cena chocante. Kathleen e Henry no maior fogo do outro lado do deck. Dei risada e fui me limpar. Minha boca e meu queixo estavam todos sujos de batom vermelho,passei água e sabão e consegui tirar tudo. Desamassei um pouco minha camisa e voltei pra festa.
  Peguei mais um copo com vodka e fui bebendo. Perdi a conta de quantas coisas eu tomei,só sei que minhas mãos passaram por mais vários corpos. Vi Aisha vindo na minha direção,ela parecia igualmente bêbada. Ela agarrou meus braços e me beijou,peguei sua cintura e a puxei mais pra perto. Ela beijava bem,muito melhor que a menina palhaça. Achei que teria algum problema com Ethan depois mas vi ele e a Kath se pegando então me soltei. Agarrei sua bunda e ela minha nuca. Aisha não era tão alta então tinha que me curvar um pouco,mas isso não me impediu de nada. Fui passando a mão pelo decote no seu quadril imaginando ela sem aquele vestido lindo. Ela beijava meu pescoço e a parte exposta do meu peito,onde a mesma havia feito a maquiagem. Provavelmente me arrependeria disso mais tarde mas foda-se tudo. Eu era jovem,estava bêbado e tinha uma mulher gostosa me beijando. Passei a mão por partes realmente sensíveis dela,sem me importar com as outras pessoas a nossa volta. Agarrei uma das suas coxas e apertei,fui beijando seus ombros e indo para uma direção sem volta. Uma das minhas mãos estava no seu pescoço e a outra na sua bunda. Ela me soltou bruscamente e limpou o canto do lábio.
   - Cara você tem um fogo.
   - É você também.
  Ela deu risada e eu também. Peguei um copo e coloquei um pouco de whisky com gelo porque estava morrendo de calor. Até cogitei pular na piscina,mas mudei de ideia. Havia uma grande probabilidade de eu me afogar.

Too drunk for your loveOnde histórias criam vida. Descubra agora