Dia 2: Uma noite de boliche pode te levar aos céus

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O dia amanhece, mas o humor do Ackerman continua dormindo. Levanta passando a mão pela cabeça, sentindo os sintomas da bebedeira de ontem. Na cama ao lado, Erwin se remexe em resmungos, ou sonhando, ou com dor.

Pega a cartela de aspirina na bolsa, toma uma e joga a embalagem no rosto do loiro, que resmunga em resposta. Se direciona para o banheiro para uma ducha gelada.

Erwin acorda com dor, meio zonzo da bebedeira. Ele percebe a cartela de remédio, senta na cama e toma um, meio cambaleante.

Levi sai do banheiro, terminando de abotoar a camisa social e vê Erwin esfregando a cabeça com os olhos semicerrados.

— Dor?

— Parece que alguém bateu com um tijolo na minha cabeça.

— Isso foi minha tentativa falha de te matar enquanto dormia. - diz Ackerman, arrumando a gravata, Erwin olha para o moreno com dificuldade

— Obrigado pela aspirina.

— Tá. - diz Levi, sem prestar atenção, pega alguns documentos e guarda na bolsa — Vou resolver algumas coisas na cidade, não vou demorar. - abre a porta do quarto, deixando Erwin sozinho

...

O dia passa, já são quase três da tarde e até agora Levi não voltou. O dia de Erwin está se baseando em ver filmes ruins em baixo da coberta. A dor não melhora e agora é acompanhada de ânsia e calafrios pelo corpo.

...

São quase cinco da tarde quando Levi volta da cidade, entra e o quarto está fechado e com as luzes apagadas. Erwin está deitado na cama coberto até o pescoço com calor de trinta graus. Ele está pálido e com um olhar fraco de quem está com dor.

— Que cara de morto é essa? - pergunta, abrindo as cortinas e janelas

— Talvez a bebida não tenha me caído bem. - diz, rouco

— Você deve ter bebido uns seis copos, no máximo. - tira o paletó, pendurando na arara no canto do quarto

Levi encara Erwin por alguns segundos, e involuntariamente se aproxima, colocando a mão na sua testa.

— Você tá fervendo. - tira a mão, com certa preocupação

— É só ressaca.

— Você deve ser a primeira pessoa que eu conheço que tem febre depois que bebe. - arranca um riso frouxo do loiro

— Já volto. - sai novamente, deixando Erwin confuso

Levi vai até a farmácia mais próxima e compra alguns medicamentos. Não é como se ele gostasse do homem, ou esteja fazendo algum ato heroico, ele só não é desumano — não tanto — para deixar o homem doente.

Depois de alguns minutos, volta para o quarto e entrega os remédios para ele, junto à uma garrafa de água.

— Obrigado. - diz, agradecido

— Tudo bem, é melhor do que ver você morrendo aos poucos. - Erwin sorri, fazendo o Ackerman balançar a cabeça levemente.

É estranho que em um dia e meio, alguém possa lhe fazer bem, e o loiro tem esse efeito sobre ele. Talvez ambos saibam, mas não vão assumir tão cedo.

...

É perto das sete e meia da noite, Levi encomendou duas sopas, e um chá para Erwin, que não demora muito para chegar.

— Toma. - entrega para Erwin

Erwin estende a mão para a embalagem, e por alguns segundos suas mãos se tocam. Um arrepio percorre o corpo de ambos e uma tensão se espalha no quarto.

— Resolveu as coisas na cidade?

— Uhum. - diz, sem olhar pra ele

— Sabe se a empresa ainda tá inteira, nas mãos do Yeager? - brinca Erwin

— Prefiro descobrir quando voltar, quero aproveitar esse momento sem preocupações.

Erwin fica um pouco confuso. "aproveitar esse momento", o momento em que eles estão tomando sopa? Por quê?
Tudo bem que também quer aproveitar esse tempo com o moreno, eles sempre se deram bem, seria bom tê-lo como amigo. Mas será que é só isso que eles desejam?

— Levi?

— Huh?

— Já jogou boliche alguma vez?

— Na verdade não, por quê? - diz, tomando o olhar para ele

— Tem um lugar aqui perto, quer ir? - ele fica em silêncio, demora alguns minutos para realmente responder

— Tá, não tem nada melhor pra fazer mesmo.

...

Já são quase dez da noite e até agora, Levi não acertou um pino, a bola sempre cai na canaleta, ou para antes de acertar algum.

— Você é péssimo nisso. - Erwin ri, recebendo um olhar ríspido do novo

— Tanto faz. - entrega a bola pra ele, que derruba todos

— Convencido.

— A culpa não é sua, você só é muito baixo, isso atrapalha um pouco na hora de jogar. - recebe outro olhar ríspido, junto com uma carranca

— Eu devia ter te matado com aquele tijolo. - Erwin fica surpreso, Levi está sendo legal sem uma gota de álcool no corpo

— O que você costuma fazer no Japão? - larga a bola, sentando ao lado do rapaz

— Eu não faço nada de diferente, apenas trabalho.

— Sua vida é ainda mais deprimente que a minha.

— Eu não pulo de paraquedas ou descubro uma nova espécie nos fins de semana, acredite Smith.

— Paraquedas me parece uma ideia interessante.

— Que?

— Fala sério, Levi. Daqui alguns dias nós vamos voltar pra nossas cidades e trabalhar feito loucos, quando vamos ter uma folga dessas de novo?

— E a sua ideia é desperdiçar esse tempo, pulando de paraquedas?

— Tem alguma ideia melhor?

— Pular de paraquedas não é uma questão pra mim.

— Já falaram que você parece um pinscher?

— O que!? - cerra os olhos

— Baixinho e raivoso, além de um pé no saco, mas não entra em questão agora.

— Eu juro que se você fosse um pouco mais baixo eu te dava um chute.

— Vamos?

Levi suspira, derrotado — Tá, que seja, Smith.

Erwin manda algumas mensagens no celular e volta a atenção ao moreno.

—  Pronto, amanhã as dez.

— Eu ainda não esqueci sobre o pinscher, se eu fosse você, testava se o seu paraquedas irá abrir antes.

Apesar de não gostar, Levi cede à Erwin. Mesmo que não assuma, ele gosta da companhia dele. Ambos gostam da companhia um do outro.

Eles voltam pro hotel já tarde da noite. Levi toma banho primeiro, depois Erwin. O moreno fica até mais tarde lendo, enquanto Erwin trabalha, se entregando ao sono mais tarde.

7 𝐝𝐢𝐚𝐬 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐬𝐞 𝐚𝐩𝐚𝐢𝐱𝐨𝐧𝐚𝐫 | 𝐄𝐫𝐮𝐫𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora