Um novo tom da saudade

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Com o pé na estrada

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Com o pé na estrada. É como dizem quando estamos fazendo uma viagem de carro, normalmente para chegar onde precisamos estar por vontade própria. Nesse momento, é exatamente assim que eu descreveria o que estou fazendo. O estonteante pôr do Sol também é importante nesse cenário, tornando o azulado dos céus um roxo acompanhado de cores como o laranja, o amarelo e o rosa.

Sendo mais específico, estou indo encontrar uma velha amiga, Emma, que eu não vejo desde quando era um pequeno garoto do campo. Chegando ao local, ao contrário do que eu esperava que seria uma recepção calorosa, me deparo com o ambiente vazio, ela não conseguiu cumprir com o horário marcado. Aproveitando o momento solitário de frente para um luxuoso prédio, decido dar uma olhada em tudo.

Ao longo do tempo, este lugar de certo havia mudado bastante, o calçamento agora cobre as estradas de terra pelas quais eu e Emma caminhávamos e das macieiras locais apenas a maior delas restou, não sei se graças à dificuldade exigida para derrubá-la ou na tentativa de manter, insuficientemente do meu ponto de vista, a harmonia paisagística local. Do verde e do marrom aquilo havia se tornado, em sua maioria, cinza, "cor de morto" eu diria. Havia muitas adaptações e modernidades ainda para serem observadas, porém, enquanto eu pensava em continuar minha rememoração, vejo Emma chegando de moto ao local onde eu havia estacionado meu carro.

Mudando agora totalmente o foco de minha atenção da paisagem, deparo-me com Emma sentada em sua moto já estacionada e retirando seus cabelos louros brilhantes de seu capacete escarlate. "Sempre magnífica", digo baixinho para mim mesmo ao admirar não mais apenas o cabelo, mas minha antiga amiga como um todo, podendo parar para notar o belo tom cianótico de seus olhos e seu batom vermelho característico, usado por ela desde seus 10 anos de idade, quando ainda existia um pomar inteiro por aqui.

- Olá Joe, ou melhor, Joseph. - diz Emma enquanto ri parcialmente e mantém um sorriso malicioso, ela sabe o quanto odeio quando me chamam de Joseph.

Para mim, ser chamado de Joseph por ela é como ser tratado como um estranho com o qual não se tem intimidade nem mesmo para inventar um apelido. Também nunca gostei de como os outros vêem o nome, pessoas chamadas Joseph normalmente são encaradas como ricos com certos traços de mimo, ou como "filhinhos de papai" sendo mais direto, e eu sou exatamente o contrário disso, um garoto com origem camponesa e com riquezas apenas terrenas, que conquistou o que possui hoje por meio de esforços próprios e familiares relacionados à formação acadêmica.

- Olá M, bom te ver de novo e perceber que não mudou nem um pouco, mesmas piadas, mesma pessoa. - digo levando na brincadeira e retribuo o sorriso porque, mesmo que me deixe irritado, ela é uma das únicas pessoas em que confio e que sei que fala isso apenas para me provocar com palavras, sem nenhuma intenção maldosa. Não que ela precisasse de palavras para me provocar de uma maneira ou outra.

- Nossa, você costumava se irritar mais com isso, que bom, acho que algumas coisas realmente tem de mudar, para melhor claro.

- É, acho que sim.

Infantil sim, utópico nãoOnde histórias criam vida. Descubra agora