- Solte! - Marco gritou, puxando uma parte do vestido que uma vez fora branco.
- Solte você, seu nojento! - rebateu Antônio, com raiva.
As crianças brigavam no canto mais afastado da propriedade, escondidos dos olhos pelas árvores e dos ouvidos pelo córrego.
- Mamãe te odiaria se soubesse disso - prosseguiu Antônio, ofegante.
- Apenas... Me devolva!
Antônio larga o vestido; Marco chorava.
- Isso não é você. Não lembra do que o pastor disse? - Antônio baixa a voz com uma calma fingida.
- Você não me entende, irmão.
- Não me chame de irmão, seu... seu...!Em um movimento rápido no qual Antônio olhou para a terra sob seus pés, se abaixou e juntou três pedras e com elas, atirou uma por uma em Marco.
A primeira pedra acertou-o no estômago, o fazendo cair de joelhos. A segunda, mirou em sua cabeça fazendo com que o irmão mais novo se rendesse ao solo sangrando.
As lágrimas formavam um rio marcado em suas bochechas.
A terceira pedra, não o acertou. Fora jogada com muita força para um garoto de doze anos; atingiu uma das árvores do pomar, a única em que abelhas haviam criado morada.As abelhas voavam, com seus zunidos gritavam;
Antônio correu, sem coragem de olhar para trás;Marco, caído, levou ferrão por ferrão, até nunca mais poder sentir seu coração bater novamente.
Gabriel MS
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Meus Quase Contos
القصة القصيرةHistórias curtas e soltas, apenas. - Textos 2 e 4 contém violência;