Capítulo VI - Fúria Incontrolável (Revisado)

16 2 39
                                    

O sol timidamente escondia seu calor entre as exibidas nuvens cinzentas, as gotas d'água caíam suavemente frias e sendo levadas pelo vento em diferentes direções, assim como as folhas das árvores seguiam-nas rodopiando graciosamente naquela tarde. Alexandre estava parado, com sua mochila nas costas e o uniforme em seu corpo, deixou as pálpebras esconderem a luz de seus olhos enquanto os lábios ficaram entreabertos ao expirar o ar que havia roubado das árvores.

Aquele dia ainda permanecia em sua mente, aquela noite de domingo. Não somente pela visão horrenda que teve e a dor excruciante que o consumiu como fogo em pólvora, isso ele sempre soube que deveria lidar bem. Mas o que aconteceu quando Sofia e ele retornaram deixou-o mais assustado do que quando sentiu que seu coração saltaria pela boca quando viu Dante pela primeira vez.

Bela estava deslumbrante, com um sorriso maior do que o rapaz a via ter nos últimos 3 anos. Ele sentia saudades disso, de ver sua mãe tão sorridente assim, de vê-la apenas estar majestosamente exibindo sua beleza que era consumida pelo trabalho às vezes.

De fato, Alex percebia algo diferente em sua presença nas últimas semanas: ela estava passando a aparecer com mais acessórios brilhantes que quase oxidaram, estava redecorando a casa cuja tintura estava se desfazendo e ainda estava comprando produtos que antes recusava comprar se custassem mais do que quinze reais. Ela até mesmo deu-lhe um moletom branco de presente que valia mais de quinhentos reais, o qual ele estava trajando em meio ao pátio da escola enquanto as memórias continuavam a martelar o cérebro.

Finalmente, naquela tarde de domingo, ele saberia de onde estava surgindo esse surto de serotonina em sua mãe.

- Filho, quero conversar com você...

- O quê?

- Você deve ter percebido que eu venho andado diferente, mais alegre...

- Percebi bem, a senhora finalmente trocou a tintura daquela casa - Riu despreocupado observando a felicidade dela, ele entendia o motivo que a fazia querer conversar.

- Antes de tudo, eu quero que saiba que seu pai nunca será substituído...

- A senhora finalmente arranjou um namorado - Comentou com um sorriso travesso ao falar diretamente e impedir Bela de continuar um discurso que ele acreditava não ser necessário. O rapaz colocou um punho fechado no queixo enquanto o cotovelo foi apoiado sobre a mão de seu outro braço, assim como seus olhos semicerrados analisavam as expressões da mulher que agora tinha bochechas da cor de pêssego.

- Sim - Bela respondeu depois de prender a respiração por uns segundos até suspirar aliviada - E ele está aqui.

- E quem é?

Assim que Alex perguntou, Sofia se aproximou novamente de Alex, mas, dessa vez, o homem de olhos esverdeados e trajes perfeitamente arrumados estava de frente para ele e, ao lado dele, aquele senhor de cabelos brancos e aparência frágil.

- Alex, esse é o Julyan, meu namorado.

- Boa noite, Alex - O homem disse tão calmo quanto sorridente, estendendo-lhe a mão, com a camisa branca perfeitamente abotoada enquanto o velho sorria calorosamente ao olhar a cena.

- Professor - O rapaz de cabelos ondulados mexeu os músculos do rosto em um sorriso sem graça, sentia um frio acometer todo seu corpo. Se ele já parecia pálido antes, agora devia estar virando neve quando sentiu um arrepio percorrer suas costas no momento em que apertou a mão do seu, agora, padrasto.

- Ah, não sou seu professor aqui, somente Julyan hoje.

- O-Okay, Julyan...

- E eu? Não vão me introduzir ao filho da minha nora?

A Cor Do Céu Nos Seus Olhos (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora