O grande dia chegou, hoje é a festa de boas vindas da empresa e eu mal acordei e já estou passando mal.
Todos os meus amigos já estão chegando, meus pais estão aqui e parentes próximos, até meus padrinhos estão vindo. Eu poderia estar mais nervosa? Eu acho que não.
-Bom dia meu bem- Marcus disse vendo que eu já estava pronta para sair de casa- Vai aonde?
-Andar-respondi colocando meu tênis- eu preciso andar.
-Quer que eu vá com você?-ele perguntou.
-Eu preciso passar mal sozinha-respondi com os olhos marejados.
-Amor calma, não precisa ficar nervosa- ele me deu um abraço- Vai dar tudo certo.
-Eu sei que vai mas mesmo assim eu estou muito nervosa e preciso me distrair-eu peguei meu fone de ouvido e sai de casa.
Atravessei os muitos paparazzi que estavam na porta do meu prédio e fui andando sem rumo pelas ruas.
Passei por vários lugares até chegar no MET, eu amo história e amo a sensação que entrar em museus me dá, passei na cafeteria e fui para o pavilhão histórico olhar a exposição.
Estava sentada ouvindo podcast e olhando uma obra quando alguém toca no meu ombro.
-Posso sentar com você?-Brooklyn disse.
-Como você me achou?-perguntei
-Todos nós estamos logados no finder lembra?-ele respondeu rindo.
-Eu sempre esqueço isso.
-E além disso eu te conheço, sabia que você estaria aqui-ele sentou do meu lado- Lembra quando você estava na Inglaterra e toda vez que alguma coisa te chateava você ia conhecer algo histórico diferente?
-Porque não existe nada mais legal do que contar histórias e conhecimento-respondi junto com ele.
-Você seria uma professora incrível de história- ele disse.
-Eu sei- respondi com uma lágrima caindo- assim como seria uma ótima CEO, uma ótima estilista etc.
-Você já é tudo isso mas só precisa reconhecer isso- ele olhou para o grande quadro da revolução francesa na nossa frente- Você sabe que na posição que você está hoje pode fazer tudo isso não sabe?
Eu chorei mais ainda.
-Você, como uma grande poeta da atualidade que é você mesma diria "você tem a faca e o queijo na mão, agora usa para colocar a goiabada junto"- ele tentou falar português mas não deu certo.
-E eu odeio as pessoas que não fazem isso-disse.
-Então não deixe que isso chegue até você Ana- ele pegou na minha mão- cadê a Ana contadora de histórias que sempre fazia aulas de história e geografia a mais na escola que todos adoram e odeiam ao mesmo tempo? Cadê a fala que fala mais que o homem da cobra que todos amam ouvir?
-Ela está aqui-eu respondi baixinho.
-Ela está presa aí e você não está deixando ela sair de novo- ele disse sério.
-Eu não quero errar- disse olhando para ele agora.
-Você sabe que isso faz parte e que dependemos disso para conseguir vencer- ele se levantou e ficou de frente pra mim- Vamos voltar Ana, você não viu o tempo passar mas já está quase na hora de ir.
Eu olhei no meu relógio e como tinha desativado todas as notificações eu perdi a noção do tempo.
Levantei, chorei mais um pouco e sai do MET.