Capeta 14

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Harry's Pov

18 de junho de 1996

Vou até o endereço que a telefonista me passou e me surpreendo pelo fato de não haver o nome de Louis no interfone do garoto normal de 22 anos. Quer dizer que eles não moram juntos.

Eu não sei por que, mas fiquei contente com isso.

Vou até uma cafeteria ali perto e fico observando a rua pela janela. Se o Louis vir aqui hoje provavelmente o verei.

Depois de várias xícaras de café, começo a me sentir muito entediado.

Espera... aquele é ele?

Avisto um garoto do outro lado da rua, usando uma calça extremamente colada deixando suas belas coxas bem apertadas, uma camiseta azul, e uma beanie também azul, só que com de um tom mais escuro. Ele carregava uma mochila marrom, e caminhava lentamente.

Me levanto rapidamente e deixo um quantidade mais do que suficiente para pagar minha conta. Grito um rápido "fique com o troco" enquanto saio correndo porta a fora.

_Louis. - grito pelo garoto que está a uma distancia considerável de mim.

_Harry?! - ele se vira e me encara com os olhos arregalados.

_Oi... - digo baixinho e sinto minhas bochechas corando.

-O que você está fazendo por aqui? - seu tom de voz é como um tapa para mim, enquanto ele me encara com uma sobrancelha arqueada e uma cara de poucos amigos.

_Eu... ahn... - eu nem tinha pensado no que dizer... - Nada... eu... eu estava no centro e ia agora para a estação de trem.

Sua expressão não muda, e eu só queria desaparecer naquele momento. Sinto meus olhos se enchendo de lágrimas, e luto para que elas não desabem.

_Ainda bem que a gente se cruzou, porque eu queria me desculpar, mas como não tinha o seu endereço. - falo olhando fixamente para minhas mãos e sinto meus olhos arderem. - MEDESCULPEPORTERJOGADOTODAACULPAEMVOCÊEPORFALARCOMVOCÊDAQUELEJEITO. - fala rapidamente e seguro minha respiração, percebo um pequeno sorriso se formando em seus lábios.

_O que? Eu não entendi Harry. - ele da um sorrisinho sacana e fica me encarando.

_Ah, fala sério. - reviro os olhos e faço cara de tédio.

_Estou falando sério.

_Me desculpe por ter jogado toda a culpa em você e por falar com você daquele jeito. Satisfeito agora? - ele solta uma gargalhada alta e fica me observando divertido. - Você é bipolar ou o que? - cruzo os braços e faço beicinho.

_Me desculpa por ter gritado com você. - ele diz enquanto acaricia minha bochecha. - Vem, vamos sentar em algum lugar para bater papo.


E pela segunda vez sou guiado por sua mão que agarra fortemente a minha, enquanto me arrastava pela rua. Não consigo evitar que um sorriso bobo tome conta do meu rosto.

Ele me arrastou para um parque perto dali, e nos sentamos de baixo de uma árvore, bom eu me sentei, Louis se jogou no chão e ficou todo esparramado com os braços atrás da cabeça olhando para mim com um olhar inquisidor.

_Como foi... você sabe... que você começou a gostar de garotos? - perguntei ficando totalmente vermelho e abaixando o olhar para minhas mãos que se entrelaçavam loucamente por conta do nervosismo.

_Quando eu percebi que me interessava por garotos, enterrei esse segredo bem no fundo de mim mesmo. Isso foi quando eu tinha 14 anos. Comecei a sair com várias meninas diferentes, andava com roupas largas, bebia e usava drogas o tempo todo, andava com gangues de meninos e vivia brigando com eles. - ele solta um suspiro cansado. - Eu lutava tão obstinadamente contra mim mesmo, contra os meus desejos, que não conseguia mais controlar o meu medo e a minha raiva, e por isso eu era tão agressivo. Hoje em dia nem acredito que fui aquela pessoa. A minha mãe começou a entender. Sabe como é né, mãe sempre sabe de tudo. - ele diz soltando uma gargalhada. - Foi ela que veio falar comigo. Eu nunca teria coragem de dar o primeiro passo. Ela não me forçou a fazer nenhuma escolha. Ela queria eu fosse simplesmente feliz e que eu me aceitasse como pessoa. E pouco a pouco eu entendi que os caminhos para amar são múltiplos. Não se escolhe quem a gente vai amar, e a nossa concepção de felicidade acaba aparecendo por si mesma, de acordo com nossa experiência de vida... Isso responde à sua pergunta.

_Sim. - me deito ao seu lado e fico olhando para seu rosto que está extremamente perto to meu, me encarando, com aqueles belos olhos azuis. - E o Zayn?

Ele desvia o olhar e fita as folhas da árvore.

_Eu conheci o Zayn na faculdade... graças a ele, eu levo a vida que tenho hoje. Ele me ajudou muito a aceitar a minha sexualidade e, também, o meu trabalho é claro. Depois ele me iniciou na cultura gay, e os amigos dele acabaram virando os meus. Eu não sei onde eu estaria se ele não tivesse aparecido.

Sinto um aperto em meu peito ao ouvir suas palavras. O Zayn parece tão importante para o Louis, que não consigo ver um motivo para estar aqui com ele. Luto contra as lágrimas e toco em seu braço. Ele vira o rosto assustado para mim e encara meus lábios.

_Louis, quando é que a gente pode se ver de novo?

Ele se vira de lado e pega minha mão, entrelaçando suas pernas às minhas e me prendendo na imensidão de seus olhos.

_Eu ligo para você depois das provas, tudo bem?

Sorrio e, aceno a cabeça. E ficamos ali apenas nos encarando com sorrisos nos lábios.


(AQUELE MOMENTO MARAVILHO QUE PELO LIVRO NÃO DA PRA SABER SE ISSO FOI NO MESMO DIA OU NÃO, ENTÃO VAMOS FINGIR QUE SIM)


Por ficar um bom tempo deitado com Louis naquele parque acabei me atrasando para a aula. Me sentei na escadaria em frente ao colégio e esperei para poder entrar na sala apenas depois do intervalo.

Não conseguia tirar o sorriso dos lábios e parar de pensar naqueles olhos azuis. E por estar em um dos meus devaneios não percebo quando Neide se aproxima e senta ao meu lado.

_Hazz...

_Bom dia! - digo dando um grande sorriso e encontrando a garota com uma expressão surpresa me encarando.

_Você parece feliz...

_É que agora estou começando a aceitar tudo de bom que está acontecendo. E começando a ignorar o que os outros podem pensar sobre mim.

_Uau! Teve uma revelação ou o quê? ISSO É UM MILAGRE. TEM QUE GLORIFICAR DE PÉ IRMÃOS! - ela se levanta gritando atraindo vários olhares estranhos para nós.

Não consigo segurar uma gargalhada alta enquanto tento fazer com que ela se sente novamente.

_Shiu! Fica quieta. Ele se chama Louis. - digo ficando sério.

_O quê?

_O garoto do bar gay que veio aqui... Você me pediu para falar sobre ele. Bom, aqui vai: ele se chama Louis, mas não foi a primeira vez que a gente se cruzou.

_AI-MEO-DEOS! OH! MAS ISSO ESTÁ COMEÇANDO A FICAR INTERESSANTE! - novamente várias pessoas nos mandam olhares estranhos - Você vai me contar tudo, né? Como foi que vocês se encontraram pela primeira vez?

Viro o rosto e me sinto meio incomodado.

_Não, eu... ahn... prefiro não dizer, Neide.

_Eu pensei que você ia deixar de esquentar a cabeça com a opinião dos outros. - percebo sua expressão mudando rapidamente, de animada para triste, e de triste para irritada - Estou começando a ficar ofendida como o seu medo de ser julgado, principalmente por mim. Tenho a impressão de que você não tem nenhuma confiança em mim, ou de que sou idiota de mais para entender.

Ela para de falar e cruza os braços virando o rosto, mas mesmo assim ainda percebo uma lágrima rolando pelo seu rosto.

_Neide, me desculpe, não é nada contra você, mas primeiro eu mesmo ainda preciso entender o que está acontecendo. -- digo acariciando seus cabelos e a puxando para um abraço apertado.


_Ok, vamos indo. Uma prova nos espera, e não é mole, não! - ela se levanta com um pequeno sorriso nos lábios e me estende a mão para que eu possa me levantar.

Azul é a cor mais quente Larry Stylinson VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora