Natal Passado - parte 2

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Não sei por quanto tempo eu fiquei encarando Silena Beauregard. Ainda era inacreditável de que ela estava realmente ali. Desde crianças que nos conhecemos e vê-la na minha frente quase me fez ficar emocionada demais.

- Eu não acredito que você esteja mesmo aqui – disse andando em sua direção para poder abraçá-la, mas ela ergue sua mão me fazendo parar.

- Um minuto – ela disse.

Silena abre seu sorriso travesso de sempre e estala os dedos ecoando pelo quarto o som do seu estalo.

- Agora pode vir – ela abre os braços e de imediato eu a abraço tão forte que fez eu me questionar se alguma vez eu tinha abraçado alguém com tanta intensidade em toda minha vida.

- Eu senti tanta sua falta, Sil – disse ainda a abraçando. Silena solta uma risada antes de se desvencilhar dos meus braços e me olhar com os olhos brilhando.

- É bom te ver também, Annie – ela diz sorrindo me observando – Você está tão diferente.

Sigo seu olhar e é quando eu reparo no meu corpo. Ele se encontrava como o de Silena, brilhando através de uma luz azul fraca.

- O que houve com o meu corpo? – pergunto balançando os braços para vê-los se oscilando.

- É só um truque que eu fiz para que possámos viajar com mais facilidade – ergo meu olhar ao ouvi-la dizer isso. Aquilo realmente estava acontecendo. – Tudo bem?

Balanço minha cabeça afirmando e sorrio para ela.

- Nós temos tanto o que conversar, Sil – disse já pegando na sua mão e a puxando para minha cama.

Ela se firma no chão ou seria no ar já que ela estava flutuando me impedindo de puxá-la.

- Não temos tempo pra isso – ela olha para seu pulso como se verificasse as horas, mas não havia nada ali até um relógio aparecer magicamente. – Já perdemos dez minutos aqui. Vamos.

Ela pega minha mão e me guia até o centro do meu quarto comigo tagarelando o quão legal tinha sido aquele truque com o relógio e perguntando se ela poderia me ensinar.

Aconteceu tudo muito rápido. Em um instante eu estava no meu quarto e no outro me encontrava em uma casa que eu reconhecia muito bem. A mesa de jantar estava no mesmo lugar que eu me lembrava. No final do cômodo tinha um piano de cauda que eu costumava tocar quando estava entediada, do lado do instrumento tinha uma porta aberta que levava para outro cômodo. O meu quarto.

- Deuses, por que você me trouxe pra esse lugar? – perguntei para Silena revirando os olhos ao ver que ela continha um sorriso no rosto quando na verdade aquela situação não era nada engraçada.

- É a nossa primeira parada esta noite. – ela andou pela sala passando ao lado da mesa e eu não tive escolha a não ser segui-la. – O Natal da sua infância.

Parei de andar imediatamente e a encarei com a cara fechada. Aquilo não podia estar acontecendo. Apesar de ser essa data, não havia decoração alguma pela casa. Não tinha pisca-pisca, guirlanda ou até mesmo uma árvore. Só continha um arranjo que minha avó sempre fazia todo ano. Não estava muito preocupada com a decoração até porque minha mãe nunca foi de festejar em feriados. O que estava me deixando aflita era o fato de que se aquele fosse o Natal que eu estava pensando, esta noite não acabaria nada bem para a Annabeth de doze anos.

- Vem ver – Silena me chama erguendo a mão e ando até sua direção bufando – Você era tão bonitinha com doze anos.

Olho para dentro da porta que estava aberta e me deparo com minha versão de nove anos atrás. Eu estava sentada de frente para a escrivaninha fazendo exercícios de matemática. Minha cara de tédio já entregava que eu estava adorando aquilo.

A Christmas Carol - PercabethOnde histórias criam vida. Descubra agora