O amor precisa ser livre

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América portuguesa

Nos primeiros trinta anos após a chegada dos portugueses à América, a Terra de Vera Cruz,  nome provisório dado em referência religiosa, foi relegada, tendo apenas algumas expedições enviadas por Portugal para reconhecer o litoral da nova terra descoberta. Por volta de 1503 às terras passaram a se chamar Brasil, recebeu esse nome pelos portugueses, em referência a grande quantidade de árvores de pau-brasil existentes na região do litoral brasileiro. Em 1534, o rei Dom João III dividiu o território do Brasil, em 15 grandes faixas de terra, chamadas de capitanias hereditárias, a fim de povoar a colônia.

Pedro de Góis recebeu em 1536 a capitania de São Tomé, ele tinha liberdade para escravizar índios, recolher impostos e fundar vilas, além de poder subdividir as terras em lotes menores, sesmarias. O capitão-mor, assim o fez, doou alguns hectares de terras a nobres americanos. Ele concedeu a Samuel  Evans, por suas honrarias, um pedaço de terra para cultivá-la. Em 1539 o senhor Samuel Evans desembarcou junto com esposa, Brittany Susan Pierce, na capitania de São Tomé.

Capitania de São Tomé – 1540

Narrador

Brittany estava recolhida na biblioteca da casa. Amanheceu ensolarado nas terras pertencentes à família Pierce- Evans. Samuel, após o café da manhã, deixou a casa-grande para o engenho de açúcar. Ele foi acompanhado de dois índios, que conviviam pacificamente com a família e um escravo. Brittany estava perdida em pensamentos quando uma negra escrava doméstica avisou que o irmão Rafael, um frade franciscano estava a sua procura.

- Bom dia, Frei Rafael. - A jovem moça cumprimentou educadamente enquanto beijava o dorso das duas mãos do frade.

- Bom dia, meu pequeno anjo. - O frei cumprimentou com um largo sorriso, logo depois beijou a testa da jovem. - Minha pequena. - Suspirou nostálgico. – Sabes que sou uma missão nesta terra de criaturas que não conhece o Pai, e para isso estou neste mundo... - Brittany acenou em concordância. - Há algumas semanas encontrei uma jovem nativa que assim como os outros precisava do Evangelho. - Olhou vagamente para as estantes como se lembrasse de algo. – Parecia estar fugindo e com isso se perdeu... Talvez tenha fugido da Vila da Rainha. - Brittany escutava com atenção, possuía um enorme carinho pelo Frei Rafael, mas não entendia em que ponto ele queria chegar com essa história. - Mas pela graça divina, usava roupas. Ela não é como esses selvagens que andam com suas vergonhas expostas. E apesar de quase não falar, ela nos entende e balbucia algumas palavras e frases soltas em português. - Brittany concordou novamente. - Nós cordeiros de Deus, não devemos ter medo de espalhar sua palavra. Devemos sair da nossa comodidade e ter coragem de alcançar as pequenas criaturas Dele. – Abriu os braços evidenciando seu fervor sobre o Evangelho. - Essa manhã enquanto rezava, Deus me concedeu uma iluminação... - Elevou o tom. - Enquanto pedia a Ele que trouxesse um anjo para cuidar dessa pobre criatura, seu nome tocou meu coração e iluminou minha mente. – Brittany inclinou um pouco a cabeça, sentindo-se confusa com o que o frade dizia. - Minha pequena Brittany, os caminhos de Deus são complexos, mas creio que tu não vais negar um pedido Dele. Eu vim para esse mundo desconhecido sem bagagem, carregando no peito toda minha fé, apenas para ser testemunha da ternura do nosso Senhor.

- Meu amigo, tu sabes que te estimo como um irmão, mas como eu conseguirei discernir qual é o caminho que Deus traça para nós, se ainda não consegui compreender o que tu me pedes!

- Minha pequena, tu podes acolher essa pequena criatura de Deus aqui? – Brittany arregalou os olhos quando entendeu finalmente o que Rafael queria. Brittany pensou em negar o pedido, sentiu certo medo em abrigar uma selvagem em sua casa, ponderou bem, respondendo após alguns minutos de reflexão.

ONE- SHOTS BRITTANAOnde histórias criam vida. Descubra agora