Ferit
- A sra. Nakatami é um amor de pessoa, não é, Ferit Bey? Ela até me ensinou como se diz 'homem bonito' em japonês- ela fez uma pausa puxando da memória a palavra -... 'ikemen'!
Estavam na cozinha. Oferecera a ela um café forte após a saída do casal.
Observou atento, enquanto ela posava o copo vazio. Nazli bebera água assim que entraram. Bastante, pelo que notara.
'Acho que alguém não suportou o efeito do saquê.'- pensou.
- Sim, Nazli? E por que você perguntou isso a ela?
O som da risada rouca denunciou: estavam muito próximos. Agora, ela arrumava as xícaras, as costas quase nuas voltadas pra ele. Por pouco, acariciou-a, mas conteve-se. Vinha se esforçando para ignorar a atração que sentia, afinal, ela era sua funcionária e ele não queria problemas. Concentrou-se de novo na máquina de café. Contudo... a tentação era grande.
Ela também parecia agitada. Abria e fechava o armário, como se procurasse algo e, no final, desistia.
- Oooff, Ferit bey, estávamos falando sobre homens e... - notando o que tinha acabado de dizer, ela apontou o dedo - Ups, patrãozinho! Não vai ser tão fácil assim tirar de mim os segredos das garotas!
Ele ergueu a sobrancelha, surpreso. Nazli o chamara de 'patrãozinho'? Definitivamente, ela estava 'de fogo'. Mas, ele gostara. Pelo timbre único e pela carinha sapeca com que ela dissera. De repente, a cozinha tinha se tornado sufocante. Serviu o café e fez sinal para que ela o acompanhasse até a área externa.
Sentaram próximo à piscina. Ela recebeu a xícara fumegante, bebericando distraída. Ouviu um gemido. Por Allah! Ela tinha sempre que fazer aquele som quando se sentia satisfeita?
- Nossa! - ela apontou o globo imenso no céu - A lua está maravilhosa... é 'Dolunay'! Se não fosse pelo episódio no baile, quando derramei a bebida na Sra. Nakatami, essa noite seria perfeita!
Ele a devorava com o olhar. Os lábios cheios pintados num tom coral eram um convite irresistível. Pelo decote, avistava bem mais do que ela poderia supor. Ah! O prazer que era ser alto e estar com garotas baixinha' que usavam peças decotadas sem sutiã... apesar da sombra do tecido, o mamilo rosado era visível. Sua calça começou a se ajustar. A mão ardia e não era pelo calor da bebida. Queria muito tocar o bico adormecido e vê-lo despontar diante de seus olhos.
- Perfeita, Nazli. Perfeita!- bebericou o café para 'aliviar' a súbita secura na garganta. Whisky on the rocks teria servido melhor. Deixou a xícara de lado e concentrou-se totalmente em apreciar a visão maravilhosa e... infernal.
-Mas - ela interrompeu o que ia dizer ao deparar-se com a intensidade em seu olhar. A mão livre abanou o pescoço esguio – é impressão minha ou está muito quente?
Um meio sorriso ergueu o canto de sua boca. Decidiu interromper aquele joguinho bobo. Segundo o que Engin vira na inauguração recente de uma boate, Nazli era bem mais esperta do que aparentava. E aliás, ela armara bem demais a série de 'coincidências' que os conduzira até ali.
' Mulheres e seus 'truques! Vejamos se você será tão habilidosa em outras partes da casa quanto é na minha cozinha, Nazli...'
Sua mente fervia, como todo seu corpo. Aproveitando-se de uma mexa de cabelo que insistia em cair sobre o rosto delicado, acariciou a bochecha macia. Ela olhou de soslaio e sorriu. Quase um anjo.
'Ah, Nazli...ah...'
Ergueu-se, estendendo a mão num convite.
Ela pousou a própria xícara e aceitou, desequilibrando-se um pouco. Ele sustentou-a pela cintura.
- Me desculpe, Ferit bey, sei que já está tarde e...
Colocou um dedo sobre os lábios dela. O toque úmido atiçou sua pele. Aquela boca linda! Queria mais que tudo prová-la. Seria uma pena perder uma chef de cozinha de tão alto nível, mas, valeria o sacrifício. Chegara ao seu limite.
Aproximou-se, sua altura subjugando-a de imediato. Ela afastou um passo, colocando distância entre os corpos. Umedeceu os próprios lábios aproximando os rostos.
- Nazli...
Ela virou-se, tentando escapar.
- Eu só vou apanhar minha bolsa. O senhor nem precisa se preocupar. Eu mesma posso chamar o táxi...
Antes que ela desse outro passo, prendeu-a pela cintura. Sua mão espalmada sobre o ventre delicado, pressionando-a contra seu peito. Sua ereção, já desperta, roçou de leve o quadril redondo. Afastou os cabelos da nuca para roçar a barba no lugar que exalava o perfume inebriante que sentira enquanto dançavam juntos.
- Nazli... fica.- pediu, descontrolado demais para pesar consequências.
Num ato impulsivo, o braço esguio enlaçou sua nuca. Ela tinha um toque suave, mas firme.
- Ferit bey... eu, nós...isso é errado.- as palavras dela diziam uma coisa. Já o corpo, contava outra história.
Ele sorriu, a mão espalmando o seio que quase o enlouquecera há alguns instantes. Ao apertar a carne macia, ela se recostou, rendendo-se ao carinho. O gemido rouco que tanto amava encheu seus ouvidos. As mãos femininas agarraram-no pelo quadril, enquanto o bumbum arredondado se aconchegava contra o volume em sua calça. Seu pau estava dolorido. Esfregou o nariz na pele arrepiada, os pelos de sua barba instigando-a a reagir. Confessou baixinho, a fantasia que vinha sufocando desde os primeiros dias em que ela começara a trabalhar na mansão.
- Você nem imagina quantas vezes eu já sonhei com você sobre aquela bancada. – seus dentes alcançaram o lóbulo da orelha, mordiscando de leve - esse cheiro de jasmim me enlouquece... você é muito gostosa, Nazli!
Ela se encolheu, excitada. A visão da língua rosada umedecendo os lábios macios pôs um o ponto final na sua paciência.
- Vamos pra dentro... chega desse jogo de gato e rato!
Ela retesou-se de imediato. Abriu os olhos enevoados, aparentando incerteza.
- Jogo? Do que o que o senhor está falando?- o olhar já não refletia o desejo de alguns segundos. Ele se irritou. Ela ainda o chamava de 'Senhor?'...sério?
Passou a mão pela barba, coçando o queixo com irritação
– Nazli, sejamos sinceros: uma garota linda como você, chef de cozinha na minha casa? E você está sempre nos lugares certos e conhece pessoas que nos aproximam... não é incrível, você ter vindo parar aqui hoje a noite, Nazli?
Respirou fundo antes de prosseguir. A essa altura, o cinismo o dominara por completo. Ou seria ciúme, como o amigo insinuara mais cedo?
- Engin viu você e suas 'amiguinhas' na boate inaugurada recentemente. Pelo tipo de garotas que frequenta o lugar, não precisa bancar a inocente comigo! Essa noite eu sou todo seu, Nazli! Mas - desceu o dedo sobre o monte arredondado, parando sobre o coração. Fixou o olhar de lebre assustada, avisando- uma boa transa é tudo que você vai ter de mim. Sem ilusões românticas, nem golpes, ok? Vamos aproveitar o momento.
Prendeu-a contra o corpo, encontrando resistência. Ela demonstrava indignação.
- Ferit bey! Eu... eu não sou esse tipo de garota!
- Ah, qual é Nazli? Vai insistir nisso?
Ela bateu o dedo indicador contra seu peito. Ele prendeu-a pelo braço. Ela tentava soltar-se.
- O senhor está sendo arrogante e atrevido! E... eu tenho família! Eu....
Ele assistia a cena, impressionado com o talento artístico de Nazli. Caso desistisse da culinária, ela já tinha uma segunda opção. Insistiu, mas foi empurrado fortemente. Nazli curvou-se, o rosto contraído, a mão sobre a barriga.
- Meu estômago...
E ele teve tempo apenas de afastar os pés, antes de vê-la esvaziar o estômago na grama do jardim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Imagine Dolunay
FanfictionFanfic inspirada em alguns capítulos da série turca Dolunay.