Apenas um teste...

Uma ligação de N

Enquanto acelerava pelas ruas não conseguia manter meus pensamentos inquietos no lugar. Achei melhor encostar a droga da moto antes que eu acabasse batendo essa merda.

Maldito, Matt! Tinha que achar aquela droga de revista e me fazer aquela porcaria de teste. De onde diabos aquela revista idiota tirou que estou interessado no Near?!

Como poderia?! Ele nem se comporta como uma pessoa! Aquele robô maldito...

Acabei estacionando a moto, de forma desleixada em um acostamento qualquer. Retirei o capacete e comecei a andar pelas ruas em busca de uma lojinha de conveniência. Naquele momento, resolvi apagar todo esses acontecimento da minha mente por enquanto, em prol de algo muito mais importante que eu precisava resolver com urgência.

Preciso de chocolate...

[...]

Cerca de vinte minutos depois, sai de um mini mercadinho que encontrei não muito longe, com um sacola abarrotada de meus preciosos doces. Ignorei completamente o n olhar ainda espantando do senhorzinho do caixa.

Esse cara nunca viu ninguém comprar doces não?!

Enquanto abria uma da barras e já a devorava, fechei os olhos sentindo meu estresse diminuir automaticamente.

Abençoado chocolate...

Estava prestes a abrir uma nova barra, que era recheada com caramelo, quando senti meu celular vibrando em meu bolso.

Ao apanha-lo vi um grande "N" na tela.

Comprimi meus lábios, antes de atender, já indo direto ao ponto:

— O que você quer, Near?!

Porém, minha voz vacilou um pouco, ficando com um timbre mais agudo do que de costume. Meu tom soou estranho até para mim mesmo e não era para menos. Após todo lance da revista, o albino era a última pessoa com quem eu queria conversar.

— Você está bem, Mello? — ouvi aquela voz ligeiramente aguda questionar.

Revirei os olhos. Era óbvio que ele perceberia que havia algo errado. Como esconder algo do número um?

Mesmo assim não pude deixar de ficar irritado.

— Mello? — ele repetiu, após meu longo silêncio.

Rangi os dentes, esmagando mais um pedaço de chocolate no processo.

— Se eu estou bem ou não, isso é da sua conta?!

— Eu só fiz uma pergunta — ele respondeu, normalmente.

— Tsc — estalei a língua. — Diz logo o que você quer! Não tenho dia todo!

— Queria falar à respeito da foto que você veio buscar comigo.

— Você encontrou outras?! — questionei, rapidamente.

Se houvessem outras imagens minhas circulando por aí eu poderia ser morto por Kira a qualquer momento.

— Não, não há nenhuma outra foto sua, Mello — respondeu ele, em tom tranquilizador. — Não se preocupe.

Suspirei, aliviado, mas logo voltei a me irritar:

— Então o que é?!

— Queria apenas conversar à respeito... por mais que eu ache possível que você, no calor do momento, tenha querido sair as pressas do orfanato, e acabando esquecendo de uma de suas fotos em seu arquivo. Mas não acho que seria tão imprudente de deixar se passarem todos esses anos sem tentar recuperá-la.