-Shin? É você?- Meu coração parou, era mesmo o Keiji? Por que ele estava me ligando? Como ele tinha meu telefone? O que ele queria comigo? O que estava acontecendo aqui? Comecei a sentir meu peito pesado e o nó na minha garganta se fez presente.
-K-Ke-Keiji?- Saiu mais como um barulho estranho e agudo do que como uma exclamação de surpresa realmente.
-Sim, sou eu. A Kanna me ligou e disse que você precisava de alguém para passar o natal do seu lado e como meus moleques não estão aqui eu podia passar o natal aí o que acha?- O tom do Keiji era gentil, doce, calmo e muito atencioso, eu não me lembro qual foi a última vez que eu recebi isso de outra pessoa que não fosse a Kanna na minha vida, eu não consegui me manter indiferente, a emoção que me atingiu invadiu o meu peito, meus olhos ficaram pesados e respirar parecia ser uma coisa ainda mais difícil.
Antes que eu pudesse perceber meu corpo estava trêmulo e minha voz não conseguia sair mais da minha boca eu podia sentir minha visão embaçar e alguns sons dos quais eu demorei a identificar começaram a sair da minha boca.
-Shin? Você está bem? Espere aí, eu vou para aí agora, só um minuto tá bem?- Logo em seguida a ligação foi encerrada, e a reação das minhas emoções para isso foram ainda mais intensas do que eu esperava, eu me senti desamparado, sozinho, sem um chão em baixo do meu corpo, minha reação foi me encolher e me abraçar.
Não era muito diferente do que eu fazia depois que Sou "brincava" comigo, eu me sentia estranho e desamparado, quando eu soube que ele morreu, me senti abandonado, não foi uma sensação de alívio, foi como se eu agora realmente estivesse sozinho, ele se foi, ele foi um monstro, mas eu ainda sinto falta dele, é errado eu me sentir assim? Eu não sei, eu nunca vou saber, as vezes eu me sinto tão pesado que acho que vou acabar morrendo, todo o mundo parece desmoronar ao meu redor, durante alguns poucos segundos. Se eu morresse, alguém notaria? Alguém sentiria minha falta?
Eu só queria me esconder, eu só queria que a dor parasse, eu só queria que meu maldito coração parasse de bater por alguns instantes, que eu morresse por alguns segundos que ninguém nunca mais me visse por alguns segundos que eu sufocasse para sempre naquele enorme mar que o Sou deixou para mim antes de morrer, o mar da solidão, do vazio e do desamparo.
Antes que eu pudesse me afogar na minha própria melancólia, violentas e preocupadas batidas se fizeram presentes na porta da minha sala, a pessoa atrás da porta parecia desesperada para entrar, como se precisasse fazer alguma coisa por mim e de alguma forma isso me deu forças para me arrastar até a porta e abri-la.
Assim que a porta de madeira escura abriu, o enorme corpo do Keiji colidiu com o meu, me escondendo e me mantendo quente em seus braços, Keiji era quente, caloroso e gentil, seus toques foram delicados, como se eu pudesse quebrar ao mínimo toque levemente bruto dele. Eu pude sentir todo o meu corpo amolecer nos braços dele, como se finalmente a paz chegasse a mim, o que era uma coisa muito estranha para sentir com um desconhecido, mas para mim o Keiji era o melhor desconhecido que eu conheci.
-Tudo bem agora, tudo bem, pode soltar, eu não vou te julgar e nunca contarei a ninguém sobre o que você está sentido isso é meu e seu.- Essas palavras me atingiram como uma bala perdida, eu comecei a sentir todas as emoções que eu acumulei naqueles anos de trauma com aquele monstro desgraçado, eu comecei a chorar descontroladamente e a gritar, tudo aquilo que estava dentro de mim finalmente se pós para fora e eu senti como se estivesse bem mais leve, tudo aquilo estava saindo de forma enloquete de dentro de mim.
E o Keiji me manteve de pé ao seu lado o tempo todo, acariciando minhas costas enquanto eu molhava suas roupas e as apertava com força entre os meus dedos. Deixando com que toda aquela merda que estivesse dentro de mim sair, finalmente.
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E lá estávamos nos, dois adultos sentados no chão abraçados um ao outro, comendo besteiras e bebendo boas taças de álcool, eu contei a ele tudo, claro com a boa e velha ajuda do álcool e ele ouviu tudo com cuidado e em nenhum momento deixou de ficar ao meu lado.
Eu perguntei a ele sobre a vida dele e descobri coisas interessantes, como ele ter uma filha adotiva chamada Sara Chidoin e um menino amigo dela que praticamente morava na casa dele. E que ele só se tornou quem ele é hoje por causa das pessoas que fizeram parte da vida dele, que apoiaram ele e que ajudaram ele a se tornar quem ele é hoje.
Pela primeira vez em anos eu estava me sentindo feliz, eu podia conversar com alguém que não queria nada de mim, que não estava me cobrando nada, que não estava me julgando pela maneira como eu me vestia, pelas minhas manias, ou o meu jeito grosseirão ele estava apenas lá, do meu lado, rindo e conversando comigo como um bom e velho amigo.
-Ok, mas você já jogou algum jogo online Keiji?
-Não, mas a Sara e o Joe jogam alguns lá em casa.
-Vamos ver se esses muleques tem bom gosto, qual?
-Ah, Genshin, Minecraft, Valorant, GTA.
-Eles não jogam LOL não?
-Não, eles falam que quem joga LOL é gay.
-Não acredito nisso! Eu nem conheço esses muleques mas já estou passando raiva deles sabia??
-Hahaha, eu imaginei que iria, se eles te conhecerem vão adorar te provocar do jeito que você é esquentadinho!- Ele olhou para mim com uma cara de ouro deboche, como se estivesse se divertindo com a minha desgraça tive sincera vontade de meter a mão na cara dele, mas eu não faria isso porque sou um menino puro e controlado, ou talvez porque eu estivesse muito bêbado mesmo.
-Sabe, eu nunca passei meu natal com alguém.
-Você gosta?- Ele perguntou baixinho enquanto de aproximava de mim e acariciava as minhas costas, de um jeito que me fazia arrepiar, mas aquele contanto da mão dele com meu corpo era tão bom, que não havia o porquê reclamar.
-Gosto na verdade eu gosto muito. Sabe Keiji, se eu pudesse dizer a verdade apenas uma vez na minha vida, eu acho que eu diria que "passar o tempo com você, é melhor do que eu imaginei, eu não posso negar isso mais." Por mais que você me deixe estranho e quente eu gosto de ter você por perto, talvez aqueles pequenos encontros que nos tivemos me deixaram mais feliz do que eu podia imaginar.
-Que bom Shin, porque eu sinto o mesmo com você sabia? E eu sonho que um dia você vá se sentir tão a vontade comigo, que nunca mais vai desejar mentir de como você realmente se sente.- E com essa declaração do Keiji, os fogos de artifício se fizeram presentes no céu marcando em fim o início do dia 25 de dezembro. O natal.
-Feliz Natal Keiji.
-Feliz Natal, meu querido Shin.- Eu não sabia o que seria de nós dois depois disso, mas provavelmente nossa relação melhoraria demais e quer saber de uma coisa, eu gosto muito, eu gosto de ter esse idiota perto de mim, então me considere apenas como um viciado por essa sensação de amor.
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Notas da Arrombada
Gente! Feliz Natal, boas festas e feliz ano novo de uma vez, eu sinto muito pelos shippers que esperavam um beijo, mas vocês terão que esperar, eu acho que as coisas entre o Shin e o Keiji devem ser desenvolvidas com calma, por causa dos traumas do Shin e por causa do jeito do Keiji, mas o importante é ter esses momentos fofinhos entre os dois, enfim é só isso, espero que gostem e boa noite amadinhes!!
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Addicted
FanfictionVício. Ele pode se manifestar de várias formas, às vezes em um bem material, uma bebida, uma droga ou às vezes em uma sensação que vai te causar dormência, tranquilidade ou alívio. Mas para Shin Tsukimi esse vicio se apresentou durante seu expedien...