Capítulo 1

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A água do bule já está pronta. Delicadamente ela posiciona as folhas batidas no centro da chawan e com cuidado, derrama sobre elas o líquido quente.

- Bonita a noite, não acha?

A voz que ecoa no cômodo amplo e pouco iluminado, propagava ar de intimidade para os dois presentes.

- Acha? Pois eu não.

Foi a resposta da moça.

O rapaz que está com ela , logo se acomoda e ri do comentário seco.

- Hahaha, ora vamos, não diga um absurdo desses! Veja como está linda a lua cercada de nuvens, veja as cores que esses grandes algodões tem!

Shinobu prepara com esmero o chá e entrega a chawan para quem ela agora divide o quarto. Suas longas unhas poderiam ser um estorvo a quem delas não tem o costume de ter sempre grandes, mas não para ele.

Com dedos delgados e ossudos, de aparência bruta, quem diria serem capazes de tão fina graciosidade, ao manipular o objeto ainda quente.

- Ora vamos, ainda está assim pelo o que aconteceu?

Seus lábios levemente fechados assopram o líquido fumegante.

- Ainda está brava comigo? Hahaha, desculpa, desculpa. Assim que se recuperar, comprarei um kimono de brocado para você, o que acha?

Ele sorve calmante um pouco o conteúdo e sorri.

- Não obrigada. Me contentaria se você ou me matasse logo ou me deixasse ir.

A moça não estava nem um pouco contente, mas isso não diminuiu o humor do rapaz, que era bem mais alto do que ela.

- Hahaha! Shinobu-chan, que coisa mais horrível de se dizer.

Ele bebe outra vez da chawan e entrega para ser servido uma vez mais.

- Afinal...hu hu hu...

Enquanto lhe é servido outra xícara e entregue, seu sorriso se revela pela luz noturna, são de grandes presas animalescas.

- Você é minha agora, Kochou Shinobu-san. E o que eu fiz a você, é a prova do que eu digo.

Ela vê sobre a luz fraca grandes olhos com as cores do arco íris, fixos sobre a figura feminina e delicada, comportada e ainda sim frustrada. Ele projeta o corpo para frente, ficando cara a cara e parcialmente cobrindo o corpo da menina.

- Daqui...Shinobu, você não sairá.

Ela segue com os olhos e suas mãos delgadas despejando mais água em sua chawan. Volta sua atenção as grandes órbitas de cores claras e contornos infantis, com as grandes sobrancelhas escuras, destoantes dos longos e rebeldes cabelos loiros.

Com a mão maior do que um jovem de mesma idade do rapaz, entrega o pequeno objeto e mostra para a moça pegar. Ela sorri e o aceita. Sua educação não a permite jogar o conteúdo da cerâmica contra a figura à sua frente. Bem... terá de esperar uma chance melhor para agir. Gole por gole, sem retomar a conversa com o rapaz, ela termina sua bebida. Ela espanta-se ao sentir as longas falanges do outro tocarem seu rosto. Seu corpo ficou tenso quando este desceu seu toque pelo caminho do pescoço até seu colo.

Ela engoliu em seco, quando seus dedos direcionaram-se aos cabelos soltos e ondulados. O jovem louro sorri e posiciona o polegar sobre os lábios da moça, pressionando-os delicadamente. O rubor no rosto de Shinobu torna-se aparente, mesmo sobre a fraca luminosidade. O polegar foi introduzido, dentro da boca da menina. Sua ação, foi reacionária ao ato súbito do outro, com espasmos em seus braços. Nada mais fez, aceitando docilmente a ação incomum e obscena.

Sangue e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora