Capítulo 21

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O dia nasceu e com ele uma chance de matar Douma. Assim que Shinobu acordou, logo colocou-se de pé e foi se lavar. Durante sua higiene, pensou no possível valor que o pano embebido em sangue guardado dentro de um tubo de ensaio pode ter.

- “Talvez essa possa ser a minha chance. Preciso entrar em contato com Tamayo, quem sabe, ela realmente saberá me ajudar.“

Pensou ela.

Do lado de fora, ouviu a voz do trio de kisatsutai animados como sempre. Ela viu de canto pela janela Inosuke correndo e dando cabeçadas no pobre Zenitsu e Tanjirou tentando apartar a discussão, carregando a caixa de madeira onde sua irmã deve estar dormindo. Ficou refletindo enquanto acompanhava-os irem para a cozinha. Antes de se encontrar com os outros, irá falar com Kagaya sobre Tamayo e seus conhecimentos.

- Melhor eu ir antes que Oyakata-sama receba os outros.

Logo, Shinobu pegou seu uniforme e o separou para se trocar. Enquanto se despia, não pôde deixar de notar as marcas em seu corpo. As marcas e hematomas recentes são um lembrete constante que sua maldição sempre volta ao cair da noite. E não só isso, na noite passada, a conversa das duas continuaram mesmo depois de ter a sugestão de Kanao atendida.

As duas continuavam de joelhos, enquanto Shinobu encarava o pano levemente umedecido, o suficiente para conseguir recolher o sangue seco e ficou se perguntando se realmente funcionaria.

Shihan, com isso pode ter alguma vantagem!

- Eu também espero, mas confesso que não acredito que tenha sobrado nada de útil aqui.

- Ainda sim! Não custa tentar!

Poderia ser, pensou a moça, já que poderia oferecer esse material a sua futura colega.

- Vamos esperar que sim. Kanao, sei que ficou assustada ao ver… ao ver Douma no meu quarto. Mas eu já havia alertado disso.

Lembrando-se da conversa, os olhos da moça se voltaram para o espelho no cantinho de seu quarto e encarou a figura mutilada refletida, as palavras da menina em sua mente. 

- Como assim, o que esperava que eu fizesse, nada?! Claro que eu não consegui me segurar e ataquei!

- Mesmo assim, você já sabia dele! Já sabia que ele viria a noite, ele sempre vem!

Kanao não acreditava no que estava ouvindo.

- E por isso eu deveria deixar ele abusar de você sem fazer nada?!

- Sim, deveria! Eu proibi você de se intrometer!

- Da forma como fala parece que não queria que eu atrapalhasse a noite de vocês!

Não demorou muito e logo Shinobu deu um tapão no rosto da menina que não estava preparada e quase caiu no chão, mas conseguiu se apoiar nos antebraços antes. Ambas se encararam com um certo olhar rancoroso. Kanao voltou a ficar de joelhos, com a mão sobre o local da ardência. Ninguém falou nada e nem teriam o que falar. A tsuguko se levantou e por poucos segundos, se encaram até que a aprendiz decidiu sair do quarto, deixando Shinobu sem reação. Só quando a porta correu e o baque mais forte foi ouvido que ela percebeu o que aconteceu e o que fez.

De alguma forma, os hematomas e cicatrizes revelam uma submissão anterior ao que o oni fez em suas costas. Olhou para baixo e se deu conta que estava no fundo do poço. Possivelmente terá de encarar o rosto de Kanao e depois da conversa da noite anterior, como poderia fazer? 

- Preciso tentar falar com ela.

Antes ela não acreditava que o sangue do oni poderia conter alguma informação importante mesmo que com pouca possibilidade. Entretanto, agora terá de arriscar de qualquer jeito. Escondeu as marcas com o uniforme e logo se dirigiu para falar com seu pai. Do lado de fora, as borboletas do jardim estavam presentes nas flores desabrochadas e em alguns botões não abertos. Passou pelas meninas que cuidavam dos afazeres domésticos e viu ao fundo sua tsuguko entrando no alojamento usando o caminho dos fundos. Pensou que possivelmente a menina fosse falar com ela em seu quarto, mas agora não tinha tempo. Nem coragem. A Pilar pedirá desculpas para ela depois, pois agora tem outros assuntos para resolver.

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