Sangue e Redenção

Capítulo 46

Não era o melhor momento, pois quando retornaram para seu local, descobriram que Kagaya não passou bem e por isso, tiveram que esperar três dias para informar pessoalmente como foi a missão. Amane deu o resumo da situação ao marido quando este se recuperou. Suficientemente melhor, pediu que chamasse Giyomei. Ao lado da cama, o Pilar da Pedra permaneceu de joelhos dando mais informações sobre o ocorrido.

- Então… apareceram diversos oni, assim como imaginávamos. 

- Sim senhor, e deve também saber da aparição da terceira e da segunda lua superiores, bem como a então mãe de Hashibira Inosuke.

O líder estava com o rosto virado para a direção da voz do Pilar. Sorriu ao lembrar-se desse detalhe.

- É verdade. E ela é realmente a mãe de Hashibira Inosuke?

A pergunta ecoou fraca no ar. Na ausência dos demais, o líder enfraqueceu e mesmo com todos os cuidados ainda estava de cama. 

- Sim, ela está sendo cuidada por Kochou-san. Seu nome é Ureeko e foi criada pela segunda lua, Douma.

- Ureeko. Eu gostaria de conhecê-la, se não for atrapalhar Shinobu.

- Não há problema, eu a avisarei sobre o pedido. A mulher ainda está recuperando parte de sua memória.

- Entendo. Isso aconteceu com Tamayo também. Deve ser sofrido.

O Pilar concordou com um aceno.

- Obrigado meu filho, quem sabe a noite eu a conhecerei. Inosuke deve estar feliz e reforço que cuidem bem de Ureeko-san.

- Sim senhor.

Com mais um aceno, a conversa se encerra.

Do lado de fora, Giyomei sente o calor dos raios solares em seu rosto. Um dia pacífico mesmo depois do que aconteceu e sua arma ainda não estava restaurada. O lado bom é que os outros Hashira chegariam cedo ou tarde, o reforço estava para chegar diante da falta dos que tiveram suas nichirin danificadas. Mais tarde procuraria saber como estavam. 

Em um armazém iluminado, Shinobu tratava de Ureeko. Não de ferimentos, pois estes já estavam recuperados. Os cuidados de quê a mulher oni precisava, dizia mais sobre sua psiquê do que seu corpo.

- Sei que não é o meu lugar para você - começou a Pilar ao entregar uma bandeja com sua refeição - mas aqui é o melhor lugar para estar longe do sol.

- Obrigada - começou ela com um aceno pegando com ambas as mãos a bandeja - apenas não quero causar problemas.

A menina pegou uma almofada e sentou-se quando esta colocou a refeição sobre a mesa. 

- Bem, vamos continuar de onde paramos, sim? - Shinobu terminou de se ajeitar, arrumando seu caderno de notas - Você tinha contado que lembrava de sua juventude. Era casada com um homem cuja mãe era dona de uma hospedaria. Casou-se cedo e logo este homem, assim como sua sogra começaram a maltratá-la, correto?

Ureeko comia sua refeição com poucas mordidas escutando o próprio relato. Imediatamente, o sabor da carne marmorizada já não estava mais tão saboroso.

- …Sim senhora.

- E ficou grávida após uns dois anos de casada, eu entendi bem?

A mulher parou de comer e concordou com a cabeça. Era exatamente isso, apenas não queria relembrar.

- Ótimo, então vamos prosseguir. O que aconteceu após esse tempo, como foi que conheceu Douma, como o encontrou?

A pergunta a fez despertar lembranças confusas, conflitantes sobre seus sentimentos.