Capítulo 3 (português)

3 0 0
                                    

Como eu posso viver com alguém tão insensível? Eu abri o meu coração pela primeira vez em muito tempo a respeito de algo que tá me matando e ele não se importa nem um pouco. Não se importa com o que eu estou sentindo ou como as merdas que ele fala ou faz interferem nos meus sentimentos, em como elas atingem toda maldita parde de mim que está quebrada. Como as ações e palavras dele me deixaram quebrada. Na verdade, eu acho que ninguém realmente se importa. Foi a coisa mais difícil que eu tive que fazer em anos, me abrir da maneira que me abri, deixar tudo exposto, todas as rachaduras do meu ser expostas e ninguém fez nada a respeito, somente recebi mais promessas vazias. Toda essa dor, todo esse vazio que eu queria que acabasse mas não posso lidar com isso sozinha. Eu não tenho forças pra voltar no assunto, em gritar que eu preciso de ajuda embora eu saiba que eu preciso. A vontade de abandonar tudo ressurge, de novo, de novo e de novo. Ela não vai em bora e eu não tenho forças para expulsá-la. É impossível fazer isso quando eu estou tão danificada, tão quebrada, tão inútil. Então eu preciso de alguém que venha me resgatar dessa escuridão que está me matando. Estou me afogando nela e não consigo sair sozinha. Mais uma vez, meus livros são meu refúgio, minha escrita é minha amiga; as únicas duas coisas impedindo que eu me perca completamente nesse vasto reino de desespero.

A cada momento, perco mais um pedaço daquela menina alegre que já não exite, a cada momento que passa, essa vontade de gritar aumenta. Gritar que estou mentalmente acabada, gritar que preciso de ajuda, ou simplesmente gritar. Cheguei a um ponto, que nem mesmo forças para chorar eu tenho. Então venho por meio de textos, desabafar. Textos esses que são minha maneira de gritar, gritar sem ser ouvida, que tenho medo: medo de desistir; medo de deixar de existir; medo de magoar as pessoas por não conseguir, não conseguir mais aguentar todo esse tormento, toda essa dor. Essa vontade de ser ouvida, de ser notada, não vêm sozinha, ela vêm acompanhada, acompanhada do medo. Medo de ser ouvida por muita gente, mas ninguém se importar. Medo das pessoas acharem que é frescura, ou que eu só quero atenção. Medo das pessoas sentirem falta da pessoa que eu era, tanto quanto eu sinto. A pessoa que eu era, era feliz, radiante, animada, leve e livre. A pessoa que eu sou, finge ser feliz, finge ser animada, finge ser livre, finge ser forte. Mas essa pessoa, apesar de fingir todas essas coisas, é frágil, deprimida, ansiosa, estressada, e se sente em uma prisão. Eu sei que não há maneira de voltar ao que eu era antes. Mas pelo menos eu poderia ser feliz. Se eu tentasse. Se eu tivesse forças para tentar. Minha mãe continua a me dizer que eu deveria falar com ela sobre essas coisas. Mas ela não me vê. Ela não vê, que não sou uma pessoa vocal. Ela não vê que eu trabalho minhas emoções e sentimentos de maneira diferente dela. Ela fala, eu escrevo; ela dorme, eu leio; ela chora, eu me fecho. Ela não vê que apesar de termos muitas coisas em comum, e apesar de eu ser filha dela, nós somos muito diferentes. Se ao menos eu tivesse coragem, coragem de mostrar a ela os textos que escrevo, talvez ela entenderia, ou pelo menos começaria a entender. Começaria a me ver.

Vamos Chamar Isso De Terapia Onde histórias criam vida. Descubra agora