All Alone

I Almost Do

Já era passado das dez da noite quando Verônica entrou em nosso dormitório, colocando sua bolsa em nossa mesinha de centro e se afundando em meu lado no sofá onde eu comia um balde de pipoca e assistia a uma comédia romântica besta na televisão.

- Não vou dizer que concordo com o modo em que você fugiu hoje, mas entendo, Andrews não tinha direito nenhum de falar essas coisas pra você.

- Na verdade, acho que em partes tem, ele nunca ouviu a minha versão da história, nem ele nem... você sabe quem, só acreditaram incredulamente em um bilhete deixado embaixo de uma porta.

- Mas mesmo assim, Be... eles nunca te deram a chance de se explicar. - Ronnie falou enquanto passava a mão pelos meus longos fios loiros - Já decidiu o que quer fazer?

- Fazer? - respondi em dúvida - Ah o bebê. Não sei Ronnie, não quero falar com Jughead agora que ele se foi de vez, e também não quero tirar.. sabe? Minha família é religiosa e sei que minha mãe se estivesse aqui não iria aceitar e diria que é um presente divino, mas nós duas sabemos que não tenho condição de criar uma criança.

- Considerou ter o bebê e chamar um assistente social para levar na hora certa? Já ouvi falar de algumas famílias que fizeram isso, eles encontraram uns pais bem legais pra criança.

- É, Ronnie, acho que é a melhor opção.

E realmente, era a única que eu tinha, poderia terminar o período da faculdade sem que a barriga começasse a aparentar, depois disso daria um jeito de sumir do campus por uns 6 meses, isso atrasaria um pouco a graduação, mas nada impossível de recuperar. Sim, eu teria que sumir do campus, não queria ninguém mais além de Archie e Verônica sabendo da gravidez, uma vez que não tinha controle sobre quem conhecia e tinha contato com o Jughead, e ele saber disso e abandonar sua carreira estava fora de cogitação.

Eu e Jug nos conhecemos há um ano e meio atrás, na primeira semana de aula da faculdade, fora a melhor semana da minha vida, a primeira vez que avistei aquele sorriso encantador e os olhos verde esmeralda que brilhavam toda vez que se apresentava aos calouros e comentava sobre o curso e os motivos que o levaram a se dedicar à escrita. Jughead era verão, sempre com abraços e beijos calorosos, declarações de amor sob o luar e atos românticos incorrigíveis, todas as garotas se derretiam atrás dele, mas foi amor à primeira vista, tanto para mim, quanto para ele, passamos aquele final de verão e início de primavera caindo um pelo outro, e começamos a namorar naquela mesma primavera, tudo andava de forma perfeita, se beijando na chuva em estacionamentos vazios e em quase todos os dias do outono me esgueirando para passar as noites frias em seu dormitório. E então, o inverno veio. Jughead estava há um ano e meio de se formar e recebeu a oportunidade de um intercâmbio na Europa para trabalhar com os maiores escritores de literatura já conhecidos, era uma oferta completamente irrecusável e ele insistia em permanecer com a dúvida de ir ou não por minha presença em sua vida, depois de muitos dias de sórdida tristeza eu havia encontrado o caminho para conseguirmos continuar mesmo a um oceano de distância, e enquanto andava em direção ao seu dormitório para contar a notícia, um Jughead furioso que eu nunca havia visto vinha em minha direção segurando um envelope que fora jogado em meus pés enquanto vociferava contra mim.

"Obrigado Elizabeth, você acabou de deixar minha decisão mais fácil, vou embora em duas semanas, muito obrigado mais uma vez em mostrar o quanto eu desperdiçaria minha vida ficando aqui com você!"

Peguei o envelope do chão naquela tarde, com o coração batendo na garganta enquanto via meu amor escapar pela palma da minha mão, abri o pequeno amontoado de papel creme e retirei uma carta onde lia-se em letras garrafais.

"Querido Jughead,

Achei que deveria saber disso, na primeira semana de aula apostamos quem seria a primeira a conseguir fisgar o monitor gato de Literatura, e obviamente Elizabeth Cooper conseguiu, mas ela te mantém somente como um troféu, você pode realmente encontrar o namorado dela em Angelina Street, 188 - Illinóis, o nome dele é Reggie Mantle.

Com atenção,

Inez"

Foi nesse dia que meu mundo iniciou-se a desmoronar, ninguém conhecia meu passado, nem as coisas que deixei para trás, Reggie com certeza, como o desgraçado filha da mãe que sempre foi, confirmou toda a história de Inez, e acabou com a minha felicidade em troco de me vez miserável mais uma vez. O resto, descobri que estava grávida, e de uma vez por todas Jughead Jones foi embora, sem saber da verdade, mas de certa forma, fora melhor assim, do jeito que ele era, ao descobrir tudo sobre meu passado, e sobre nosso filho, teria desperdiçado a chance da sua vida, com alguém medíocre como eu.