starry eyes

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A garrafa descansava vazia em cima da mesa, o álcool dançava nas suas veias e eles, de dedos entrelaçados, rodopiavam pelo quarto como se não houvesse amanhã — e quem sabe não houvesse mesmo. Taeyong era o homem mais bonito que os seus olhos já haviam visto, e ela sabia que não era o efeito do vinho. Ela dançava assim, debaixo dos seus olhos brilhantes como dois candeeiros de salão de dança que a olhavam com todo o amor do mundo. A mão de Taeyong repousava na sua cintura como se ela fosse o seu maior tesouro; e era mesmo. O inverno escondia-se com a presença de Taeyong, que aquecia o quarto com o seu sorriso mais radiante que o sol, mas ainda assim ela colava os seus corpos numa fome insaciável pelo seu calor. Tinham a cabeça à roda, assim como os corações que saltitavam a cada centímetro a menos entre eles. Queriam-se tanto, amavam-se tanto. Sentiam que aquela noite era o início das suas vidas.

Taeyong segurava-a no fundo das costas ao empurrá-la gentilmente até ao colchão macio, onde caíram atrapalhadamente. Com o corpo encaixado no dela e uma mão de cada lado do seu rosto, Taeyong apoiava-se com a pouca força que lhe restava. Os braços tremiam de frio, bebedeira e timidez. Quando se olharam nos olhos quiseram rir, rir tão alto que acordariam toda a família que, às 3 da manhã, dormia. Não parecia má ideia nas cabeças bêbadas, todos entrarem naquele quarto e verem finalmente que eles eram um do outro.

Um do outro. Era o que queriam ser. Sabiam-no no fundo dos corações fervorosos. Taeyong voltou a olhá-la nos olhos, como quem olha para uma obra de arte. Ambos tinham pequenos sorrisos nos lábios. Ela queria que ele nunca mais se apaixonasse por ninguém, e ele almejava o mesmo. Eles sabiam, viam no olhar um do outro. Amavam-se.

Ela fechou os olhos e Taeyong desfez o sorriso, trazendo com isso uma brisa fria que os abraçou. Conteu também o riso, enrolando-se em si mesma para se aquecer. Taeyong segurou a mão dela no cimo da sua cabeça e entrelaçou os seus dedos, deixando o corpo cair. Com as respirações mescladas e narizes que se tocavam voltaram a rir, agora baixinho, num momento só deles. Juntaram os lábios em sintonia, delicados, molhados. Ela sentia que beijava a primavera, quente, florida. Taeyong era dias no parque, gelados ao sol e ramos de flores. Noites quentes, gargalhadas noturnas e abraços quentinhos. Os braços de Taeyong aqueciam-na em torno do seu corpo, afundando o rosto no seu pescoço.

Os lençóis tinham o seu cheiro entranhado, o seu cabelo cor de nuvem fazia-lhe cócegas enquanto ele lhe beijava a pele do pescoço. Os corpos mexiam-se por vontade própria, desejavam-se mais do que tudo. Como se estivessem no céu, sentiam que tinham coragem para fazer tudo o que sempre quiseram. Ela riu ao seu ouvido, e ele olhou-a nos olhos.

— O que sou para ti?

A voz de Taeyong soou rouca pela garganta arranhada do álcool. Ela sorriu. Podia escrever uma música de amor sobre ele e ainda assim não seria o suficiente para lhe responder. Taeyong era o som tranquilo do mar, um picnic ao pôr do sol, o som de um ukelele, bolhas de sabão no céu azul.

Segurou o seu rosto entre os dedos com amor, e olhou-o nos olhos brilhantes.

— Tudo.

olhos de estrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora