Os Lobos Do Milênio - Livro I - Supercorp

27: A mulher misteriosa

P.O.V KARA ZOR-EL

Eu estava na sala dos fundos, uma à qual apenas eu - ou quem eu convidasse - poderia ter acesso. Era uma mistura de biblioteca com camarim onde podia me arrumar ou ter um momento a sós para escapar dos eventos movimentados do salão de baile.

Estive no salão por pouco tempo, mas o Baile de Inverno estava apenas começando. Já tinha organizado diversos Bailes de Inverno, mas hoje tudo seria diferente.

Hoje, o Alfa do Milênio apareceria por alguma razão que nenhum de nós sabia.

Por isso que tentei me dedicar ainda mais à organização, estava trabalhando dobrado e me sentindo mais estressado do que nunca. Não fazia sentido ele decidir aparecer sem motivo.

Claro, era um prazer recebê-lo. Ele era o Alfa do Milênio. Eu me enchi de orgulho pelo fato de ele querer ir até ao meu baile.

Mas, ainda assim, as peças não se encaixavam.

Ouvi uma batida na porta, então fui até ela para abri-la. Quando vi que era James, deixei que ele entrasse.

"Cara, por que ainda está aqui?"

"Ele já chegou?"

"Ainda não, mas vamos. As pessoas estão esperando." Reparei que James estava com dois copos na mão, ambos com uísque. Caubói. Ele me entregou um dos copos. É para isso que os Betas existem, pensei.

"Para o Baile de Inverno", eu disse.

"Para o Baile."

Tomamos a dose e James se virou para voltar ao salão, mas eu segurei seu ombro. "James", comecei, mostrando meu nervosismo para o Beta pela primeira vez. "Por que ele vem? Por que agora?"

Por um segundo, vi algo brilhar em seus olhos, como se ele soubesse de algo e eu não. Mas então ele piscou e me olhou com a mesma cara de sempre. "Kara, relaxa. Até mesmo o Alfa do Milênio curte um bom open bar."

Ele me deu um tapinha no ombro e saiu pela porta, parando alguns passos adiante para esperar por mim. "Você vem ou não?"

Talvez ele estivesse certo. Talvez eu estivesse me preocupando demais.

Coloquei o copo vazio na mesa, fechei a porta da sala e entrei no salão de baile ao lado do meu Beta.

***

P.O.V LENA LUTHOR

Ela ainda estava segurando meu queixo. Senti que se passaram horas, talvez ela estivesse ali a minha vida toda. Havia algo no toque dela, na forma como atravessava minha pele, meu corpo, minha mente.

"Fique calma, não se preocupe."

"Não estou preocupada", eu disse, tentando manter a voz firme. "Mas como você me conhece?"

"Nós não nos conhecemos", disse ela, seus olhos me percorreram de cima a baixo, o que me deixou insegura por motivos que não sei explicar. "Mas vim alertá-la. Uma ameaça se aproxima rapidamente."

"Uma ameaça? Do que você está falando?"

"Cuidado. Ele não vai descansar até que você seja dele."

"Quem?", sussurrei, repentinamente tomada pela inquietação. Senti o nervosismo aumentar enquanto buscava respostas em seus olhos, sem sucesso. Seus olhos eram tão roxos, tão infinitos, que para decifrá-los seria necessário algo que eu não possuía.

"Você já deve saber que tem poderes. Poderes que a maioria de vocês não tem."

"Por que... Por que está aqui?"