9: A curandeira

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                       P.O.V LENA LUTHOR

Quando cheguei em casa, minha mãe estava radiante. "O Lex contou que você fez uma visitinha à Casa da Matilha para ver alguém especial."

É, ela com certeza era especial. Especialmente repulsivo. Se ela soubesse o quanto Kara era uma babaca arrogante...

"Não devia acreditar em tudo que Lex diz", respondi. Segui em direção ao quarto, mas não fui rápida o suficiente.

"O que é isso em seu pescoço?", minha mãe perguntou.

Merda, tinha me esquecido completamente de cobrir o pescoço antes de entrar em casa. "Eu... Ah..."

"Ah, qual é, querida? Sou sua mãe. Sei de tudo", disse ela rindo.

"A Sam deu com a língua nos dentes, não foi?" pirei.

"Não culpe a Michelle. Preferia ter sabido pela minha filha, mas alguém anda muito cheia de segredinhos ultimamente", repreendeu ela. "Tem alguma coisa que gostaria de me contar?"

Olhei para minha mãe e senti uma certa raiva de mim mesma.

Ela só queria que eu fosse mais próxima, queria saber o que acontecia em meu mundo. Ela era naturalmente aberta sobre tudo. Lex tinha puxado essa característica, cem por cento.

Mas eu? Como era adotada, sentia que alguns dos meus traços de personalidade eram únicos e diferentes.

Isso incluía meu cabelos negros, a mania de guardar segredos e, é claro, minha capacidade não tão sutil de dominar as pessoas.

Quando pensava nessas pequenas diferenças entre mim e minha mãe, sentia uma dor no peito.

Quem tinha me feito assim? Meus pais misteriosos estavam em algum lugar.

Ficava me perguntando se eles também guardavam segredos. Mas, mais importante, se também tinha um poder único como o meu.

"Não tenho nada para contar", menti, deixando todos esses pensamentos de lado.

Não estava disposta a contar que eu era o "desafio" de Kara nesta Temporada.

Além disso, muitas pessoas tinham me visto invadir a Casa da Matilha semitransformada, então ela podia ter uma boa ideia do que havia acontecido.

"Por que está tão mal-humorada? Deveria estar radiante. Ser marcada pela Alfa é uma sorte que poucas têm, ainda mais tendo a chance de, bom, você sabe", disse ela com uma piscadinha.

"Eca, que nojo", falei.

"Lena, eu não entendo. Ela é inacreditavelmente linda. Qual é o problema?"

"Então por que você não transa com ela?", respondi, passando por ela e batendo a porta da entrada ao sair.

Precisava me afastar de todo mundo antes que explodisse. Todos só conheciam a loira das fantasias, a que viam à distância.

Ninguém a conhecia como eu. A Alfa egoísta que marcava garotas só por diversão.

Isso sem mencionar a droga da Bruma que me fazia derreter toda vez que ela se aproximava.

Queria voltar no tempo e não ir àquela porcaria de jantar. Minha vida estaria muito mais fácil, meu segredo muito mais bem guardado.

Em momentos como este, eu costumava ir até o rio para desanuviar a mente, mas esse era mais um lugar que Kara havia destruído para mim.

Só havia um refúgio possível: a pequena galeria de arte que eu tinha descoberto com Andrea durante uma de nossas caminhadas.

Na fachada se via apenas uma velha porta de metal azul cuja tinta descascava. Qualquer um passaria reto se não soubesse que se tratava de uma galeria.

Os Lobos Do Milênio - Livro I - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora