Capítulo 2

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As aulas do dia estavam praticamente no fim e naquele momento Denki encontrava-se sentado no colo de Hanta Sero, seu atual namorado. Suas mãos passavam através dos fios negros, como uma gentil carícia, era impossível negar as perversões que passavam na mente loira, enquanto, um sorriso danado surgia em sua orla labial.

— Você ainda vai me mandar pra cadeia, encantado... — Hanta mencionou com suas mãos pousadas no quadril do rapaz, que fez-se sobre seu colo durante o acarinhar de seus dedinhos nos cabelos do latino. — Não deveria me seguir, deveria estar na sua classe.

— Acha que ficaria bem de uniforme laranja? — A voz de Sero se fez presente mais uma vez, uma pergunta retórica.

O loiro acabou por rir, seus braços não tardaram em passar ao redor do pescoço do namorado ao ouvir a pequena piada. Adorava esses momentos que passava sozinho com o jovem Sero. Ele o fazia sentir-se cheio e completo, de uma maneira que nunca sentiu com as outras pessoas que um dia já teve algum envolvimento sexual.

— O que acha de ver meu uniforme novo?

A voz de Denki era carregada de segundas intenções e, sem nem esconder, evitava as frases de aconselhamento que o outro teria proferido além de, é claro, ter mudado de assunto de forma nítida.

— Tenho que encontrar mama para cozinhar, cariño... não posso ir à tua casa por hoje... Sinto muito. — Ouvir o moreno falar em sua língua materna, além do leve sotaque quando ocorria, era perfeito para os ouvidos do jovem Kaminari. — Mas falando em uniforme.. há boatos que há uma nova integrante nas líderes de torcida... Estou ansioso. Você não está? — ele perguntou, tocando-lhe o rosto às madeixas.

Kaminari, aparentando estar aéreo acabou por comentar o quanto gostava da comida de sua sogra. Hanta riu levemente, dizendo que precisava estar presente por ser ele a cozinhar desta vez.

Porém, em meio a risadas e selares nenhum pouco castos Denki Kaminari recordou-se de algo em específico.

— E se eu te dissesse que o novo uniforme está lá no vestiário?

Sero lhe fitou, como se demorasse alguns poucos segundos para digerir a informação e não tardou em exibir um largo sorriso enquanto abraçava-o com força e carinho. E para o mais novo, sentir aquele abraço tão aconchegante, deixava-o imensamente feliz.

Não estava tão acostumado com aquele tipo de contato quando estava com Hanta, já que, geralmente ambos pareciam emanar uma energia um tanto erótica.

— É você? Por Deus, Denki! — Os dois trocaram um ósculo rápido, como comemoração àquela notícia. — Fico feliz por você e... claro que quero ver! Será um enorme prazer.

— Venha, vamos até o vestiário — falou, bastante alegre em como tudo estava indo perfeitamente bem para si. Sua destra tomou uma das mãos de Hanta enquanto erguiam-se do chão para irem de maneira imediata até o local citado.

— Não faça barulho, mocinho, minha vida está em jogo. Acho que os rapazes ainda estão treinando...

No instante em que chegaram ao vestiário, deitou a destra em suas costas, lhe cedendo a dianteira; observando-o dissipar entre os armários escurecidos, contornou o olhar por todo cômodo enquanto o aguardava escorado na parede metálica.

— Me surpreenda. Estou à sua espera aqui na frente.

O loiro não tardou em chegar até seu próprio armário e abri-lo, enquanto pedia para o outro entrar de vez no vestiário e cantarolava que não iria demorar. As mãos deste pareciam catar algo ali dentro e assim que as duas peças de roupa estavam em seus palmos, não conseguiu deixar de sorrir.

Paralelo a tal situação, Hitoshi Shinsou, um calouro dentre os corredores imponentes e arrebitados de East High; era rotineiro e esperado pelo de cabelos roxos que acabasse tratando da limpeza de seu clube por ser um de seus pupilos. Impacientemente buscava uma bola após a outra, debulhado em ira quando as bolas caíam de debaixo dos braços ou encontrava alguma a esconder-se de sua faxina.

Próximo do fim, tudo que almejava era uma pitada de água gelada no rosto e madeixas e, a trilha de água a cair o convocava para as profundezas do banheiro masculino com um semblante soturno. Temia como seus pés estalavam contra as pequenas poças d'água, avançando em direção aos chuveiros.

Sem nem imaginar o encontro que aconteceria muito em breve, Denki não demorou mais que alguns minutos para sua destra puxar Hanta Sero para um pouco mais perto. Um sorriso repleto de malícia e ousadia surgiu em sua orla labial enquanto se amostrava com o uniforme de torcida feminino em seu corpo.

— O que achou do meu uniforme novo, Hanta? — O nome do rapaz saiu pausadamente por sua boca, quase como se o provocasse, em certo deboche.

Escorados na parede, a respiração do latino o traía condizente à agitação do beijo. A penugem das costas de Hanta se habituava à hostilidade do metal gélido de maneira progressiva e de suas bocas transbordava fôlego tênue. Simultâneo às línguas em intenso deleite, seus pés apoquentados circulavam devassos pela textura escorregadia do ladrilho; e o loiro por sua vez, era cativado pelos braços vigorosos de seu rapaz, circundado por suas curvas.

— Faça bem baixinho, ¿si?

Do amolado maxilar do moreno, escorreu-lhe um indiscreto sorriso de escárnio, seguinte da abertura da água logo acima de suas cabeças. Inusitadamente, seu semblante espoleto atingiu a silhueta sóbria e modesta de cabelos arroxeados por detrás das costas de Kaminari, que por ali cumpria seus afazeres.

A água caía suavemente em seus corpos, deixando as vestes coladas e a camisa de Hanta, que anteriormente era branca, possuindo um leve teor de transparência.

O brilho nos olhos de Denki era repleto de luxúria além do sorriso constante nos lábios do rapaz. Os palmos do loiro, anteriormente posicionados no ombro do namorado agora percorriam seu corpo, principalmente a região do peitoral.

— Você é tão gostoso, amor — praticamente sussurrou, trocando olhares com o tal. — Precisamos vir aqui mais vezes, só eu e você.

Hanta Sero tocava-lhe da nuca aos cabelos, soberbo de desdém e do semblante sátiro, ditava o decorrer do ósculo entrelaçado a vossas louras madeixas. Amaciava suas curvas com meticulosidade, tateava impetuoso seu rapaz, profundamente embargado da adrenalina do tempo a passar e de sua mais nova companhia, o tal moço de cabelos arroxeados.

Descendo por suas torneadas costas, deferiu sem prenúncio um obsceno arrastar das unhas pelo interior das coxas, levantando a saia do maldito uniforme aos olhos do mais novo — Hitoshi — por detrás das costas de Kaminari.

— Saia de uma vez, ou pode se aproximar e terá do que assiste com tanta atenção.

Encarar aquela cena, da díade imersa em sua própria perversão e luxúria, poucos momentos em que adentrou no vestiário apenas a procura de mais bolas de basquete (como as que segurava em seus braços) lhe deixava, de certa forma, desnorteado.

O casal era quente e ouvir aquela pergunta tão ousada do moreno lhe deixou ainda mais constrangido no instante que notou que estaria atrapalhando um momento daqueles dois.

Sentindo suas bochechas queimarem de tamanha vergonha, o jovem Shinsou girou no lugar e começou a andar até a saída do local, contudo, aquela tentativa de fuga acabou indo por terra quando o rapaz escorregou — de maneira ridícula, por sinal — em uma das diversas poças d'água que jaziam por ali.

Para Hitoshi, o pior não foi o estado em que parte de suas vestes ficaram após aquele escorregão e sim a forma como as bolas que, anteriormente, estariam em suas mãos simplesmente escaparam e começaram a se espalhar mais uma vez.

Ah, droga, ele pensou, desgostoso.

Não era um bom dia para ser um calouro em East High.

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