No dia seguinte, tudo o que Katsuki queria era poder ficar em casa e não sair nunca mais dali. Sua cabeça doía e quando o maldito despertador tocou, o lançou longe com uma pequena explosão, se dando conta de que precisaria sair para comprar outro novo tardiamente. Poderia usar o alarme do celular, mas aí corria o risco de o aparelho ter o mesmo fim do despertador espatifado no canto do quarto. Se levantou apenas para pegar algumas garrafas de água para se manter hidratado e passou o dia ignorando as mensagens e ligações de Kayoko e Kirishima.Já era quase noite quando o interfone do apartamento tocou. Na primeira vez, fingiu não ter ouvido, certo de que quem quer que fosse iria embora. Porém não demorou muito para que o som — que se repetiu algumas vezes — começasse a irritar. Em um ímpeto furioso, se levantou e puxou o interfone do gancho com alguma violência.
— O que foi? — resmungou, de mau humor.
— Katsuki — o nome dele saiu em um suspiro cansado. A voz feminina e familiar não estava raivosa, como esperava, mas parecia um pouco pesarosa — trouxe comida.
Kayoko não falou, mas havia outras sentenças subentendidas naquela: "vamos conversar" e "estou preocupada com você". Ela não era o tipo de pessoa que iria crucificá-lo sem ouví-lo antes e, de acordo com sua filosofia, boa comida tornava qualquer situação de merda menos pior. Depois de alguns segundos de hesitação, pressionou o botão que abria a porta do condomínio. Não demorou para que ela batesse à sua porta.
— Oi, Katsuki — ela não sorriu, mas seu tom era gentil. Bakugou chegou para o lado em silêncio e pegou os pacotes de papel que ela lhe alcançou para que Kayoko pudesse tirar os sapatos antes de entrar.
O apartamento não tinha mesa de jantar, então ele largou os dois pacotes sobre a bancada que separava a cozinha da sala, que era rodeada por quatro banquetas altas, duas de cada lado. Enquanto ela abria os sacos e espalhava as caixinhas de papelão em cima da bancada, ele foi até a geladeira e pegou uma caixa de suco de cereja e dois copos.
Kayoko sempre escolhia muito bem quando se tratava de comida: havia trazido gyoza grelhado (com carne para ele e vegetariano para ela) e sunomono, com huramaki doce de sobremesa. Era um jantar bem melhor do que ele havia planejado; se ela não tivesse aparecido, o herói provavelmente iria comer apenas um sanduíche.
Não falaram de imediato, apenas comeram em silêncio, encarando a pequena cozinha organizada milimetricamente. Ele era uma pessoa disciplinada e gostava de estar no controle das coisas, por isso a casa era sempre bem arrumada e limpa. Fazia parte de sua personalidade manter a ordem nas coisas cotidianas para suprir o fato de que não podia controlar tudo.
— As coisas estão muito feias? — murmurou ele, finalmente se rendendo à curiosidade. Não havia entrado nas redes sociais, mas desde a noite anterior já podia imaginar toda a sorte de manchetes.
— Bem... — Kayoko ponderou, dando um longo gole no suco — Ojiro Mirai exigiu a sua demissão por, de acordo com ele, você ter sido um brutamontes, a filha dele está te difamando no Twitter e as impressões que as pessoas têm de você não estão ajudando nenhum pouco a te defender.
— Em resumo, tá tudo uma bosta — o suspiro de Katsuki quase ecoou no apartamento de tão alto que foi e tamanho foi o silêncio que se seguiu — Você vai me colocar na rua, né?
— Katsuki... — ela hesitou.
— Diga logo! — o herói levantou a voz, meio desesperado — Se tenho que ouvir que a minha carreira vai acabar, não quero enrolação!
— Você não usou a internet hoje? — ela perguntou, um pouco incrédula e ele fez que não. Kayoko balançou a cabeça e pegou o celular, abrindo instagram e pesquisando uma conta específica — Uravity saiu em sua defesa. Fez um monte de storys te defendendo e praticamente anunciou a parceria de vocês.
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I Feel You
FanfictionAnos após a U.A, Bakugou enfrenta problemas com sua personalidade e acaba por obrigar-se a assinar um contrato de vinculação de imagem para salvar seu emprego. Ele só não imaginava que seria com a sua antiga colega de escola. - Uraraka?! - exclamou...