Capítulo 2 - Vergonhoso

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Bakugou e Uraraka acabaram indo almoçar em um restaurante bem próximo dali, que ao menos servia comida de verdade e não o famoso fast-food importado; precisavam se alimentar bem, já que a tarde não seria nem de longe de folga. Ochaco também queria encontrar um lugar mais barato, mas não disse em voz alta.

O tempo que ficou em casa acabou dando um belo desfalque em suas economias e isso a deixou muito preocupada, pois havia três meses que não pudera ajudar em nada a empresa de seus pais, pelo contrário, precisara pedir ajuda a eles.

E isso estava acabando com ela. Não havia nada mais humilhante para a garota do quê precisar pedir dinheiro emprestado para alguém. Na verdade, esse foi um dos motivos que a obrigara a voltar antes do previsto para o trabalho: Kayoko havia lhe conseguido seis meses de afastamento, recebendo o seu salário normal, sem os adicionais por missão, mas depois do término de seu namoro, acabou tendo de arcar com as despesas do apartamento sozinha e isso a quebrou, ainda mais somado às contas de compras dele feitas em seus cartões de crédito.

Estava no vermelho e não queria dar o braço a torcer para o ex, que havia jogado em sua cara que ela não conseguiria manter o padrão de vida que ele lhe ensinou a gostar sozinha, além de que gostava de seu apartamento e que teria de vender boa parte dos móveis para poder se mudar para um lugar menor. Ela era apegada às suas coisas e não queria se livrar delas.

No fim, todos aqueles restaurantes caros, festas e eventos acabaram custando a tão sonhada estabilidade financeira da heroína, conquistada com muito suor e trabalho.

Talvez isso doesse mais do que todo o resto: a ideia de que ela havia sacrificado muita coisa por ele e ele simplesmente a trocou por uma modelo qualquer assim que ela caiu no ranking de popularidade. Machucou muito perceber que tudo o que havia feito por ele foi descartado e ela transformara o nome do dito cujo em um tabu que nem eu ouso pronunciar, sob penalidade de sair voando até além da atmosfera. A sorte dela é que a bomba sobre o relacionamento deles havia estourado alguns meses atrás, justamente enquanto estava afastada de suas funções, então havia conseguido se manter longe das especulações e entrevistas em que teria que responder o que achava de aquele-que-não-deve-ser-nomeado ter assumido um novo relacionamento com outra garota quatro dias depois de os dois terminarem publicamente.

Agora que voltara, isso era um problema porque significava que ela teria de ir em entrevistas novamente e responder a perguntas desconcertantes e, pior!, na companhia de Bakugou.

Esse foi o verdadeiro motivo para convidar o herói para almoçar; teria de contar para ele pelo menos uma parte da história para que não fosse pego de surpresa quando as perguntas embaraçosas fossem feitas, não apenas a ela, mas a ele também.

O impasse, porém, é que Uraraka não sabia nem como puxar esse tipo de assunto com Katsuki. Haviam chegado ao restaurante, pedido e esperavam há quase quinze minutos e ela ainda não havia falado nada! O silêncio era muito desconfortável para ambos, apesar de que ele estava tentando não se deixar afetar, até que ela respirou fundo, determinada a falar de uma vez, sem enrolação.

— Então... Bakugou — ela começou, chamando sua atenção; no entanto, quando o herói voltou os olhos rubros para ela, a garota perdeu a coragem — érr... o que achou do treino?

Katsuki estranhou a pergunta, já que ela não parecia ser o tipo de pessoa que buscaria a sua aprovação ou algo do tipo, mas lembrou que ela estava tentando criar algum vínculo de amizade com ele e suspirou, controlando-se para não ser grosseiro.

— Foi bom — respondeu simplesmente e percebeu que a resposta foi muito curta e que pareceu que ele desejava encerrar o assunto, então ele revirou o cérebro atrás de algo para falar — Kayoko vai pegar pesado com a gente hoje a tarde.

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