Capítulo 1 - Reencontro

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Quando Bakugou acordou na manhã seguinte, ficou uns bons minutos olhando para o teto ao invés de se levantar. Olhou para o despertador, que marcava 7:30h e suspirou, sabendo que teria de sair de casa dentro de mais ou menos uma hora para poder estar na agência no horário marcado. Estava cogitando dar uma desculpa qualquer e sair com Kirishima para aliviar a mente, mas sabia que, se Kayoko descobrisse, ele estaria encrencado e, provavelmente, depois do ultimato que ela lhe dera no dia anterior, no olho da rua.

Bufou irritado pela perspectiva e se levantou, tomou banho, escovou os dentes e vestiu uma roupa civil, pegando a mochila com o uniforme e duas mudas de roupa limpas; não gostava de sair na rua com o uniforme de herói, chamava a atenção e ele acabaria perdendo o horário.

Parou em uma lanchonete que ficava no caminho para comprar um café e um lanche, já que sabia que treinar com Medusa não era exatamente algo que pudesse fazer de estômago vazio, ainda mais quando ela provavelmente havia reservado toda a manhã para essa atividade. Se levasse em consideração o fato de que ela iria querer encontrar algum ponto de sintonia entre ele e Uraraka, Katsuki chutava que ficariam ali o dia todo, isso se conseguissem tal feito em apenas um treino conjunto, o que o herói, sinceramente, duvidava.

Ele escolheu uma mesa em uma parte mais afastada da lanchonete e aguardou o pedido, que não tardou, felizmente; a garçonete, Sayuri, lhe sorriu brevemente.

— Bom dia, Ground Zero, já faz algum tempo que não aparece por aqui — cumprimentou ela enquanto colocava o pedido dele na mesa.

— Bom dia — resmungou apenas, focado no prato que ela colocou à sua frente.

A garota morde o lábio levemente, o encarando, ao passo que ele fixava o olhar na televisão unindo as sobrancelhas ao ver Lemillion em uma entrevista, uma foto sua aparecendo ao fundo, em um telão. Ela aproveita a distração e anota um número de telefone na comanda.

— Então... Ground Zero... eu pensei que, talvez, nós poderíamos... — ela foi interrompida por um barulho estrondoso quando Bakugou bate na mesa.

— Mas que merda! — ele vira para a garçonete, a assustando, provavelmente por sua carranca enraivecida — troca essa porcaria de canal antes que eu exploda essa droga de TV!

A moça piscou e gaguejou um pedido de desculpas enquanto se afastava, muito encabulada e desconfortável.

Katsuki havia perdido completamente a fome, deixou a comida quase intacta e se dirigiu ao caixa para pagar. Seguiu pisando duro e entrou na copa da empresa batendo portas, preparando um shake proteico na força do ódio; como o idiota do Togata havia sido capaz de provocá-lo daquela forma?! Tudo bem que ele não havia sido a pessoa mais cortês do mundo nas missões que fizeram juntos, mas ele não precisava dizer que a indisciplina de Bakugou havia sido a responsável pela má convivência dos dois e posterior rompimento de contrato.

Subiu até o andar da academia pelas escadas mesmo, queria se aquecer e não estava com paciência para esperar por elevadores. Quando chegou, deparou-se com o local praticamente vazio, exceto por uma mochila rosa e preta, que estava jogada sobre um dos bancos; certamente a dona da mochila deveria estar trocando de roupas, sem se importar em guardar a mochila no armário, uma vez que tudo estava deserto naquele horário; a maioria das pessoas chegava a partir das nove da manhã e agora pouco passava das oito.

Bakugou não se deu ao trabalho de se trocar: apenas tirou o casaco que usava, ficando com uma regata preta e a calça de moletom cinza. Os tênis faziam barulho contra o piso de porcelanato da academia, o que o incomodou o bastante para que pegasse os earpods na mochila e vedasse completamente o som ambiente com a barulheira da música.

Havia uma parte da academia que abrigava especialmente tatames e sacos de pancadas de tamanhos diferentes, além de algumas luvas de boxe e afins. Catando uma luva que não era tão grande, ele enfaixou as mãos e depois colocou-a, tendo alguma dificuldade em prender o fecho de botão. Soltou uma lufada pesada de ar e jogou as luvas para qualquer canto, lembrando-se que deveria trazer as suas na próxima vez, que tinham um elástico nos punhos.

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