Capítulo 4 - O rapaz desconhecido

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Não ouve resposta, só um arrepio na minha nuca.

- Quem está aí? - ousei perguntar novamente - Não estou achando graça.

Ouvi um movimento atrás de mim. Me virei - levei um susto -. Alguém estava bem atrás de mim, tão perto que as minhas roupas roçaram nele quando me vire. A essa distância, eu deveria ter sentido outro ser humano parado ali, sentido o calor do corpo dele ou tê-lo ouvido. Mas evidentemente, não era humano. 

Eu recuei alguns passos, conseguindo ver seu rosto, já que ele estava bem no fecho de luz.

Ele vestia preto. Botas pretas, jeans, suéter e jaqueta de couro, tudo preto. Tinha cabelo escuro, pele clara, uma beleza perturbadora e os olhos eram negros como a meia-noite e o sorriso era cruel.

- Eu não queria que você ficasse com medo - falou o rapaz. Ele riu e o meu coração sofreu um solavanco, dando início a uma série de fortes batidas.

Meu Deus, ele era lindo. Bonito era um adjetivo fraco e pálido demais. Como sempre, o sorriso durou apenas um instante, porém deixou vestígios em seus olhos mesmo quando os lábios voltaram a ficar sombrios.

- Eu não estava com medo, só levei um susto - não queria dar o gostinho para ele de estar certo - Está procurando alguém? - mudei de assunto rápido.

- Sim, na verdade estava. - disse, aparecendo um sorriso cruel nos seus lábios, todavia seus olhos não desgrudavam dos meus - Inclusive, você fica bem de vermelho.

O que? O que ele está falando? Ah, é da minha blusa vermelha. Fiquei encarando aquele rosto, e mas um arrepio percorreu meu corpo. Só  que este, parecia que minha alma estava deixando meu corpo. Como ele chegara até ali, sem eu notar? Mas de uma coisa eu sabia, queria acabar com isso logo.

- OK. Então, como você já está vendo, não há mais ninguém aqui, além de nós dois. Então, a pessoa que você está procurando não está aqui. - disse com um tom de voz um pouco elevado.

Ele ficou parado com a cabeça um pouco inclinada para trás, os olhos cheios de luzes estranhas. Entretanto, quando falou, sua voz era baixa, quase num sussurro e de desdém.

- Quem eu estava procurando, eu já encontrei, América.

Meu coração disparou, minhas pernas começaram a tremer. Como ele sabia meu nome? Como ele sabia que me chamava América? Eu não conhecia ele.

As luzes se acenderam, e para me horror, ele não estava mais ali.

Desapareceu.

O Enigma do Diário de América [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora