Surpreendentemente, foi Simon quem falou primeiro. Wilhelm esperava vê-lo, então ele deveria estar preparado para enfrentá-lo, mas ele estava sem palavras, enraizado em seu lugar, olhando atordoado para o estranho à sua frente.
Ele sabia que era o Simon mas uma parte dele se recusou a acreditar. Era como ver a sombra do menino que ele conhecia tão bem. Seu corpo parecia muito mais forte, com músculos sob a pele bronzeada onde antes havia suavidade que Wilhelm havia traçado com a ponta dos dedos. Seu cabelo estava mais selvagem. Mas mesmo que essas fossem pequenas mudanças, tão fáceis de ver com apenas um olhar rápido, Wilhelm encontrou a maior diferença nos olhos de Simon.
Ele se lembrava daqueles olhos – ele se sentia culpado por admitir que eles ainda o assombravam em sonhos; sonhos que eram doces e sonhos que eram dolorosos. Eles haviam sido uma de suas partes favoritas de Simon, tão calorosos, honestos e acessíveis, um livro aberto onde ele permitia que Wilhelm lesse até as passagens mais íntimas de sua alma.
Agora, eles eram tão monótonos e sem vida; eles poderiam muito bem ter pertencido a qualquer outra pessoa.
“Oh, merda. Eu ainda estou bêbado? Eu devo ficar longe da vodka da próxima vez…”
Essas palavras chocaram Wilhelm. Elas pareciam tão estranhas e incomuns na voz suave de Simon, que sempre foi tão educado e apenas falava isso na escuridão de seus quartos durante momentos de paixão e calor.
“Uhm.” Wilhelm hesitou. “Oi, Simon.”
Wilhelm não conseguia decifrar se ele estava surpreso ou incomodado com essa visita repentina. Simon apenas se manteve parado, olhando fixamente para seu rosto. Foi irritante, mas depois de alguns segundos de um silêncio extremamente desconfortável, uma palavra saiu de seus lábios. “Olá.”
“Eu sei que isso provavelmente é estranho e inesperado mas preciso falar com você.” Disse Wilhelm, tentando soar confiante. Pelo amor de Deus, ele não era mais um adolescente inseguro. Ele tinha quase trinta anos e era muito respeitado. Isso era ridículo.
Simon bocejou, parecendo entediado. Wilhelm se forçou a não olhar para os músculos de sua mandíbula esticados com o movimento. “Tem que ser agora?”
“Sim.” Wilhelm pigarreou e se endireitou. Ele apontou para o apartamento. “Posso entrar? Não quero fazer isso no corredor.”
Simon coçou a barriga (o músculo bem definido) preguiçosamente, mas não se moveu. “Eu não sei… é muito cedo para isso e eu ainda estou com a porra de uma ressaca.”
“Mas… são nove da noite, Simon!” Wilhelm insistiu.
Simon franziu a testa, olhando com certa curiosidade para aquela demonstração de desespero na frente dele “E você acha que isso é hora de visitar alguém, sem avisar?”
Wilhelm não conseguia entender como ele estava sendo tão firme, enquanto ele próprio estava a um passo de desmoronar. “Simon, eu realmente não tenho tempo para isso.”
Simon riu sem humor. “Claro que você não tem tempo. Quando você teve tempo para alguém?” Ele murmurou baixinho. Wilhelm abriu a boca, indignado, pronto para responder a isso mas Simon não lhe deu chance. “Olha… me desculpe, mas seja lá o que você queira, terá que esperar. Eu preciso de mais algumas horas de sono e um pouco de café antes de poder falar com você.”
Wilhelm olhou incrédulo quando Simon começou a fechar a porta, colocando a mão para detê-lo. “Isso é importante, Simon. Eu preciso falar com você.”
“Você acha que eu me importo?” Aquelas palavras saíram frias dos lábios de Simon. Não havia nenhuma expressão em seu rosto, nenhum brilho diferente no olhar. Não havia nada.
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O Despertar
FanfictionWilhelm Foster conseguiu conquistar tudo o que um dia sonhou e agora está prestes a realizar um de seus maiores sonhos. Ele só não esperava que tudo poderia se desfazer rapidamente com um simples nome do passado: Simon Collin.