O Despertar

Capítulo 16

Houve dias bons.

Os dias bons foram preenchidos com risadas de Elize e Annabeth e mensagens de texto fofas de Wilhelm. Durante os dias bons, Simon foi capaz de ver um futuro onde ele poderia esquecer o passado e começar a viver no presente. Ele foi para faculdade e voltou para casa para ajudá-los com o jantar enquanto dançava pela cozinha cantando músicas da Disney para as meninas. Ele não pensava muito em Wilhelm - pelo menos não de uma forma ligada ao que tinha acontecido com eles antes. Ele pensava nele com esperança e amor, mas o pensamento do homem por quem estava apaixonado por tanto tempo não trazia sentimentos sombrios e auto-aversão. Eram dias em que ele se sentia ele mesmo, não os vestígios de outra pessoa, alguém que estava quebrado e morto há muito tempo.

Aqueles eram dias em que ele se olhava no espelho e não sentia vontade de socar seu reflexo. Ele ajustou a gravata borboleta que Wilhelm lhe enviara e sorriu, sentindo-se mais perto do homem que ele realmente queria ser.

Também houve dias ruins.

No início, eles vinham com frequência, algumas vezes por semana. Depois diminuíram, mas não desapareceram. Simon acordava de manhã e não conseguia ver o sol brilhando através das cortinas, apenas se sentia envolto pela escuridão. Naqueles dias, ele se lembrava de tudo o que havia feito - a Wilhelm e a si mesmo - tão vividamente que era como fazer tudo de novo. Ele não suportava ficar perto de suas sobrinhas porque tinha medo de machucá-las, e sentar com Sara e Alexander no café da manhã foi o suficiente para fazê-lo se sentir a maior decepção. Ele estava forçando sua família a tolerá-lo, mas ele deveria estar sozinho, porque era o que ele merecia. Ele nunca seria nada além de um traidor. Ele machucou as pessoas que amava e merecia sofrer por causa disso. Ele olhou no espelho e viu um monstro - alguém que quebrava tudo o que tocava. Ele não conseguia nem ler as mensagens de Wilhelm ou atender suas ligações - e se esse fosse o momento em que Wilhelm percebeu que Simon não valia seu tempo? E se ele decidisse que estava melhor sem ele? E se ele estivesse cansado de esperar Simon se recompor e agir como um homem?

Sim, os dias ruins eram menos agora, mas eles ainda estavam lá, espreitando na esquina, prontos para voltar a Simon quando ele conseguisse se recompor.

Todo dia era uma batalha, e Simon fazia o possível para vencer, mas às vezes as forças contra as quais ele lutava eram muito mais fortes do que ele.

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Para Wilhelm parecia ser o contrário. Os dias eram muito bons no começo, era ótimo saber que uma das pessoas com quem ele mais se importava no mundo estava finalmente se cuidando. Sempre que ele estava passando por algo, o que o confortava era saber que Simon estava bem. Mas isso não estava mais dando tão certo.

A saudade era arrebatadora e ele não suportava o fato de não ter Simon ao seu lado. Não suportava ter que esperar um horário determinado apenas para ver o rosto de uma pessoa que estava do outro lado do país. Alguém que tem lugar reservado ao seu lado.

Além disso, ele andava com a cabeça lotada de coisas do trabalho e, principalmente, preocupações em relação aos sentimentos de Simon: ele ainda o amava? Ele voltaria para ele? Wilhelm era apenas um pedaço de seu passado e nada mais?. Às vezes o cansaço pode corroer nossa mente e criar mentiras que são fáceis de acreditar e era por isso que Wilhelm estava passando. Ou preferia acreditar que o que ele pensava não se passavam de pegadinhas de seu próprio cérebro.

"Wille? Você desligou de novo!" Wilma chamou a atenção de Wilhelm em um ímpeto, cortando o fluxo de seus pensamentos que insistiam em puxa-lo para baixo.

"Desculpa, desculpa." Ele respondeu, se voltando ao prato caro de comida à sua frente. "É só que... minha cabeça anda tão cheia."

Wilma, delicadamente, moveu sua mão até alcançar a de Wilhelm e segura-la carinhosamente. "Olha, algo que pode ajudar a esvaziar a cabeça é justamente colocar as coisas para fora. Você sabe que eu estou aqui com você e sempre vou te escutar. E você sempre falou comigo não é?"