7. vinho branco

16 1 0
                                    

Anneliese

Uns dias passaram, talvez eu possa dizer que eu e Daryl estamos mais próximos, não venho tido os mesmos sonhos, e nem encontramos com nenhuma daquelas pessoas de novo, a vida voltou a ser monótona e talvez eu agradeça por isso, sem aqueles sonhos me perseguindo ou me vigiando fora dos mesmos.

Nós conversamos um pouco mais agora, já compartilhamos o bastante sobre nós dois, mesmo com tamanha ignorância e brutalidade, Daryl é um homem interessante, e eu admito que me sinto atraída por ele. Talvez tenha sido seu físico que me fez começar a vê-lo assim, ou quem sabe seu jeito frio, devo me interessar por caras de personalidade parecida, faz anos que não sei o que é sentir atração ou gostar, não me lembro mais como é sentir aquele fervor por quem se acha interessante, mas talvez começar a olha-lo assim está trazendo aquela adrenalina de volta.

  - Perdi um veado por causa de um zumbi filha da puta - Daryl chegou de uma caça resmungando, jogou a crossbow no chão e abriu a mochila pegando uma garrafa de vinho branco.

  - Não conseguiu mais nada além disso? - falei me referindo a bebida, ele negou e abriu dando um gole na mesma - então a janta hoje é enlatado - peguei as coisas pra ascender uma fogueira.

  - Abre a minha bolsa, te trouxe um negócio.

Franzi o cenho e olhei para o homem jogado na minha frente, em seguida desviei o olhar para sua bolsa e depois o olhei de novo. Daryl me trouxe "um negócio"? De fato as coisas estavam ficando estranhas, isso sim era estranho.

  - Alguém lembrou de mim nas caças? O mundo realmente está estranho hein - falei rindo até sua bolsa, quando de lá tirei um livro.

Frankstein. Um romance de terror, a primeira obra de ficção científica criada, um livro bom, nunca o li, mas sabia que valeria a pena. 

Sorri ao ver o caderno empoeirado dentro de sua bolsa, tirei e sorri para Daryl que se embebedava com aquela garrafa de vinho.

  - Por onde esteve até encontrar isto? - perguntei, me sentando apoiada na parede da pequena casa em frente ao rio.

  - Parecia um escritório, tinham muitos outros - inclinou o rosto se referindo ao livro - mas nem tantas garrafas de álcool - deu outro gole.

  - Engraçado... Hoje vivemos num mundo lotado de "Franksteins" - falei olhando para a capa do livro - várias aberrações espalhadas pelo mundo... Seres que voltaram a vida. Não acha isso irônico? - questionei á ele, que riu e negou com a cabeça, olhando para o céu que estava prestes a anoitecer.

Ficamos algumas horas conversando, assuntos tanto quanto bobos, Daryl estava embebedado com vinho branco, falando nada com nada. O cachorro como sempre estava no meio das nossas pernas, a noite dessa vez estava fria porém silenciosa, não escutávamos nada além das folhas ventando.

  - É - concordou de qualquer forma com o quê eu falava - Anne? - me apelidou de repente, dei um sorriso mínimo gostando daquele Daryl e olhei para o mesmo - vou vomitar... - ele disse após longas doses de álcool, se virou de bruços, colocando a cabeça para fora da varanda daquela cabana e vomitou. Ri vendo seu estado catatônico e engatinhei até o mesmo, passei a mão nas suas costas e puxei seus cabelos para trás. Quando ele terminou, deitou a cabeça sob o chão de olhos fechados e resmungou.

  - Acho que deu de bebida por hoje, homem - falei num tom divertido, ele cuspiu para o rio e se deitou de peitos para cima, abrindo um pouco os olhos e olhando para mim.

  - É... acho que deu - falou baixo e resmungou mais uma vez.

Me levantei e adentrei na cabana, pegando uma garrafa de água e um pano seco, voltei até ele e joguei a mesma no seu rosto, passando a mão em seguida e lhe entregando o pano.

  - Vá deitar, Dixon... Amanhã é um longo dia - segurei na sua mão e com força o levantei, o guiando até seu colchão.

  - Boa noite Anne - disse com a voz grossa e embargada.

  - Boa noite... - olhei para ele por alguns segundos e beijei sua testa.

[...]

O dia estava amanhecendo, acordei com a luz do nascer do sol em meu rosto, notando que havia dormido no lado de fora da cabana, por pouco nada havia acontecido. Me levantei, coloquei um pouco de água para o cachorro e escutei os roncos altos de Daryl vindo do seu colchão, sua respiração estava pesada, ele não iria acordar tão cedo, fiz minhas higienes e troquei a roupa que usava por uma limpa, peguei o arco e desci até a pequena escada saindo da cabana e indo até o lago, vi um morto-vivo se aproximar e atirei uma flecha na sua cabeça, fui até o mesmo a pegando de volta e procurando outro por perto.

  - Não tem mortos nessa região - escutei a voz de Daryl, olhando para trás e vendo o mesmo apenas de calças na varanda da cabana, sorri gentil e o mesmo assobiou para o cachorro, brincando com o mesmo no instante.

  - Bom dia, Dixon - falei voltando para lá - sente o vinho branco no seu cérebro?

  - Fiz algo que não deveria? - Daryl questionou sem olhar para mim, concentrado no animal  em seus pés.

  - Sim... - ri - você disse que minhas pernas são bonitas - ele arregalou seus olhos e me olhou assustado, ao mesmo tempo nervoso - tô brincando... Foi um ótimo bêbado. 

  - Idiota - falou no seu tom sério de costume e se levantou, espreguiçando. 

  - Achei que acordaria mais tarde - me sentei calçando minha bota, enquanto o mesmo preparava uma bolsa maior - onde vamos?

  - Não - ele disse simples e seco - eu vou a Hilltop, você vai ficar - franzi o cenho.

  - E por que eu não posso ir? - ele se virou mordendo uma maçã.

  - Porquê não - vestiu uma camisa e o colete, em seguida pegou o capuz que lhe cobre por inteiro - Carol está precisando de mim, mas não vou demorar. - Daryl pegou a crossbow e saiu dali sem mais nem menos, nem muita explicação.

Odeio quando ele faz isso, tudo bem que não sou sua esposa ou sua mãe para lhe pedir satisfação, mas vivo com ele, creio que mereço saber do que ele faz, se caso algo acontecer enquanto ele estiver fora, eu nem sequer saberia onde encontra-lo ou o que lhe aconteceu. Agora fico apenas eu, respirei fundo e peguei uma arma, saindo dali e indo ao caminho contrário de Daryl.

Dangerous | Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora