XXIX. You sunshine, you temptress

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Oxfordshire, junho de 1963

Se Saoirse pudesse definir uma cor para esse espaço de tempo após sua partida de Seaford seria dourado, exatamente como eram os verões na Irlanda.

As cenas que mais lhe marcaram na partida foram as paradas que fizeram durante o caminho como uma forma de prolongar a folga da rotina em Oxfordshire sem necessariamente explanar isso, e ninguém se opôs. Saoirse ainda lembrava de ver Rupert e Celia dando suas mãos discretamente enquanto caminhavam à frente do grupo em uma ruazinha movimentada e como ela e Daniel se encararam com a mesma compreensão expressas nos seus rostos.

Bem, Celia com certeza não contava com o olhar atento de Daniel Radcliffe na descoberta de seu relacionamento ainda crescente com Rupert, o que fazia Saoirse se surpreender com o fato dele não ter notado algo a mais em sua proximidade com Emma.

E a inglesa também morava dentro da lembranças da viagem com seus comentários certeiros e a forma como sempre arrumava uma maneira de se aproximar de Saoirse, sendo mais discreta com um simples toque ou ousada com beijos rápidos.

Quando pararam nas proximidades de Oxford, ainda sem atingir a área rural, todos concordaram em se hospedar em um hotel local apenas pela noite para terem energia o suficiente e assim concluir a viagem de uma vez só. E nisso, Saoirse arrumou uma desculpa esfarrapada indo parar no quarto de Emma, envolta em seus braços e toques doces banhando sua pele em um calor agradável complementado por seus beijos.

E tudo ainda parecia dourado para Saoirse, até mesmo a forma como a luz do quarto iluminava a pele de Emma, com leves gotículas de suor assim como a da irlandesa, de uma maneira tão bela que se tornava obscena aos olhos.

E agora esse mesmo dourado estava presente na sala naquele momento e parecia ser tragado lentamente pela presença de Emma, com um pé sob um banco e o rosto voltado para a janela sem focar num ponto específico deixando que a luz solar se espalhasse por toda a extensão de seu corpo que não estivesse coberta pela larga camisa branca (tomada emprestada de Saoirse) e uma calça escura que descia até seus pés descalços, sendo esse o máximo de casualidade que Watson conseguia atingir com toda a sua aura nobre e clássica.

Saoirse entrou em silêncio na sala vazia, com seus passos ecoando na madeira lustrada e ao se aproximar de Emma, ficando por trás da castanha e sua altura mediana, tocou seus lábios pairando seu dedo em uma linha, devolvendo de sua própria forma os afetos transmitidos pela inglesa, e instantaneamente eles se abriram em um sorriso, seguido pela voz distante de Emma:

"Estive pensando em como você falou sobre imaginação naquele dia... E conclui como é fascinante pensar na capacidade de nossa mente quando entorpecida em um sentimento. E eu gosto disso", a britânica segurou com delicadeza os dedos de Saoirse e os levou até seus lábios beijando seus nós antes de soltá-los, com a mão da irlandesa entre elas.

"Nossa, alguém anda bem reflexiva esses dias...", comentou Saoirse envolvendo a castanha com seus dois braços e deixando que ela encostasse sua cabeça próxima a sua.

"Talvez seja por causa de uma certa irlandesa de olhos azuis ou é apenas impressão minha...", Saoirse beijou levemente seus lábios em resposta permitindo uma demora no ato, e quando se separaram, ela manteve o abraço firme em torno da inglesa. "Alguma atualização sobre seu amigo Timotheé?"

"Por enquanto, não", respondeu Saoirse um tanto fascinada pela forma como Watson se interessou por sua vida pregressa na Irlanda sem exigir detalhes mais sombrios, apenas mantendo seu foco nas amizades que a loirs deixou para trás no país.

O abraço das duas foi interrompido por uma batida distante e Saoirse se voltou na direção da porta agora distinguindo passos após o baque e que aparentemente se aproximavam do cômodo onde estavam.

Everything I Need || Watsonan ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora