Cap. V | Cont. I

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Durante os dois meses que se passaram, o escândalo de Jennifer no baile correu pelos corredores do colégio como um redemoinho, fazendo-a ficar constrangida todas as vezes que ouvia seu nome sair da boca das pessocas. Os comentários, em sua maioria, eram maldosos e pouco sutis, por isso, Jennifer passou a andar sozinha por que ninguém mais queria ficar ao seu lado.

Algumas coisas pareciam ter mudado drasticamente. Um popular que não era mais popular,  um boato e uma pessoa que parecia ter surgido das cinzas pelas bocas dos estudantes: Rosie.

Vanessa e Julius tentavam ficar alheios a isso, mas aos poucos Vanessa percebeu que Julius se tornava uma pessoa um pouco distante, principalmente no colégio. Muitas vezes, no refeitório, quando Vanessa queria conversar com ele, Julius não a olhava nos olhos ou respondia apenas com monossílabas e, quando ela perguntava se ele estava bem, ele respondia afirmativamente e sorria. Até mesmo Cherry havia percebido esse comportamento, mas quando Vanessa procurava por uma resposta nos olhos dela, Cherry apenas dava de ombros e comprimia a boca.

Nos momentos em que estavam sozinhos, Julius agia normalmente e chegava a ser tão romântico, atencioso e boa companhia, que Vanessa esquecia a maneira que ele agia no colégio, mas quando voltava a pensar nisso, tinha medo de achar a reposta certa.

Ao voltar para casa depois de receber a aliança de compromisso aquela noite que já parecia tão longe, a primeira ação de tia Monique ao vê-la foi levar a mão a boca e exclamar “Aí meu Deus!”, o que fez Vanessa cair no riso. Tio Steeven fez uma careta e foi para a cozinha. Esse era um “momento mulherzinha”, como ele dizia.

No colégio, junto com os amigos, não foi diferente, e Vanessa chegou a corar com os comentários maliciosos de Nick e o olhar perspicaz de Cherry que ria baixo. Samantha, emocionada, quase chorou e Julius riu, abraçando-a pelos ombros e balançando a cabeça afirmativamente.

- Foi romântico – ele disse dramático e depois riu. Vanessa o observou naquele instante e pôde jurar que aquela era a primeira vez que ele ria de verdade em dois meses.

Enquanto o tempo passava e cada um vivia sua vida, na casa dos tios havia um clima de expectativa. Monique e Steeven corriam atrás dos papéis de adoção quase todos os dias e Vanessa ficava encarregada de cuidar da livra e manter tudo em ordem. Eles estavam se esforçando. Vanessa podia perceber que seus tios estavam se esforçando para que tudo desse certo. Não apenas para eles, mas para ela também.

 Em um domingo, quando foi visitar Jean após o almoço, o garoto estava tão empolgado e contente, que fazia planos para o futuro a todo o momento: “Podemos catar conchinhas mais vezes”, “Vou poder te ver todos os dias e nós poderemos brincar nos finais de semana...”, “Ah! Sua tia me disse que eu vou ter um quarto só para mim! Isso é legal, não é?!”, “Vanessa... eu estou muito feliz, vamos ser como irmãos...”. A cabeça da criança parecia estar a mil a todo tempo e isso fazia Vanessa suspirar e conceber a ideia de que estava feliz assim, como aquela criança. Com a mesma ingenuidade e intensidade.

O único momento em que conseguiu ficar menos ansiosa com relação à adoção de Jean, foi quando saiu com Dennis para ver uma exposição de fotógrafos amadores no Palace Musium. Como sempre, Dennis lhe deixava a vontade em sua companhia e Vanessa gostava de estar ao seu lado, apesar de ele estar sempre hesitante e cheio de tato.

A exposição foi magnífica e algumas fotos eram bem marcantes. Além da exposição, também acontecia o leilão de algumas fotos que, apesar de serem amadoras, valiam um absurdo.

- Imagine suas fotos chegarem a valer R$10.000 um dia? – comentou Dennis em seu ouvido, ouvindo os lances que aumentavam cada vez mais.

Vanessa apenas balançou a cabeça e sorriu. Gostava do espírito otimista de Dennis.

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