Vanessa olhou para cima e observou o céu por alguns instantes. Estava escuro, o tempo fechado, uma brisa soprava anunciando chuva. Ela sorriu, gostava de chuva, das gotas batendo e escorrendo nas janelas, molhando o asfalto, as pessoas... Suspirou e voltou para dentro do apartamento.
- Pai, eu tenho mesmo que ir para o colégio hoje?
- Claro que sim, Vanessa. – Ele deixou o jornal que lia em cima do sofá e sorriu para a filha. – Vamos, pegue sua mochila. Eu irei te levar hoje, Philip parece não estar muito bem.
Phililp era o motorista.
Com uma careta engraçada, Vanessa atravessou a sala decorada com elegância e sofisticação, e foi para seu quarto. Sentou-se na cama de casal e respirou fundo. Nada lhe agradava naquele apartamento e, era visível que a seu pai também não. Tudo era sóbrio demais, sofisticado demais, sem muito sentimento e frio. O único cômodo na casa que menos se adaptava ao resto do apartamento era seu quarto.
As paredes eram estampadas com fotos em diferentes tamanhos. Tirar fotos era seu hobby para Vanessa desde quando era pequena e não tinha muitas restrições ao tirá-las. Apreciava as fotos naturais e espontâneas, fotos que não permitiam poses ou que nem sabiam que eram tiradas. As fotos em suas paredes era assim. Havia jovens rindo, cantando, se divertindo, crianças chorando, brincando, algumas fazendo caretas engraçadas. Adultos e namorados... Um olhar, um beijo, uma distancia. Vanessa sorriu para suas fotos. Amava fotografia.
- Vanessa... – Chamou seu pai da sala.
Com pressa, pegou sua câmera fotográfica, sua mochila e voltou para a sala, onde seu pai a esperava com a porta do apartamento aberta.
- Pronta? – ele perguntou sorrindo.
Os dois desceram de elevador conversando animadamente. Seu pai era a melhor pessoa do mundo. Era com ele que conversava sobre qualquer assunto ou problema, era ele quem tirava todas suas duvidas e curiosidades, era com ele que ria sem parar, mesmo que por motivo nenhum. Sempre foi um pai presente para compensar a perda da mãe, que morreu durante o parto. Vanessa nunca sentiu muita falta de uma figura materna, pois seu pai preenchia todas as lacunas, mas se perguntava se ele se sentia sozinho...
- Então, como estão suas notas esse bimestre? – perguntou seu pai enquanto abria a porta do carro para ela entrar.
- Estão boas – ela respondeu vagamente, sorrindo – pelos menos em artes eu estou indo bem...
- Sim, claro! Não sei se ainda continua assim, mas quando eu estudava, artes era a matéria mais fácil da grade...
- Pode apostar que continua a mesma coisa – respondeu Vanessa rindo.
- Bom saber! –ele comentou com sarcasmo bagunçando o cabelo da filha. Os dois riram.
- Bom dia Sr. Ivan – Cumprimentou o segurança que tomava conta da garagem.
-Olá Tonny, tenha um ótimo dia.
- Obrigado, senhor.
Vanessa já havia fotografado Tonny. Ele era um homem bastante distraído e estranho, o que dava as fotos um tom cômico.
- Vai chover – comentou Ivan saindo com o carro da garagem.
- Eu gosto da chuva – Vanessa murmurou – ela nunca fica muito tempo, mas sempre aparece, e quando vai embora, é como se eu a tivesse esperado por muito tempo.
Nenhum comentário. Vanessa olhou para seu pai que parecia pensativo. Seu cenho estava franzido, a boca estava comprimida. Era assim que ele ficava quando estava pesando em sua mãe.