Capítulo 1 (Minha Classificação)

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Sinto algo pingando no meu rosto, um vento gelado soprando contra meu cobertor velho, abro meus olhos e vejo que choveu durante a noite, a pequena goteira no meu abrigo feito a mão estava caindo aos pedaços, "mas hoje é a ultimo dia em que vou usa-lo já que estou indo para Point Center, finalmente completei 18 anos e estou pronta para minha classificação" pensei, me levanto calmamente para não cair no chão já que está húmido, vou andando até a rua saindo do beco molhado, ainda era cedo então não tinha ninguém na rua "assim é bem melhor" pensei, continuo a andar pela rua indo em direção a CP(Point Center), olhando para as lojas fechadas me deparo com uma loja de roupas, sua vitrine em exposição, um vestido rosa bebê com muitos babados em exposição, fico encarando ele por alguns minutos sem perceber o tempo passar "é tão fofo" pensei, olho para o vidro que está me refletindo, olho para minhas roupas, uma calça jeans velha totalmente rasgada, uma blusa fina que antes branca agora tinha uma cor escura e suja com rasgos e remendos, meu corpo tremendo por causa do frio e da fome, por um breve momento a vontade de chorar era tão grande que foi quase insuportável "eu não posso chorar" pensei, seguro o choro com toda força e volto a andar, alguns passos a frente uma porta do meu lado se abre e um vulto enorme me empurra, caio no chão sentindo uma forte dor na perna, olho para cima e vejo um homem enorme, sinto os olhares afiados dele me encarando friamente.

Homem: Você está bem garota?

A voz rouca e grossa faz meu corpo estremecer, fico tremendo sem parar, não consigo evitar, a vontade de chorar que estava segurando se rompe, lagrimas começam a escorrer pelo meu rosto.

Anissa: Me..me desculpa.

Tento me levantar mas caio no chão de novo, a dor no meu tornozelo é insuportável, tento andar de quatro, mas sinto algo puxar minha blusa me impedindo de andar.

Homem: Por que está chorando? não vou brigar com você, queria saber se não te machuquei quando bati em você, abri a porta e nem mesmo vi você.

Fico parada e não olho para ele.

Anissa: Nã.. não machucou, po.. por favor me deixe ir.

Um silêncio agoniante se forma, escuto apenas a respiração dele, em seguida um suspiro alto.

Homem: Olha você torceu seu tornozelo e pelo que vejo você estava indo para a classificação estou certo?

Fico paralisada por um momento "como ele sabe disso?" pensei.

Homem: Você não é a primeira que tromba comigo, quem pega essa rota só está indo para dois lugares, a estação ou a CP, e duvido muito que você esteja indo para Estação, vou te dar uma carona até a CP é o mínimo que posso fazer depois de te machucar.

Sem meu consentimento ele me pega no colo e me leva até o carro, ele me coloca no banco traseiro e entra na frente, ele olha para trás.

Homem: Olha criança, peço que não mexa em nada, apenas fique parada até chegarmos.

Ele liga o carro e começa a dirigir, fico paralisada de medo.

30 minutos depois.

Ele para o carro em frente a um grande prédio com a frente toda feita de vidro.

Homem: Pode descer.

Abro a porta e saio do carro, quando fecho ele arranco sem deixar rastros, encaro o enorme prédio, ando até a porta, entrando na CP vejo que não tem ninguém aqui, a não ser as duas secretárias que estão na recepção, me aproximo lentamente arrastando meu tornozelo inchado, a dor latejante é insuportável, chegando no balcão uma delas solta um suspiro de enjoado.

Secretária: O que você quer? não temos esmola aqui então pode sair.

Meu corpo treme por estar nervosa demais.

Anissa: E.. eu vim para.. classificação.

A secretária arregala os olhos.

Secretária: O entendo, me desculpa pelo julgamento rápido, apenas preencha aqui e aqui, depois disso passe na aporta a esquerda então entre na primeira porta a direita e espere o médico.

Me entregando duas folhas eu assino elas, então vou pelo caminho que ela mandou, entrando na porta a direita me deparo com uma sala branca mas muito limpa e futurista "Igual ao filme que assisti pela vitrine da loja" pensei, me sento uma uma cadeira que ficava de frente para uma mesa digital, olho ao redor, sem nada para fazer apenas espero.

5 minutos depois.

Onde era apenas uma parede lisa agora uma porta se forma abrindo espaço e uma médica passa por ela segurando um dispositivo (parecido com um tablete), ela se senta na minha frente e fica me encarando, em seguida encaixa o dispositivo na mesa fazendo a grande tela ascender.

Médica: Vamos começar, você já deve saber, mesmo assim vou repassar, aqui é onde todos os seus pontos serão contados e sua classificação é definida pela quantidade que possui, quanto mais pontos você tiver melhor e quanto menos pior.

Ela começa a ler algo na mesa.

Médica: Nome Anissa, Idade 18, Altura.., peso..., gênero feminino... está tudo certo?

Concordo balançando a cabeça.

Médica: Perfeito, então vou começar, por favor coloque suas mãos aqui dentro e em seguida fique parada e faça apenas o que eu mandar.

Dois compartimente abrem na frente da mesa, enfio minhas mãos até o fim, o dispositivo tranca minhas mãos, em seguida meus pés são puxados para cadeira e ficam presos também, gemo de dor por causa do tornozelo, a médica aperta um botão e minhas mãos são pressionadas por algo macio, em seguida uma forte onda de choque passa pelas minhas mãos se espalhado por todo meu corpo, sinto minhas feridas e machucados irem embora, a dor insuportável do meu tornozelo se foi também, meu corpo estava perfeitamente bem.

Médica: Suas feridas e todo resto foi curado, agora vamos ver seus pontos.....

Quando ela olha para meus pontos apenas um silêncio paira no ar, sinto o clima ficar pesado por algum motivo.

Médica: Para ser sincera seu caso é bem raro, sua classificação é realmente surpreendente, seus pontos estão todos nos negativos, nunca vi algo assim... vamos apenas continuar, para ser sincera sua classificação caiu em Regressão extrema, para falar a verdade é muito complicado explicar isso, mas vou dar o meu melhor para ajuda-la a entender.

A médica suspira, isso deve realmente ser ruim...

Médica: Vamos lá, para começar sua classificação não é algo normal, primeiro de tudo é que você perdeu o direito como adulta regredindo até a idade zero, então a partir de hoje você é um bebê..

Interrompo ela.

Anissa: Co.. como assim bebê?

Médica: Simples, sem nenhum ponto você seria apenas classificada como criança, mas no seu caso é diferente, você tem pontos negativos, o que te torna incapaz de viver sozinha, você será levada para a central e posta para adoção, não se preocupe cuidaremos muito bem de você.

Antes mesmo deu conseguir falar com ela a porta de trás de mim se abre e dois seguranças entram me arrastando para fora, a médica nos segue, chegando em uma porta de vidro sinto algo espetar no meu pescoço, começo a ficar tonta, a médica se agacha na minha frente dando um sorriso acolhedor.

Médica: Não precisa se preocupar bebezinha, a titia aqui vai cuidar muito bem de você.

Minha visão fica turva e uma nevoa se forma na minha mente.... perco a consciência.


Escritora(o): Esse foi o primeiro capítulo, sei que foi curto mas é o que consegui escrever por enquanto, pretendo fazer maiores, espero que tenha agradado vocês, estou meio nervosa(o) com isso.

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